terça-feira, 20 de abril de 2010

:: Movimento "Sanguenozóio" de politicagem bloguística maternal


Já viram o post politiquento daquela moça dos zóio verde, a Roberta? Ele explica um pouco sobre o projeto de lei Ficha Limpa, uma iniciativa popular que está pra ser votada em breve no congresso. 

Acontece que a Roberta é daquelas mães leoas de primeira categoria (lembram da carta ao prefeito?), e cada vez mais eu - que me considero no máximo uma mãe marmota - me animo pra enleoar também. Roberta me cutucou com vara curta, o que é ótimo. 

Tô vislumbrando uma revolução, minha gente! Acho que essa rede enorme de mães que está se formando na blogosfera pode servir pra muito mais do que a gente imagina. Não sei vocês, mas desde que virei mãe eu me tornei muito mais preocupada com o país que nossos filhos vão herdar. E acho que dá pra ter uma atuação legal, efetiva e sem perder a ternura. Pra marcar uma posição, sabe? Pra mostrar que a gente tá de olho e não vê a menor graça nas palhaçadas que doutorzinho apronta enquanto deveria nos representar. De repente uma mobilização de mães blogueiras malucas com os peitchones pra fora ganha alguma mídia, não? (Inclusive eu e a Rô já discutimos exaustivamente a questão dos peitos de fora e concluímos que é ba-ta-ta! Rá!)

Enfim enfim, passem lá no Piscar de olhos, vejam o que ela tem pra dizer e pensem com carinho nessa questão da gente endoidar coletivamente em nome de um mundo melhor. Finalizo esse post da maneira mais anticlímax e pequeno-burguesa possível, dizendo que se a fumaça preta daquele vulcão de nome impronunciável permitir amanhã embarco pra Berlim e devo ficar umas 2 semanas meio desconectada curtindo férias com a família. Mas, pausa burguesa à parte, a sementinha tá plantada. Quem se animar pode tentar amadurecer essa idéia junto com a gente, e logo logo sairemos apavorando por aí. 

Alguém ainda duvida que mães - unidas! - podem TUDO nessa vida?

:: Selinho


Selinho que ganhei da , mãe da dupla dinâmica Andre e Tomas. Muito obrigada, gata!

O selo pede pra se recomendar 10 blogs. Espia esse tanto de links que eu tenho aqui do lado e me diz se dá pra recomendar só 10? Difícil, né? Fora que já vi o selinho rolando blogosfera afora, não sei quem já recebeu. Então vou dar a minha picareteada de sempre: selem-se à vontade, chuchus! Quem quiser pode pegar e repassar!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

:: O embutido tem companhia.


E não é um irmão gêmeo, nem um alien, nem uma lombriga desalojada.

Fui fazer uma USG pra checar as medidas do meninão e saí com as medidas do meu mais novo inquilino, um mioma no útero. 

Quando ouvi a palavra "mioma", olhei de cara pra minha mãe, que estava comigo no exame e é a criatura mais ansiosa e preocupada com questões de saúde que eu conheço. Eu esperava dela olhos arregalados, queda de pressão ou lágrimas, mas ela apenas deu de ombros e disse, é bem filha da sua mãe mesmo, sou a rainha dos miomas.

Ok, essa reação foi um tanto inesperada. Mas se A MINHA MÃE, justo ela, fez pouco caso, é porque eu realmente não preciso ganhar meia ruga por causa disso. Então ela continuou neutra, o médico não demonstrou a menor preocupação e eu fiquei lá deitadona na mesa de exame, toda blasé: já vi o mioma, que gracinha, agora me mostra os pezinhos?

(E a propósito, os pezinhos são respeitáveis, de modo que temos um machinho com um mioma-bolinha ao alcance de seus pés. Alguém aí pensou em embaixadinhas? Pois é...)

Na consulta com o obstetra, falamos mais sobre o mioma e suas implicações. Ele é pequeno e está localizado na parte de cima do útero, então não tem o perigo de atrapalhar o parto. O que ele pode causar, por ser tecido muscular, são contrações antes da hora. Nada que um relaxante muscular não resolva - devo ter um sempre à mão para o caso de começar a ter contrações mais fortes. Os exames não preocupam: estou com o colo bem grosso e fechado, sem nenhum sinal de que eu possa estar me encaminhando pra um parto prematuro. Mas é preciso acompanhar com frequência, ainda estou com 24 semanas e a tendência é o mioma crescer junto com o útero, amplificando seus possíveis efeitos.

Bom, então por hora tá tudo bem, realmente não estou muito preocupada com essa questão. O chato é que, por causa disso, eu estou especialmente consciente das contrações que ando tendo. Que são as boas e velhas Braxton-Hicks, mas sentidas bem antes - lembro delas a partir de uns 7 meses, e não desde os 4. Meu médico disse que é normal, na segunda gestação a gente tende a sentir antes mesmo. Minha maior preocupação é não saber diferenciá-las de contrações "de verdade", não saber até que ponto a coisa segue normal ou quando é hora de tomar o remédio.

Ele me orientou, claro, mas não resisto e jogo pra vocês: e aí, barrigudas de segunda viagem? Vocês já estão sentindo as Braxton-Hicks? O útero endurece e vira uma bolota saliente pra vocês também? Desde quando, e com que frequência? 

E alguém tem/teve mioma durante a gravidez? Como foi? 

Momento "fala que eu te escuto!", valendo, já!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Denúncia! Escândalo! Procon djá!


(Serei sensacionalista e fugirei do tema do blog, posso?)


Aí eu resolvo que é hora de enfrentar o frizz. Basta! A nuvem de elétrons que paira sobre a minha cabeça pre-ci-sa ir embora!

Fui na farmácia e gastei uns 10 contos num anti frizz da Seda. Um certo "Serum para pentear", da caixinha azul, que me vendeu a promessa de look natural, controle de frizz e brilho instantâneo, e ainda disse que "poucas gotas fazem muita diferença". Uau!

De posse da caixinha, fui toda contentona testar o bichinho. Tirei o frasquinho e fui ler as letras miúdas - porque eu sou caxias e sigo direitinho o modo de usar, faço questão.

Algo me chamou a atenção de cara: havia um asterisco junto ao termo "anti frizz". Oh-oh, alerta vermelho! Um asterisco nunca carrega boas notícias, especialmente se você precisa procurar muito a ressalva que ele traz.

Lá nos fundilhos do frasquinho, ei-lo:


*reduz o frizz do cabelo se comparado com shampoo sem agente condicionante


Ah tá, deixa ver se eu entendi: se eu lavar o cabelo com, sei lá, sabão de coco, e depois usar o serum, meu cabelo vai ter menos frizz do que se eu apenas lavar com sabão de coco? É isso, Seda?

COMO ASSIM, CARALHO???

Qual é a chance de alguém que vai na farmácia para comprar frescurites capilares usar sabão de coco ou coisa que o valha na cabeça, me diz? E fora isso - porque no fundo eu nem sei direito o que é o tal agente condicionante e espero sinceramente que tenha entendido mal a parada toda -, fora isso o mais grave é: por que diabos essa informação não estava DO LADO DE FORA, na caixinha, pro consumidor poder ler sobre as limitações ANTES de comprar a porra do produto? 

Hein, seus espertalhões? 

Mas não, só lê quem abre a caixa - e só abre a caixa quem compra, certo? Então só posso concluir que a Seda é sacana pra cacete e está cagando quilos pro consumidor.

Ai como eu fico puta com essas coisas. 

EU FICO PUTA! 

(Dá nem vontade de contar que o cheiro é uma delícia e que meu cabelo - uso de agentes condicionantes à parte - ficou divino.)


Pronto, só queria dividir com vocês minha raiva por ser feita de palhaça. 

Pelo ombro amigo, obrigada.

terça-feira, 13 de abril de 2010

:: O nome do filho


Ok, o papo tá bom mas vocês querem é notícias do menino, certo? Ele tá ótimo, se mexendo horrores. Alice beija o emãozinho o dia inteiro, enquanto ele está aqui dentro ela o ama loucamente. Estamos com 23 semanas, a barriga tá bonitinha e os peitões estão divinos (os meus, não os dele. E "peitão" é modo de dizer, of course.)

Mas o embutido, coitado, ainda não tem nome. Coisa difícil que é escolher nome de homem, gente! Eu podia ter 15 filhas que teria nomes deslumbrantes pras 15, mas um único nome de menino virou uma novela aqui em casa.

Eu sou partidária de nomes diferentinhos, o que me limita muito. Gosto da idéia de um nome que seja único, de modo que meu filho não vá ter 6 xarás na turma da escola, como aconteceu comigo. Lembro que eram tantas Marianas na minha série que nenhuma era Mariana, no fim das contas. Todas eram chamadas por apelidos ou sobrenome. Sou BZ desde os 8 anos de idade, e BZ virou Béza, Zezé, Zé. Então de que adianta você escolher o nome com carinho e chamar a sua princesinha de Mariana se ela vai terminar a vida escolar sendo chamada de , me explica?

Carlos, por outro lado, gosta dos clássicos. Diz que nome de homem é outra coisa e é melhor evitar grandes invencionices. Meninos são piadistas e tosquinhos (com todo respeito), e um menino ter um nome alternativo é bem diferente de uma menina ter um nome alternativo. Menina pode, ele diz, mas menino não perdoa, você não imagina como é ser menino, ter 10 anos e um nome que permite chacotas. Então não pode ter rima, não pode ter mais de um significado, não pode fazer cacofonia, não pode, não pode, não pode.

Agora vejam a minha lista e me digam se vai prestar...

Meus 3 favoritos são variações do mesmo tema.

Eu adoro BEN. Acho bonito, simples, do bem (haha!) e me lembra o Jorge Ben, o que é válido.
Mas Ben é apelido! Ben não é um nome brasileiro! Vão dizer que o nome é BEM estranho, etc.

Ok, então malandramente sugiro BENTO ou BENJAMIN.

Bento é esse papa horroroso, não dá, ele queimou o nome! E o primo vai ser Chico, imagina que ridículo, Chico e Bento?

Benjamin? Benjamin é aquilo que vai na tomada! Gisele Bündchen acabou de bombar o nome Benjamin pelos próximos 5 anos, se você quer ser original esquece (oh god! eu tinha falado em Benjamin uma semana antes dela anunciar o nome, fiquei péssima! Haha)

Tá, esqueçamos Ben e cia.

Gosto também de MARTIN, MATIAS, THALES, THEO. O Carlos gosta dos dois últimos, gregos (ah, esse povo do teatro, não pode com um grego...). Mas Theo também anda meio comum e será o nome de futuros bebês bem próximos, então até segunda ordem deixamos pra lá. Thales divide opiniões na família, e tem um problema: como se pronuncia em outras línguas? Porque a gente queria um nome mais ou menos universal, pro nosso filho ser um "cidadão do mundo" sem passar constrangimentos. Não é o critério mais importante, mas a gente pensa um pouco nisso - porque afinal de contas, pra que facilitar a vida se a gente pode complicar, não é mesmo? (E, só pra dar um exemplo rápido: muitas vezes o Carlos me chamava de "Bezê" em Paris e o povo olhava com cara de susto. Depois descobrimos que "baiser", com a mesmíssima pronúncia, pode ser o "fuck" dos franceses. Era como se o Carlos olhasse pra mim e dissesse "trepar!" ali, em pleno Champs-Elysées. Sacaram de onde vem a preocupação?)

Ok, então vamos partir pra algo mais clássico e universal.

LUCAS. Desde sempre digo que meu filho vai ser Lucas. Amo. Mas o nome anda meio batido, o que me incomoda um pouco. Eu fico de olho na escola da Alice e vejo que tem um bocado de Lucas por lá. Hum. Sei não.

DANIEL. É o favorito do Carlos. Na verdade não é só o favorito, é o ÚNICO que ele sugeriu até hoje, o que acho uma grande sacanagem, tô me desdobrando em sugestões aqui, pô! Eu gosto muito, mas Daniel na minha época era quase que nem Mariana, tinha um em cada esquina. Acho que hoje em dia nem é tão comum, mas sei lá, essa impressão em mim ainda é forte.

Por fim, temos vários nomes legais que a família já usou e não dá pra repetir. Temos um monte de primos e sobrinhos com nomes lindos que eu adoraria roubar, mas não rola.

Sinuca, viu?

Olha, se eu não tivesse comido a bola com o visitante 200.000 que apareceu ontem (alô, Line!), tinha lançado uma promoção, "seja o 200.000 e escolha o nome do nenê embutido!". Hã, hã? Se a gente chegar até os 250.000 antes de agosto e ainda sem nome, de repente rola. Vão pensando aí!


(Ah, e 200 mil, hein? Tá certo que umas 100 mil visitas foram minhas mesmo, mas pô, fiquei felizona! Muitíssimo obrigada a todos que frequentam o pequenoguia!)

(Hoje é aniversário da minha querida Gugui, que por alguma razão desconhecida sempre aparece como "romer" quando comentar por aqui, mistérios da tecnologia. Guguita, parabéns públicos pra você, minha flor! E pra Rossana, a voz mais sexy do Brasil, que fez aniversário domingo e tem um embutido na barriga também! Fim do momento "declarações pras minhas amigas de infância", pela atenção obrigada.)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

:: Partos e gripes


Fiquei muito feliz com a repercussão do post sobre parto. Principalmente por ver que a imensa maioria das pessoas sabe se como se colocar numa conversa. A gente vê tanto bate boca por aí quando o assunto é parto que eu estava esperando uma discussão mais sangrenta, mas o que aconteceu no geral foi uma conversa ótima, cheia de pontos de vista. E dá pra discordar com elegância, viram? Adorei! Escrever o post e ler as opiniões todas me ajudou mais ainda e entender o que realmente quero, valorizo, acredito, etc. Espero que tenha ajudado mais gente.

Muito obrigada a todas que comentaram, e muito obrigada também pelas dicas - especialmente sobre a anestesia. Acho que saber dosar a anestesia foi o que faltou pra mim no primeiro parto (fiquei pedindo mais e mais, confesso - bundona é meu nome do meio...). Vou ser mais cuidadosa quanto a isso no próximo parto, sem dúvida.


***


E o que é o frio, não é mesmo, minha gente? Alice gripou de novo, tá aqui me dizendo "mamãe, estou dando uma choradinha" porque os olhos não param de lacrimejar.  Faltou na escola de novo, acho que eu devia pedir um desconto na mensalidade, porque né?, já é a oitava falta em menos de um mês. E nem é inverno ainda, ai céus!

A missão dos próximos dias é cuidar de uma guria doentinha e tentar segurar a gripe. Porque esse papo de lavar as mãos ou tossir no lencinho não rola pra mãe de criancinha pequena, seria ridículo eu confiar nisso considerando que Alice tosse na minha cara a cada 3 minutos. A não ser que eu possa esfregar álcool gel no meu próprio nariz o dia inteiro, o vírus vai me pegar, não tem como fugir. Negócio é tentar resistir. Apelar bom e velho "vitamina C e cama", mas sem a cama, infelizmente, porque Alice está em casa e não dorme nem me deixa dormir. Paciência.

Pelo menos me divirto com ela em casa:

- Filha, você fez cocô?, pergunto eu (diante de sinais EVIDENTES de cocô recheando aquelas fraldas gordas).

- Não, obrigada!

(Haha, Alice está numas de "eu vim pra confundir, não pra explicar". Tipo Chacrinha, sabe? Me acabo com essa respostas picaretas dela...)


quinta-feira, 8 de abril de 2010

:: Divagando sobre parto


Quando eu era criança não queria ter filhos. Ou melhor: não queria PARIR filhos. Eu tinha um cagaço inenarrável de parto. Olhava uma mulher, olhava um bebê, e simplesmente não dava. Não era possível que um bebê pudesse sair de qualquer orifício da anatomia feminina. Então eu pensava assim: “quando eu ficar adulta com certeza já vão ter desenvolvido um jeito de a gente botar ovos ou algo do tipo, porque assim como eu deve ter um monte de mulheres que não querem passar por um parto nem a pau! Se até lá ninguem tiver dado um jeito nisso, eu não vou parir e prontocabou-se.” Simples assim.

Um cadinho de anos depois eu soube que tinha uma anestesia que tornava o parto coisa tranquila. Era uma baita de uma agulhada no meio das costas da gente, mas até lá, eu pensava, já vão ter desenvolvido uma anestesia oral sabor tutti-frutti, e se não tiverem eu não vou tomar injeção nas costas, e nem vou parir, e prontocabou-se. (Ah, a juventude, faz tudo parecer tão simples...)

Bom, aí eu cresci, e ninguém inventou de a gente botar ovo (graças a deus!), e nem uma anestesia oral. Popularizou-se, e muito, um tal corte na barriga pra tirar o nenê, mas isso sempre me soou como uma alternativa horrenda - melhor escangalhar as partes como a natureza quis ou meter faca na barriga? Fico de longe com a primeira opção, faca na barriga é coisa de cangaceiro. Uma vez crescida, conheci um cara absurdamente legal e soube que ele ia ser o pai dos meus filhos, filhos estes que eu nunca quis ter, ói que coisa. E a gente falou sobre o assunto, e eu, pasmem!, quis engravidar, apesar do medo. Porque medo era algo muito pequeno pra influenciar uma decisão dessas. Então eu engravidei, fui uma grávida toda serelepe e me preparei aos pouquinhos pra fatídica hora de encarar um parto. 

Grávida é aquela coisa: a gente lê descontroladamente, e conversa, e pesquisa. E começa a definir o parto dos sonhos.

O meu era assim: normal, hospitalar, numa sala de parto humanizado, com musiquinha, luz baixa, e cama inclinada que deixava a gente mais na vertical. Natural pero no mucho, sabe? Porque eu não abri mão da anestesia, nem a pau! E não entendia como alguém podia OPTAR por não tomar. Porque era assim: você, mulher, está em trabalho de parto e seu filho vai nascer. Pode doer ou não, você escolhe. OI??? Por que CAZZO alguem escolheria o caminho da dor, me explica? Pra mim era uma escolha absolutamente sem sentido. 

Bom, aí eu eu tive quase o meu parto dos sonhos (quase por causa da episiotomia, que eu queria ter evitado). Mas aconteceu o impossível: eu comecei a entender a opção das sem-anestesia. E invejar a experiência de um parto 100% natural.

Pra mim a diferença é a forma de vivenciar o parto. Porque a anestesia dá uma desconectada na gente. Mesmo conseguindo fazer força e sentindo um pouco as contrações, eu perdi a noção do que estava acontecendo lá embaixo. Quando Alice saiu eu não me dei conta, por exemplo. Só percebi quando olhei pra baixo e vi uma uva-passa gigante onde antes era a minha barrigona grávida. E eu perdi as pernas completamente, não conseguia mexê-las nem parar em pé. Minha impressão foi que a experiência do parto perdeu um pouco da intensidade. Li um monte de relatos em que as mães contam que existe uma espécie de transe durante o trabalho de parto, e isso pra mim é um mistério. Eu estava o tempo todo tranquilona, falante, fazendo piada, mas não fiquei completamente absorvida pelo parto. Não me conectei totalmente com o momento, meu corpo, o nascimento, o instinto de bicho que a gente tem escondido em algum lugar dentro da gente. E quando leio um relato de parto natural, me dá um baita orgulho. Eita mulherada porreta!

Pra mim ainda teria um outro lado, o da superação. Essa sensação boa que dá quando a gente tem um medo paralisante mas vai lá e enfrenta. Acho que se eu conseguir um parto sem anestesia vou virar uma satisfação ambulante, com um sorrisão eterno e aquela cara de missão cumprida por essa vida e mais umas três. Pensando assim, me dá vontade de tentar encarar o próximo parto ao natural, na raça, confiando na fêmea selvagem que existe em mim. Mas aí vem o diabinho na minha orelha e pergunta: Mariana, minha querida, quer enganar quem? Porque o fato é que eu sou medrosa. E, cara, tenho tantas outras virtudes mais relevantes, e tantos outros defeitos bem piores, que me deixa ser medrosa, pô! Sei lá se faz sentido eu me cobrar mais isso agora - porque a gente já se cobra tanto nessa vida, né? Então eu me concedo o direito de ser medrosa e fico pensando se realmente preciso (ou quero), como terapia de choque de autoafirmação, encarar um parto natural. De verdade, isso vai fazer de mim uma mãe melhor, uma pessoa melhor, uma mulher mais completa? Meu filho vai ter uma vida mais feliz porque eu não tomei anestesia quando ele nasceu? Provavelmente não. O parto me deixaria orgulhosa, sem dúvida, mas eu já me orgulho de um monte de coisas em mim, então talvez essa eu passe. Talvez. Quem sabe?


***


Hoje, o meu parto dos sonhos seria assim: normal, hospitalar, sem ocitocina, sem episiotomia, anestesia a decidir na hora, a posição que eu escolher, meu filho vindo pro meu colo imediatamente e o cordão sendo cortado só depois de parar de pulsar. 

Falar é fácil, mas na prática eu sei que esse "anestesia a decidir na hora" significa que eu vou pedir, ÓBVIO que vou. Porque é preciso preparo para um parto sem anestesia, e uma tolerância à dor que eu não tenho, e uma provável troca de equipe para uma mais "natureba" que saiba conduzir o parto e tranquilizar a parturiente histérica que eu hei de ser. Acontece que não tô nem um pouco a fim de trocar de equipe, adoro meu obstetra e confio nele horrores. A questão é: sem o apoio de gente especializada em parto natural, eu vou dar conta de encarar? Sei lá, acho que não. Provavelmente vou pedir anestesia, com a anestesia não vou conseguir ficar de pé, e aí não vai rolar a posição que eu escolher, e talvez até as contrações diminuam e eu tome ocitocina, e aí as contrações vão doer mais, e dá-lhe mais anestesia... pronto, lá se vai o meu parto dos sonhos, estão vendo? Tchau, parto dos sonhos!

De alguma estranha maneira, eu não ligo. Porque no fundo - e eu fui me dando conta disso agora, à medida que pensava e escrevia o post - o parto dos sonhos nem é tanto dos MEUS sonhos. Sabe? Eu realmente me comovo com partos naturais e admiro quem faça, mas acho que não é pra mim. Não faz parte do meu repertório, dos meus valores, do modo como eu vivo. Eu não sou natureba. Eu não lido bem com dor. Eu não sou corajosa. E eu me adoro mesmo assim (rá!), e não me cobro algo que acho que seria muito custoso - apesar de compensador, sem dúvida. 

Mais compensador pra mim é a chegada de um filho e o que vem depois. Não me apego tanto ao "parto dos sonhos", e sim a criar o "filho dos sonhos", ser a "mãe dos sonhos",  construir a "família dos sonhos". Pra mim, esses são os investimentos que valem a pena. E, como todos os sonhos, esses já vão me trazer preocupação, frustração e culpa o suficiente, de modo que se eu puder me aliviar de mais uma expectativa, melhor. Um pequeno ato de autoindulgência. Eu mereço. E acho que toda mãe merece.


***


Uma coisa que me tranquiliza quanto a qualquer decisão que eu tome é que eu não tenho o parto como CAUSA (aliás, sou um pouco desconfiada com "causas" em geral, porque daí pra cegueira seletiva é um pulinho. Levar uma causa a sério demais pode fazer a gente parar de ouvir o outro lado e descartar tudo o que não confirme a nossa posição. Impressão minha ou é exatamente o que está acontecendo nessa polêmica toda das vacinas, hein?). 

Deixa eu explicar melhor: acho a "causa do parto normal" importantíssima num país que tem uma das maiores taxas de cesárea do mundo. É ótimo que se discuta as diferenças dos partos, que haja informação e estímulo ao parto normal. Então os grupos envolvidos nessa "causa" fazem um trabalho importantíssimo e que ajuda muitas mulheres. Até aí, incrível. Pra mim a coisa desanda se a mulher começar a achar que TEM QUE ter um parto assim ou assado. Em vez de usar a informação de forma libertadora, ela vira escrava de tudo o que aprendeu. Se o parto não for normal (ou natural, domiciliar, na água, etc.) ela acha que fracassou. E isso é cruel demais. Então esse é o meu limite de envolvimento com a "causa" (essa e qualquer outra): eu fico com o pé atrás quando percebo que ela me escraviza mais do que liberta.

Em outras palavras: sou da turma do parto normal, e vou lutar por ele até o ponto que me parecer razoável. Mas não vou me corroer de culpa e frustração se eventualmente precisar de cesárea ou alguma intervenção que preferia evitar. Porque o parto não é um fim, é um meio (ou ainda, com o perdão do trocadilho: é um começo). Não precisa carregar uma carga pesadíssima de expectativas e cobranças. E afinal, faz alguma diferença significativa na vida do seu filho a forma como ela veio ao mundo? Ali, no comecinho, nos primeiros dias, existem sim dados indicando que há formas mais seguras e saudáveis de parir, mas na qualidade de vida geral de um ser humano, a longo prazo, o parto é realmente determinante? Nunca vi dados concretos sobre isso, então eu diria que não (me corrijam se eu estiver desinformada, please!). E se a felicidade do meu filho não está condicionada ao parto, por que a minha estaria? Não, esse peso eu passo. Eu quero é ver meu filho nascer saudável, o resto é resto. Vê lá se eu vou ficar frustrada por cada coisa que não saiu como planejada, gente? Tá doido! 

E outra: eu não me julgo competente pra questionar as opiniões de um médico que estudou anos pra fazer o que faz. Um médico de confiança, atenção. Escolhido com cuidado, e com quem me identifico. Pesquisei, conversamos bastante, fechei com ele? Então se ele fala eu acredito, e se não fosse assim estaria louca a essa altura.

Então, na hora do parto, o que ele disser eu acato. E o que EU quiser, o que sentir ali na hora, eu também acato. Não quero ficar me agarrando desesperadamente ao que considero o parto ideal, não quero ser escrava dele. Arreguei na hora H e pedi anestesia? Ok. Tive um parto cheio de intervenções? Ok. Precisei de cesárea? Ok também, fazer o quê? Agora, meu filho correu riscos, ou teve qualquer tipo de sofrimento desnecessário porque eu fiquei batendo cabeça e dizendo eu quero assim, eu quero assim, eu quero assim!? Não, aí não tá ok. Aí o foco passou da criança pra mãe, e o tão sonhado "parto ideal" perdeu o sentido.

Meu humilde conselho? Se informem, barrigudas. Leiam, pesquisem, conversem com mães e médicos, e criem sim o parto dos sonhos de vocês. Façam junto com o médico um plano de parto, deixem muito clara a sua vontade. E, feito isso, relaxem. Não se pode controlar tudo e, no fim das contas, parto bem sucedido é aquele em que filho e mãe estão bem no final. Ponto. Buscar nele a afirmação da nossa qualidade de mãe é autorreferente demais, justo no momento em que a gente mais deveria se doar. Vamos nos preocupar mais com o exercício da maternidade e menos com o parto. Até porque o que realmente define a mãe que vamos ser é o que começa logo depois dele. 

terça-feira, 6 de abril de 2010

:: Desejo grávido #2


Conserva de rabanetes. Nham!

(Pausa para as interjeições de nojinho e torcidas de nariz.)

Não soa bem, eu sei. Mas é O CÉU das grávidas nauseadas, j-u-r-o. Picante, azedo e salgado na medida, o rabanetinho em conserva me salvou a vida nos primeiros três meses. E ainda tem a satisfação de ser um "faça você mesmo", que sempre dá um pouco de orgulho e deixa a gente sentindo prendada, independente e preparada para a vida.

É assim:

Corte os rabanetes na metade (se forem grandes, em 4) e chuche num vidro grande, desses de maionese, enchendo mais ou menos 3/4 do vidro. Coloque junto uma cebola (pequena) cortada em pedaços grandes, e uns dentes de alho descascados (eu uso uns 2 ou 3. Se forem grandes, cortar na metade). Tudo cru, ok? Complete o vidro com água e vinagre branco em medidas iguais - ou com um pouco mais de vinagre, pra quem topar um sabor mais picante. Sal, um chacoalhão no vidro, geladeira e voilá!

A conserva fica boa depois de 4 ou 5 dias - vocês vão ver que a casca do rabanete perde a cor vermelha e a água fica pink vibrante, coisa linda! É nessa hora que fica bom, porque antes disso ele ainda vai estar um pouco imaturo e o
bouquet, contido e discreto, não terá ainda se revelado em todo o seu esplendor. Tem que maturar, gente, quanto mais velho melhor! Teste simples: se você abrir o vidro na cozinha e alguém na sala gritar "quem foi???", é porque está pronto. Em outras palavras: quando estiver bem fedido, pode comer. (E se você for da ala das radicais, dica: em 15 ou 20 dias os dentes de alho estarão rosadinhos e no ponto! Despache o marido pra casa da sogra, simule um retiro espiritual e avise os amigos que você não pode ver ninguém por 5 dias e caia de boca sem pudores nem culpa!)

Bon appetit!

(Se vocês acharem horrível, lembrem-se que eu estou grávida e posso alegar insanidade temporária.)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

:: Sobre a vacina e a lei das compensações (minha lei favorita ever)


Então tomei a diacha da vacina. E pra manter a tradição iniciada quando eu tinha uns 8 anos e tomava benzetacil como outras crianças tomavam picolé (tempos difíceis...), mamãe me subornou com doces: "vamos lá, você toma a vacina e depois eu te levo pra tomar um cappuccino da Kopenhagen, que tal?". Mas ô! Kopenhagen, com mamãe pagando? Tomo vacina até na testa, se precisar! 

Tem uma Kopenhagen bem ao lado do posto de saúde (na R. Purpurina, viu, mamães subornáveis da Vila Madalena?), e para lá rumamos, eu de curativo no braço e fazendo beicinho como se tivesse doído horrores (tudo mentira, doeu nada! Só deu aquela canseira instanânea, sabe?, de quando a gente toma vacina de tétano e o braço fica exausto em segundos?), e mamãe com um ar compadecido e doida pra me conceder agradinhos, yay!

Sentamos, fiz cara de rica, pedi um cappuccino estupidamente caro (opa!, mais beicinho, pra justificar o gasto) e olhei em volta. Adivinhem? Metade dos clientes eram grávidas de curativo no braço fazendo beicinho, metade criancinhas chorosas com curativo no braço ganhando ovinhos de chocolate. 

Sabe o que é isso, minha gente? A vocação compensatória universal das mães (e futuras mães). Essa vontade louca de presentear alguém (ou se autopresentear) como compensação pra alguma coisa chata. E tem coisa mais chata que injeção? Até quando Alice era bebezica e tomava vacina EU precisava sair da clínica e ME DAR algum docinho de presente, tamanha a gastura que aquilo me dava...

Bom, tomei a vacina ontem e até agora nada de reação. Bracinho tá ótimo. Estranhei, porque ouvi dizer essa vacina ficava dolorida à beça, naquele esquema do braço ficar duro e quase cair. Fiquei pensando: se uma picadinha à toa me valeu um cappuccino chiquésimo, quanto valeria ficar dois ou três dias com o braço imprestável? Acho que uma caixa de Nhá Benta, no mínimo.

Fiquemos na torcida.



(PS: não ganhei nem um mísero ovinho pra escrever esse post, foi propaganda gratuita mesmo. E escrevi "Kopenhagen" 6 vezes, atenção! Kopenhagen, um nome cheio de letras combinadas esdruxulamente, precisei até checar a grafia na internet. Baita coisa chata. Se a Kopenhagen for que nem coração de mãe, eles bem que podiam compensar a chateação me mandando a tal caixa de Nhá Benta de presente...)

(PS 2: Olha a Nigella nesse exato instante dizendo "benvindo ao paraíso do chocolate!" e ensinando receitas criminosas... ai jesus!)

Related Posts with Thumbnails