segunda-feira, 30 de agosto de 2010

:: Dossiê "Salvem as mamas das mammas", parte 2 - O peito esfolado


Simbora e vamos à luta, mulherada amamentadeira!

Problema amamentício número 1, Os Mamilos Esfolados Vivos.

A primeira coisa é tentar evitar o esfolamento. Isso se dá de 2 maneiras: preparando os peitos antes de começar a amamentar, e garantindo que o bebê pegue o peito do modo certo.

Preparar os peitos é meio polêmico. Eu, sinceramente, não acredito muito nos efeitos dessa suposta preparação, pelo seguinte: na primeira gravidez eu tomei sol no peito, esfreguei com bucha, passei Lansinoh e gotas de colostro. Na segunda não fiz n-a-d-a. O resultado? Absolutamente o mesmo. Então acho que até vale preparar os peitos se isso te fizer sentir mais segura, mas a diferença não deve ser lá essas coisas (alguém discorda? Sentiu diferença? Dividam, please!)

Eu acho que o lance é se concentrar na pega. Isso sim faz diferença, e muita. A lição básica é: o bebê não pode pegar só o mamilo, precisa pegar o máximo de aréola possível. E eis um fato engraçado: eu sempre fui mega traumatizada com os meus mini peitos. Nunca consegui ter uma relação de amizade e respeito para com eles. Mas aí eu pari e na hora de amamentar só ouvi ma-ra-vi-lhas sobre eles. Aparentemente tenho peitos ótemos para amamentar: aréolas pequenas (que cabem inteiras na boca do baby) e mamilos espichadinhos. Mais ou menos assim, ó:

Como sou tímida, vou pegar emprestado o peito da desinibida Cléo Pires.
(Aproveito para dedicar esse peito pra Roberta. Alô Robertão, aquele abraço!)


O lance das aréolas é o seguinte: as gengivas do bebê são duras e a pegada é forte. As aréolas e mamilo são sensíveis, mas a pele ao redor não é tanto. Então, se a pressão da gengiva estiver na pele menos sensível, o estrago é menor - fora que é desse jeito que ele consegue ordenhar o leite pra dentro da boca. Aprendi que se os mamilos saem da boca do bebê em forma de panqueca, está tudo errado. A aréola toda precisa ficar achatadinha, não só os bicos. Aqui entra a famosa "boca de peixinho" - toda mãe que já amamentou cansou de ouvir essa expressão, aposto. Eu confesso que fico um pouco confusa porque sempre acho que a boca está de peixinho, ou seja, com os beicinhos pra fora formando um bico. Então o que vale é ser uma BOCONA de peixinho, bem aberta, e não só com as beiçolinhas pra fora. A pegada tem que ser enorme. É assim: se você enfiar um baita de um peitão boca adentro e achar que seu filho vai esgasgar (mas SEM ele engasgar, atenção!), é porque tá certo. Vale tentar aquela clássica "pinçada": você junta a pele com os dedos e entucha na boca dele o máximo de peito possível. O mamilo tem que ir parar praticamente nas amídalas do seu filho. Parece agressivo, mas é assim que é.


Bom, então tentamos evitar as fissuras assim. Mas se o problema já tiver se instalado, vamos lidar com ele com 4 estratégias.


1 - Pomadas milagrosas

Lansinoh é a famosa pomada de lanolina que ajuda a cicatrizar. Custa caro (é importada), mas funciona lindamente. Deve-se lambuzar os mamilos após cada mamada, e pronto. É bom deixar o peito arejar, mas caso a mãe queira colocar um absorvente de seios, vale lambuzar ele também, assim o peito fica livre de atritos e não gruda no absorvente.

- Peralá! Você quer que eu lambuze peitos E absorventes com uma pomada de mais de 100 contos? Pirou?

Não pirei, gente. A boa notícia é que agora existe um produto nacional e absolutamente idêntico no mercado, o Lanidrat. Deve custar uns 30 reais. E, de qualquer maneira, uma bisnaga de Lansinoh rende muito, dá pra lambuzar não só os peitos e absorventes, mas o corpo inteiro, que você ainda pode cobrir de purpurina e fazer uma dancinha sensual no poste pro maridão. E finda a fase de esfolação peitoral, ainda sobra pra doar pras colegas recém-amamentadeiras. Nada de economias, portanto.


2- Disquinhos salvadores


Mother Mates são disquinhos de hidrogel (oi?) que a gente coloca dentro do sutiã. Protegem do atrito, hidratam, refrescam (eu guardava na geladeira) e também ajudam muito a cicatrizar. Pra mim era o único jeito de colocar sutiã (e receber visitas com dignidade) nos primeiros 5 dias. Eu ganhei na maternidade, então não sei preço ou onde encontrar, mas também existe um nacional chamado Mamare que acho que é a mesmíssima coisa. Acho que isso não existia há 3 anos, quando eu tanto precisei...

3 - Posição da mamada

Mudar de posição faz com que o bebê pegue (leia-se "machuque" ) uma parte diferente do mamilo. Vale pra quem acha que é melhor duas feridinhas do que uma feridona - eu particularmente acho, de longe. Eu intercalava mamadas clássicas com a posição invertida (aquela do bebê embaixo do sovaco, explicada e ilustrada aqui).

4 - Ar

Ao mesmo tempo tratamento e condição sine qua non. Botar roupa em cima de mamilos fritinhos é o que há de desagradável. Negócio é encontrar a índia em você e andar com a peitarola ao vento.

- Ah sim, fosse eu uma kayapó morando na Amazônia seria fácil. E nesse frio da porra, comofas?

Pois é, deparei-me com essa questão. Quando Alice nasceu já era fim de inverno, eu ficava peladona numa ótima. Dessa vez tava um frio do cacete e andar pelada era inviável. A solução encontrada me valeu chacotas e quase custou meu casamento, mas eu recomendo: roupas picotadas. Resgate aquelas camisolas velhas e camisetas escangalhadas do fundo da gaveta, recorte duas rodelas no lugar dos peitos e voilá: ombros quentinhos e mamilos ao léu. E se o seu marido fizer algum comentário engraçadinho você pode esguichar leite na cara dele sem nem levantar a blusa. Praticidade é tudo.


Essas foram as minhas dicas, testadas e aprovadas - em uns 8 dias meus peitos estavam novos em folha. Nos comentários do primeiro post dessa série tem outras tantas, vale dar uma olhada. E fiquem à vontade pra dividir seus truques também, mammas. Lembrem-se: peitarola, unida, jamais fica caída! ("Caída" no sentido figurado, porque no literal, cedo ou tarde, a coisa cai mesmo...)

sábado, 28 de agosto de 2010

:: Viva ela!


É um...


É dois...


É três! Parabéns Lili!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

:: Dossiê "Salvem as mamas das mammas" - introdução ao tema


Cai água daqui, dilata dali, empurra-empurra, e eis que a gente se vê com um pequetito todo amanteigado no colo. Enfia-lhe o mamilão na boca, chup-chup, e pronto: estamos cumprindo o destino de parideiras e vacasleiteiras que deus reservou pra gente. Lembrando que mamilão na boca + chup-chup é cena que vai se repetir in-fi-ni-ta-men-te nos próximos meses, então é bom a gente se entender com o processo desde o começo - a peitarola agradece.

Guardei na memória uma certa gastura dos primeiros dias de amamentação da Alice, e a coisa se repetiu dessa vez. Porque é assim: no começo, dói. Primeiro o bico do peito fica esfolado, depois com sanguinho pisado, e se a coisa se agravar ele racha, sangra e cai aos pedaços pelo chão. Felizmente esses peitos que carrego ficaram no estágio 2, o do sangue pisado, mas já é bem desagradável e só imaginar a continuação já me dá arrepio no estômago.

Alguns dias após o parto o leite desce, e os peitos inflam e esquentam e ganham veias esverdeadas. O decote fica uma loucura, mas again: dói. Os bicos ficam duros, o peito inchado e cheio de caroços doloridos. Aí a mãe anda, os peitos sacodem e o seu balançado é mais que um poema, é a coisa mais sensível e pesada e dolorida que eu já vi passar. (Bom, pelo menos essa é a minha experiência, enquanto criatura dotada de peitos pequenos e que nunca balançam exceto quando estão cheios de leite. Pra mim, portanto, peitões balangandãs são coisa rara e dolorosa, mas quem já se sacoleja desde priscas eras talvez não se incomode tanto...)

Por fim, passados mais uns dias, os peitos dão de formigar e vazar de tempos em tempos. Há que se saber lidar com essa hidráulica desregulada, que pode tornar a vida bastante inconveniente.

Portanto a problemática amamentícia, no que se refere aos peitos, tem 3 fases:

- o peito esfolado;
- o peito inchado;
- o peito com vazamento.

Atravessei cada etapa com relativo sucesso, então vim aqui dividir diquinhas com as amigas. Mas isso vai ser feito em etapas, porque tem um RN dormindo aqui em casa e todo mundo sabe que eu deveria estar dormindo também, e não blogando de modo suicida. Portanto, blogarei em doses homeopáticas, ok?

Aguardem os próximos capítulos.

(Ah, Alice sarou e agora ela até come! Sambalelê-skindô-skindô!)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

:: Alice em crise


Cacete, que negócio violento, mano!

A tal virose era essa que vem com umas aftas terríveis e bolinhas nas mãos, pés e bunda, conforme a Alê imaginou. Houve um caso na classe dela, e o contágio é rapidíssimo - TODO MUNDO que me ajudou com a pequena essa semana adoeceu também. Pelo menos nos adultos o quadro é mais simples, é só uma gripona mesmo, sem as aftas e bolinhas.

As aftas. Céus, o destino não pode mandar aftas assim pra criança desse tamanho! Alice ficou 2 dias e meio sem comer - sério. Criou trauma por causa da dor, então só de olhar pra comida (e bebida, remédio, água, sorvete, spray anestésico, pomada de língua...) já chorava e se jogava no chão com as mãos cobrindo a boca. Não aceitou nenhum remédio, e a única coisa que botou pra dentro - chorando - desde terça foram uns 2 goles de yakult e 3 dedos de suco de uva. Foi ficando molinha, pálida, sonolenta. Passamos na pediatra e ela não estava desidratada, mas se hoje não comesse/bebesse nada acho que ia ter que entrar no soro. Hoje acordou um pouco melhor, tomou um yakult inteiro, meio copo de suco de maçã, comeu um centímetro cúbico de clara de ovo cozida e eu estou comemorando cada gole e mordida feito final de copa do mundo. Ela ainda se queixa de dor, mas acho que o pior já passou. Ufa.

Ah é, e tem um recém-nascido aqui em casa. Quase nem lembro disso, pra vocês verem o tamanho da encrenca que foram os últimos dias...

But I'll survive, I will survive, hey hey! (dancinha discotheque agitando os peitões no ar)

Valeu pelas mensagens e emails, apoio moral é tudo, colegas!

Volto já.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

:: O Caos


Alice pegou uma virose maldita, está com uma gripe forte e milhões de aftas brancas na língua. Não consegue comer e choraminga o dia todo. Está carente e maluca com a chegada do irmão, voltou a molhar as calças e há 3 noites tem tido pesadelos e chora loucamente várias vezes por noite - chora dormindo e a gente não consegue acordá-la, o tal Terror Noturno, sabem?

Aí eu gripei. Todo mundo aqui em casa gripou - o Lucas eu nem sei dizer, ele parece bem, mas espirra bastante. E, bom, o Lucas tem 12 dias de vida, então por si só a coisa já seria suficientemente difícil...

O horror, o horror.

Acho que em uns 3 meses eu volto, tá?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

:: Rapidinhas da volta pra casa


Daí que Luquinhas nasceu, né?

Luquinhas ia se chamar Mathias. Esse era o nome que a gente tinha escolhido e estava esperando pra ver se ia rolar, mas não rolou. Nem foi tanto uma questão de cara, porque recém-nascido tem cara de recém-nascido e nome nenhum combina. O problema foi que a gente tentou chamar o pequeno de Mathias mas não acreditou no nome, sabe? Simplesmente esse não era o nome dele. Então voltamos pra Lucas, que tinha sido abandonado lá atrás por ser muito comum, e o nome encaixou. E com uma vantagem: era o nome que Alice queria! Desde sempre ela diz que ele chama Lucas ou André. Aí ganhou um boneco que foi batizado de Dedé, e sobrou Lucas pro "emãozinho". Quando decidimos que seria Lucas, achamos por bem fingir que a escolha foi dela, então pedimos pra ela dar uma sugestão. Ela disse Lucas, a gente fez aquele teatro todo de "oh, que ótima idéia!" e pronto, ficou Lucas. Alice tá toda orgulhosa de ter dado o nome dele, imaginem.

Então Luquinhas nasceu às 10h45 do dia 5, de um parto incrível (relato assim que possível), com a irmã assistindo tudo. Ficamos até segunda-feira no hospital porque ele teve icterícia e precisou de banhos de luz, mas agora estamos em casa tentando voltar pra vida normal. Luquinhas mama que é uma beleza e dorme bem, por enquanto está tudo bem tranquilo. Tirando a dor (e toda a dignidade comprometida...) por causa dos pontos lá (que me fazem andar tortinha e sentar na almofada-rosquinha), eu tô ótima também. Péssima, mas ótima, sabem como? Descabelada, sonolenta, dolorida, hormonalmente instável e com leite pingando das tetas, mas ótima. Quem é mãe há de entender.


Fiquei muito muito muito feliz com os comentários todos nas fotos aí de baixo. Eu sou durona, mas fiquei toda derretida, sério. Muito obrigada, gentes! Tá difícil conseguir tempo pra escrever, mas quando der eu volto com mais detalhes, ok?



sábado, 7 de agosto de 2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

:: Little Brother Brasil


Tem um episódio de House em que a paciente é uma blogueira que leva o note pro hospital e fica narrando sua internação em tempo real. Eu assisti e fiquei pensando: Jisuis, que pessoa louca! Que espécie de maluco exibicionista faz isso, pô???

Corta.

Agora adivinhem de onde eu estou postando?

Adivinhem que espécie de dor em vai e vem eu estou sentindo?

Adivinhem daonde eu estou vertendo água desde 1h da manhã?


Esse mundo é engraçado, não?




quarta-feira, 4 de agosto de 2010

:: Sobre fechar ciclos e danças bobas


Ontem acabou meu hidratante de grávida, e eu não vou comprar outro.

Ontem eu acabei de ler um livro, e não vou começar outro.

Ontem terminei de ver a 6a. temporada de House, e não vou me apegar à série nenhuma até a vida voltar ao normal, em um mês ou dois.

Então, falando sério, estou prontíssima pra chegada do meu filho. Ciclos fechados, pendências resolvidas. Ok, ainda falta o nome (e vai ver ele está só esperando essa decisão antes de dar as caras no mundo...), então vou explicar: ele tem sim um nome quase certo, mas a gente quer ver a carinha dele pra ver se orna. Vai que ele nasce com cara de outra coisa, né? Por isso não podemos dizer que está decidido, mas a verdade é que se nenhum milagre acontecer ele ganhará esse nome que eu e Carlos estamos cultivando e amadurecendo há alguns meses (não vou contar aqui porque sou MUITO influenciável e se os comentários não forem favoráveis eu vou mudar de idéia de novo, ha!).

Então é isso. Vem que vem, filhote, porque tá cheio de gente aqui fora doida pra te conhecer!

***


Aí a gente estava fuçando uns vídeos no youtube, e eu encontrei algo que não tem a menor relação com esse assunto mas precisa muito ser dividido.

Vocês sabem que eu sou obcecada pelo Chico Buarque, certo? Então fui ouvir a Bethânia cantando Baioque, uma música dele que eu adoro, e achei essa pérola:



Trata-se de uma cena de "Quando o carnaval chegar", filme do Cacá Diegues de 1972.

Eu ia acompanhando a cena e já achava tudo bastante pitoresco, até que apareceram umas figuras lááá no fundo do quadro. E aí, Bethânia que me perdoe, eu não consegui ver mais nada. Só conseguia olhar para aqueles três homens bailando, e foi ficando cada vez melhor, e então reconheci um deles e aí foi a glória absoluta no meu coração. Juro que não sei como não pari ali, naquele instante.

Acompanhem comigo:

Tem a Bethânia fazendo air guitar (e se a coisa parasse por aí já seria suficientemente engraçado).

Aí tem o Antônio Pitanga, possivelmente o homem mais simpático da história da humanidade, exibindo seu sorriso de um milhão de dólares.

E tem o Hugo Carvana de terno rosa, IGUAL o Benito di Paula, dançando cheio de malemolência sensual, num estilo John Travolta meets Clóvis Bornay.

E tem o Chico, gente. Tem o Chico fazendo a melhor dança boba do século, sem medo de ser feliz! Vejam bem: é o Chico Buarque, um homem desse quilate, com esse cérebro, esse talento e esses olhos verdes. Pois este homem desce do pedestal, se coloca diante de uma câmera e dança uma dança boba como se não houvesse amanhã, ao lado de dois outros homens igualmente bobos e felizes com figurinos de gosto duvido. Chico beija a mão do Pitanga e dá uma piruleta marota! Chico faz cavalinho pro Carvana! CHICO É UM FOLIÃO, GENTE!!! Eu já pensei muitas coisas sobre ele, mas nunca achei que ele pudesse ser um folião. Cacete, como o Chico é legal! Merece até ganhar um marcador aqui nesse blog, de tanto que eu falo dele.

(A diversão começa em 1:04. O Chico tá de calça preta. E a mocinha blasé encostada no ônibus lá no final é a Nara Leão. Gosto da Nara, mas essa nunca me enganou: eu sempre soube que no meio de um monte de gente dançando bobamente ela seria a reprimida olhando de longe cheia de pudores. Pena, eu ia amar ver a Nara se jogando com o Chico numa dança boba...)

Cacá Diegues, meu amor eterno a você por essa cena!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

:: Sobre pré-parto, um marido piadista e quantos cabem num coração de mãe


Quem aí sabe quanto tempo pode durar um pré-parto?

Eu comecei a ter contrações na madrugada de sexta pra sábado. Foram 3 horas de contrações com uma coliquinha leve e vindo com frequência, mas sem muita regularidade (intervalos entre 7 e 13 minutos, mais ou menos). E aí acabou-se. O dia correu normalmente, com umas contrações fracas aqui e ali e uma certa diarréia. Domingo as contrações se repetiram por mais umas 3 horas, com intervalos de uns 9 minutos, ou mais, ou menos. Como vieram, se foram. Nessa última madrugada, idem - um pouco mais fortes, mas por menos tempo. E agora eu estou assim, de sobreaviso, sem conseguir planejar a próxima hora do meu dia. Dá tempo de lavar e secar os cabelos? Levar Alice na escola? Devo almoçar pra valer, ou fazer uma refeição leve? Maridão segue pro trabalho (longe pra cacete) ou fica por aqui? Dúvidas, dúvidas...

Isso pra mim é uma tremenda novidade, porque o parto da Alice aconteceu de uma vez: foram 18 horas de contrações, dilatação, hospital e pluft, lá veio ela. Eu não sabia que a coisa podia se arrastar por dias desse jeito, e essa indefinição dá uma gastura tremenda. Acho que vou ali subir e descer escadas pra ver se alguma coisa acontece...

***

:: Mais da série: Me casei com um piadista

Ando pela casa arrastando chinelinhos e com as mãos nas cadeiras: ai minhas costas, ai minha bunda, ai que dor na perna, ai essas pontadas nas partes!

E ele: ah vai, você tá reclamando DE BARRIGA CHEIA!

Ou

Eu toda megera, dedinho em riste no nariz dele, no meio de um ataque de agressividade gratuita (nós grávidas somos boas nisso).

Ele: Olha esse tonzinho, hein?, que VOCÊ É DOIS MAS NÃO É GRANDE!


Rará, dá pra não amar?

***

:: Sempre cabe mais um

Eu sou a segunda filha. E passei a vida inteira sendo nojentinha e usando isso a meu favor nas brigas com o meu irmão: eu sou a caçulinha, sou protegida, sou mais querida, não encosta em mim que eu chamo a minha mãe e ela vai me proteger, trá-lá-lá!

Agora, prestes a ter o segundo filho, fico me perguntando DAONDE que eu tirei essa idéia estapafúrdia de que os caçulas são os queridinhos. Porque só consigo pensar em como será possível que outro serzinho conquiste o mesmo amor estupidamente infinito que eu sinto pela minha filha - que por hora ainda é única, ou quase.

Horrível, né? Só faço essa confissão porque já li sobre esse mesmo sentimento em um bocado de blogs por aí e isso me deixou mais tranquila. Pelo jeito não sou só eu que sofro com essa dúvida: será que serei capaz de amar outra criaturinha como eu amo a Alice? Racionalmente, eu sei que sim, óbvio. Mas hoje é muito difícil conceber que eu consiga reviver esse sentimento com a mesma intensidade. Eu só vou ter noção da minha capacidade de dividir (ou melhor, multiplicar) o amor quando meu segundinho nascer (hoje? amanhã? depois?). E até lá, apenas PENSAR que é impossível já me faz sentir uma culpa enorme.

Pra completar, desde que engravidei de novo, eu me peguei pensando nisso e fiquei toda dodoizinha por ser a segunda. Pela primeira vez me caiu a ficha de que antes de eu existir meu irmão era o centro do universo dos meus pais. E de que o segundo filho já entra na família dividindo tudo e sem o luxo da atenção exclusiva que o primogênito teve.

Ao segundinho cabem álbuns de fotos mais magrinhos e brinquedos usados. Um colchão manchado de xixi alheio. Um quarto dividido com decoração improvisada, um carrinho cor de rosa e uma irmã mais velha que até aprender a amá-lo vai olhar torto, fazer comentários enciumados e talvez mordê-lo com força, como meu irmão fez comigo quando eu era pequetita. Que tristeza ser o segundinho, gente! E eu com delírios de ser a mais mimada, pobre de mim...

O que me salva - e vai salvar o meu segundinho também - é que no minuto em que ele nascer esse post vai perder completamente o sentido, e eu vou me achar uma maluca por ter sequer considerado que não seria capaz de amar o mesmo tanto. Afinal, por trás desses óculos bate um coração de mãe, e coração de mãe a gente já sabe, né?

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