quinta-feira, 13 de junho de 2013

:: Desculpe mas eu vou chorar


Aí a maternidade vem e pá!, bota dentro da pessoa um alter ego chorão que não estava ali antes. 

Eu virei o tipo de pessoa que chora no balé da filha, chora na natação, chora porque descobriu um dente mole na cria (mais essa agora!). Eu choro das bonitezas da vida, de raiva dos filhos, de raiva de mim, de orgulho, de alegria, de cansaço. Choro com músicas, filmes, vídeos de parto de desconhecidos. Meu deus, como eu choro!

E cabe aqui uma explicação: na adolescência, um amigo me definiu como "BZ, a mulher sem lágrimas - não chora nunca, foi treinada para isso!". É que eu sempre fui durona (pode substituir por insensível, travada , icequeen, blasé ou orgulhosa, escolha à vontade!). Nunca fui de verter lágrimas por qualquer porcaria, não senhores. Chorar era pra dor física e olhe lá. Topada de dedinho no canto do móvel me arrancava umas lagriminhas, mas um filme insuportavelmente lindo, jamé! 

Então os anos se passaram, eu pari duas crianças e agora eu choro, ok?

E aí me vem o destino e bota dentro da minha casa uma filha ensaiando TRISTEZA DO JECA para a festa junina. Me diz se isso vai prestar? Não vai.

Alice faz cara de sofrimento e canta afinadinha bem assim:

"Eu nasci naquela serra, num ranchinho beira chão...", com ênfase no "beIra", o I bem prenunciado. 

PORRA! Como não chorar diante de um ranchinho beIra chão? É tão bonitinho ver uma criança falando beIra, gente! "Ranchinho beira chão", que imagem linda! (ainda que eu não saiba bem o que venha a ser isso... - É porque o chão é todo ESBURAÇADO - ela faz cara de dúvida e corrige - ...cheio de buracos, então é "BEIRA-CHÃO", entendeu?, e quem sou eu pra dizer que não?).

Mostro pra ela a versão de Tonico e Tinoco e ela diz que é tão triste que dá vontade de chorar  (parafraseando a música e forçando umas lágrimas sem vergonha, a espertinha). E dá vontade mesmo. Tonico e Tinoco, poxa vida! Eram tão adoráveis com aquele sotaque arrastado de Araraquara (eles não devem ser de Araraquara, mas não tem cidade melhor pra exemplificar o sotaque, com esse tanto de erres a serem puxados, rá!). Tonico & Tinoco é muito amor, é Brasil raiz, é cultura popular! E eles morreram, ainda por cima. Tonico & Tinoco are dead. Isso, mais a minha minha filha cantando "ranchinho beIra chão" com olhos tristonho (porque ela sabe que o Jeca é um cabra triste), pensem se não é para fazer chorar a mais durona (insensível/travada/blasé etc) das mães?


Se não for suficiente,  ainda posso lhes dar mais uma razão.


Professora veio me contar do seguinte diálogo que aconteceu na escola enquanto eles discutiam os motivos do Jeca ser tão triste.

- É porque a mulher dele morreu, disse um.

- Não! É porque ele é apaixonado por duas mulheres, mas só pode ficar com uma, opinou outra (quem adivinhar quem ganha um doce...)

- Nossa, IGUAL A VOCÊ, ALICE!, que é apaixonada pelo Mateus e pelo Davizinho ao mesmo tempo!!!

Cataploft!

E a mãe faz o quê? Chora, né? De rir também vale, ora pois!

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