Alice e o chupetão (que ela só ganhou depois de se afeiçoar bastante a uma chupeta baratinha qualquer)
(Hein? Como eu sei que Rocco Siffredi é o ator pornô mais famoso da Itália?? Mas eu não sei, gente! Rocco quem??? Desconheço essa pessoa, juro...)
Alice e o chupetão (que ela só ganhou depois de se afeiçoar bastante a uma chupeta baratinha qualquer)
(Hein? Como eu sei que Rocco Siffredi é o ator pornô mais famoso da Itália?? Mas eu não sei, gente! Rocco quem??? Desconheço essa pessoa, juro...)
Eu fiquei um pouco ofendida com a foto da mulher do Kaká na maternidade.
Gente, que pele é essa? Que cabelo é esse? Cadê as olheiras da criatura, e o inchaço, e a cara de exaustão? A pessoa não pode ter essa cara tendo acabado de dar a luz, tirar uma foto assim é um desserviço para nós, mulheres normais, com o inevitável visual "depois-da-guerra" que nos acomete numa hora dessas.
Será que esse viço todo é porque a moça tem só 20 aninhos? Será que é porque o fofo casal tem Jesus no coração e Ele retribui com esse tipo de regalia? Será que ela levou pra maternidade um personal-maquiator que criou essa pele diáfana à base de muito corretivo e pó? Porque, convenhamos, mãe nenhuma pode ter essa cara em foto de maternidade. É quase falta de respeito.
Para efeito de comparação, eis uma das minhas primeiras fotos (não pude publicar as da maternidade porque eu estava de peitos desnudos em todas – quem já amamentou há de me entender). Vejam a situação da pessoa.
Taí uma boa idéia. Maternidades lucrariam horrores se oferecessem serviço de cabelo, maquiagem e photoshop, pra gente fazer bonito no primeiro registro como mãe. Até porque o próximo mês (semestre?, ano??) vai ser um verdadeiro show de horror, de modo que toda mulher merece um trato antes de adentrar de vez no mundo desglamourizado e unsexy da recém-mamãe. E todas poderemos posar sorridentes e vaporosas para as fotos, com cabelos brilhantes e pele de pêssego.
Agora, se no meu próximo filho esse serviço ainda não existir, vou apelar pra Jesus no coração. Certeza.
(Tema para um próximo post: mais alguém ficou OFENDIDÍSSIMA com a Fernanda Lima desfilando fabulosa no Fashio Rio dois meses depois de ter parido gêmeos?)
Há alguns meses eu era uma barriguda que lia tudo sobre bebês e me preparava para: dar de mamar, trocar fralda e dar banho. E só. Porque um bebê apenas mama e dorme e faz sujeira, certo? Pois é. Mas um belo dia ele termina de mamar e, em vez de revirar os olhinho e capotar de sono, olha pra você com cara de "e aí?". Então você olha de volta esperando o sono chegar, e ele não chega, os olhinhos continuam pregados em você, abertíssimos, e você se dá conta de que essa criança simplesmente NÃO VAI DORMIR NAS PRÓXIMAS HORAS. Pânico! Porque eu não tinha pensado nessa possibilidade. Não me ocorreu que em algum momento eu precisaria entreter a Alice, além de limpar e alimentar trocentas vezes por dia. Céus! O que fazer, meu Deus, com um bebê acordado???
Alice tinha pouco mais de um mês quando resolveu acordar pra vida. E eu não tinha idéia de como interagir com ela. Sabe falta de assunto? Era mais ou menos isso - e ela sacou e deu pra reclamar, dominada por um tédio mortal. Porque vejam só: a bichinha é absolutamente inepta para o mundo. Tirando funções fisiológicas (bem básicas, diga-se de passagem), ela não sabe fazer absolutamente nada a não ser estar ali, de olhos arregalados, esperando que o mundo se apresente como um lugar interessante.
Foi com muito alívio que percebi que, pra quem não conhece nada, "interessante" pode ser QUALQUER coisa. Basta pôr ao alcance da vista da Alice um brinquedo, um pano, uma revista, uma caixa de remédio. Ou fazer careta, ou levá-la pra frente do espelho, ou acender abajures coloridos.
Barulhos também são muito eficientes. Escovar os dentes na frente dela, por exemplo, funciona surpreendentemente bem. Estalar os lábios, batucar, sapatear. Cantar! Bastar ter um bebê em casa que o impulso de cantar vem incontrolavelmente, já repararam? De Nana Nenê a Sidney Magal, eu despejei nos ouvidos dela o repertório de uma vida. Quando não ocorre música nenhuma, apelo pro lá-lá-lá, hmm-hmm-hmm e até pro ridículo recurso do falar cantando, que funciona assim: “Agora Alice vai tomar banho, pra ficar cheirosinha e ficar bem bonitinha pra visitar a vovóóó”, em ritmo de Marcha Soldado ou coisa parecida. Métrica e rima não importam, mas uma voz bem aguda é fundamental. Ela se esbalda e dá risinhos franzindo o nariz, uma coisa!
Só não tive sucesso ainda com cheiros. Na primeira experiência radical – amassei uma folhinha de manjericão e dei pra ela cheirar – o resultado foi olhão arregalado + choro convulsivo, acho que de susto. Tentei também chocolate, suco de laranja e pasta de dente, sem grandes resultados. Talvez o conceito de cheiro ainda seja muito sofisticado pra ela, sei lá. Ou ela já tenha o cheiro mais delicioso do mundo (mistura de Johnson's, amaciante de roupa e aquele cheirinho de leite típico dos filhotes) e qualquer outra coisa seja inadequada.
Enfim. O fato é que, passado o susto, um bebê acordado é mil vezes mais divertido do que um dormindo. Um bebê acordado ri, levanta as sobrancelhas e dá gritinhos de alegria quando a gente chega perto. Um bebê acordado conversa com os peixinhos do móbile. Um bebê acordado resmunga bravinho quando sua brincadeira lhe parece cretina ou simplória demais. Bebês acordados são irresistivelmente interativos e fofos. E tudo isso me leva a questionar: por que, meu Deus, os bebês precisam dormir tanto???
(dezembro de 2007)
Alice no trocador sorrindo pra mamãe um sorriso de gengivas, os bracinhos se agitando no ar naquela alegria incontida dos bebês, sabe como? Num puxão brusco das mãos ela acerta uma muqueta no próprio nariz. E chora, chora, chora.
Desconfio que era o orgulho, e não o nariz, que estava doendo.
A primeira vez que eu saí pra passear com Alice, me senti uma impostora. Era como se algo estivesse fora do contexto, como se eu andasse pela rua empurrando um carrinho de supermercado ou coisa do tipo. Uma má atriz interpretando um papel que não combina, sabe? Alguma coisa fora de lugar. A verdade é que o papel de mãe demorou um pouco pra servir pra mim.
Porque eu achava que não tinha vocação pra coisa. Eu cresci entre moleques, brinquei como um moleque e a única Barbie que tive na vida perdeu os braços no dia em que saiu da caixa. Brinquedo pra mim era Comandos em Ação e Escrete. Quem podia imaginar que eu seria a primeirona da turma a ter um filho – e de propósito? Mais ainda: quem podia imaginar que eu viraria uma supermãe convicta, dessas que fazem propaganda e campanha pras amigas engravidarem logo? Pois eu virei.
As pessoa me dizem que, como mãe, estou sendo uma bela surpresa. Acho que sim. Dois meses e meio e eu ainda não bati com a cabeça da Alice, não deixei a cara dela cair dentro da água do banho nem tirei um naco de pele na hora de cortar as unhas. Ela está crescendo gordota, saudável e simpática e todos se apaixonam por ela instantaneamente - como haveriam de não se apaixonar, fofa que ela é? Então, por incrível que pareça, estou cumprindo a missão direitinho.
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Sabe aquele papo de que quando nasce um bebê nasce também uma mãe? Falta dizer que ambos, mãe e bebê, não estão de forma alguma prontos quando nascem. É depois de uns bons meses e muito choro de ambas as partes que a coisa começa a funcionar direitinho. Isso derruba aquele mito do instinto materno no sentido de que somos mães prontinhas, infalíveis e incondicionalmente amorosas no instante em que nasce o filho. O instinto existe sim no sentido de proteção, de você de alguma maneira saber garantir a sobrevivência daquele ser tão pequenininho. Mas aquela aura de mãe, aquele amor instantâneo que eu achava que ia me arrebatar no instante em que olhasse pra Alice, esse não foi bem assim.
Enfim, tudo isso pra dizer que ser mãe é coisa que se aprende. Ser e gostar de ser. A gente chora, se descabela e bate cabeça, até que um belo dia se dá conta, sem dúvida nenhuma, que nasceu pra isso.