Mãe de uma criança e meia, acho que posso dizer que aprendi algumas coisinhas da vida de gestante. Em especial no que diz respeito a poupar dinheiro, já que este vai fazer falta lá na frente, quando seu filho usar 8 fraldas por dia, ou perder roupinhas semanalmente, ou trouxer pra casa a lista do material escolar.
Então a gente engravida. E chega o dia em que a nossa silhueta outrora curvilínea e acinturada ganha novas curvas, mas no sentido oposto: onde havia uma ampulheta agora existe um barril bem redondinho. As roupas não entram e a gente se pergunta como diabos vai sobreviver aos próximos meses com dignidade e sem precisar se enrolar em lençóis de casal.
Na gravidez número 1, aquela cheia de deslumbres e consumismo desmedido, você pode ficar tentada a deixar um salário inteiro e mais um rim numa loja de moda gestante (ou ter a sorte que eu tive: a de arranjar alguém - vulgo a própria mãe - que, entorpecida pela alegria de virar avó, decide te dar um guarda roupa gravídico de presente). Não precisa ser muita coisa, já que a redondeza corporal aguda não dura mais que uns 3 ou 4 meses, mas dá pra gastar uma grana, viu? Roupa de grávida pode sim ser bonita e classuda, mas cobra um preço proporcional ao tamanho do seu bucho: estratosférico. E é uma roupa que se escangalha rápido, porque é usada sem descanso por meses a fio. Na gravidez passada eu comprei 1 vestido, 2 calças e 2 blusas (que intercalava com camisetões ou vestidos largos de minha própria lavra), e ninguém sobreviveu muito bem pra contar como foi. Está tudo gasto, desbotado e mal ajambrado, então uso como roupa de ficar em casa, e olhe lá.
Então vejo-me grávida de novo, e com o seguinte dilema:
Gasto os tubos pra fazer um novo guarda roupa gestante-chic?
ou
Esta noite se improvisa?
Ah, que pergunta. Improvisemos, lógico! Nem é tão difícil assim, olha só...
A lição número 1 de economia modal envolve: uma grávida que não tenha engordado muito, e alfinetões*. Daqueles graúdos e grossos, não entortam por qualquer coisa (afinal, um barrigão de 7 meses está longe de ser "qualquer coisa"). Pois bem: se a sua calça entra mas não fecha, essa dica é pra você! Dá pra ganhar vários centímetros na cintura daquele seu jeans favorito usando um bom e velho alfinetão no lugar do botão. Continue usando toda pimpona aquela saia sexy, ou o shortinho-com-meia-calça que andou tão na moda, ou a bermuda de alfaiataria que dá todo aquele ar de dignidade na pessoa. Basta combinar a parte de baixo, devidamente alfinetada, com um top compridinho e largo, e pronto!, você não precisa comprar calças novas com aqueles elásticos horrorosos e que custam pra mais de 200 contos. Basicamente você mantém na ativa tudo o que envolve zíper e botão, o que dá uma bela ajuda no orçamento e na vida - porque a falta de variedade na parte de baixo é uma grande dificuldade nessa fase. CUIDADO: resista ao impulso de levantar a camiseta pra mostrar o barrigão para os transeuntes, porque você vai acabar mostrando mais do que gostaria - lembre-se que o zíper não estará completamente fechado e sua calçola bege estará à mostra, logo ali abaixo do fatídico alfinetão.
*Ok, eu fui ridiculamente amadora com essa história de alfinete. Esqueçam o alfinete e usem um elástico de cabelos para fechar as calças - muito mais confortável, hein? É só dar uma laçada com o elástico na casa do botão e fazer uma "casa falsa"- e flexível! - com o lado que sobrar. Aí abotoa-se normalmente. Muito obrigada às meninas que deram a dica!
Lição 2: use a moda a seu favor. A tal moda "boyfriend", de se usar roupas larguinhas como se você tivesse assaltado o guarda roupa do namorado, por exemplo. Tem coisa mais oportuna? Se a dica do alfinete não funcionar e você tiver que comprar uma calça um número maior, pelo menos pode usá-la depois da gravidez e ainda pagar de moderninha! (E neste momento alguém mais atualizado que eu vem aqui dizer que moda boyfriend é sooo last week e o negócio agora é usar calças justíssimas marcando o pandeirão, ou coisa que o valha. Mas olha: quem liga pra moda, afinal? Enquanto houver grávidas haverá adeptas da moda boyfriend, gente! Tem coisa mais conveniente pra uma ex-grávida que usar uma calça um número maior e ainda assim estar bem vestida?? Vida longa aos boyfriend jeans!)
Lição 3: salve os sapatões! Não sei quanto a vocês, mas eu ganho pés maiores quando estou grávida. Tive que comprar sapatos novos pra acomodar meus pés de bisnaguinha com mais conforto. Mas aí vai-se a gravidez, vão-se as bisnaguinhas e sobram você e seus sapatos grandes. Solução profissional: palmilhas. Solução pobrinha e honesta: modess ou carefree dentro dos sapatos. É prático, baratinho e ainda dá pra trocar antes de ficarem encardidos e acumularem chulé, olha que sucesso! (E carefree também é ótimo pra usar naqueles sapatos que ficam sambando nos pezinhos dos seus filhos, fica a dica!)
Liç ão 4: busque a flexibilidade. Grávidas não precisam necessariamente de "roupas de grávida". Eu prefiro comprar roupas multiuso, que possam ser usadas na gravidez e depois dela - batas com um bom corte, por exemplo. Gosto também daquelas barrigas bem marcadinha e seguras de si, então acho que nem só de peças largas se faz um guarda roupa grávido. Uso as camisetas de sempre, mesmo que fiquem bem justinhas na barriga (só evito as mais curtas, que deixam uma faixa de pele pra fora, e as mais queridas ou delicadas, porque elas podem esgarçar). Vestidos marcados abaixo do peito são lindos e vestem bem grávidas e não-grávidas. Saias de elástico, é só puxar bem pra baixo da cintura. Mesmo as calças de grávida podem ter um elástico secreto, ajustável na cintura, então dá pra usar tranquilamente passada a gravidez. E por aí vai. No fundo a gente tem que experimentar e ver o que funciona e o que não - algumas peças ficam deformadas se a gente tentar adaptar, aí não compensa. Mas em muitos casos dá sim pra passar a gravidez improvisando com o que se tem, e fazendo compras de modo inteligente.
Lição 5: desapego. Roupas de grávidas, assim como as de bebê, estão aí pra serem emprestadas pras amigas, gente! Não faz sentido investir tanto em roupas que serão usada por tão pouco tempo. Então, se a roupa é indiscutivelmente gestacional e eu não vou usar mais, passo adiante sem dó (situação hipotética, já que as minhas amigas ainda não se animaram muito pra engravidar e eu acabei usando todas as minhas roupas de grávida pela vida afora...). Lei do eterno retorno: quando você embarrigar de novo vai ter um monte de roupas diferentes à sua disposição, pode apostar!
No fim de tudo, você pode pegar essa porção de reais que economizou na gravidez e se dar uma roupa bem bonita de presente! Ou um corte de cabelo, uma massagem, um trato tipo barba-cabelo-e-bigode. Porque se na gravidez o cenário já parecia preocupante, é nos pós-parto que a baranguice bate de verdade, e agora sim um mimo se faz necessário. A lista de material escolar pode esperar...
(Mais economiquês, dessa vez sobre o enxoval do bebê, aqui.)