Alegria de fim de tarde: chegar em casa e encontrar uma entrega de flores para a minha pessoinha. Flores não: todo um combo floral, que inclui também uma porção de bombons rechados, um cartão misterioso e um laço bem bonito. Naquele dia nem era meu aniversário, nem data especial, nem nada. Um dia como todos os outros - mas com flores em cima da mesa, nhóim!
Filho olha curioso. Filha faz
ÓÓÓ e pergunta se são para ela (é que quando fez 5 anos ela recebeu flores do bisavô - ficou toda prosa e agora acha que a vida é assim, que ela é a mulher da casa mais propensa a receber tais mimos). Olhamos juntas o nome escrito no cartão: não, filha. Dessa vez é para a mamãe mesmo.
E aí eu, besta, resolvo fazer uma cena.
- Uau! Alguém me mandou flores, que emoção! Quem será que foi?
Eu sei quem foi, claro. Mas valorizar exageradamente o momento para regozijo próprio, quem nunca? O cartão não veio assinado, então pronto, remetente oculto. "Alguém" me mandou flores! Planejo olhares de mistério e pausas dramáticas, mas nem dá tempo.
- Fui eu - diz Lucas, 2 anos e meio, com a cara mais lavada desse mundo. E, sem mais, sai arrastando seus chinelinhos até a cozinha para fuçar a geladeira.
Apropriação indevida de gentilezas, roubo de mérito alheio, manifestação despudorada de cara-de-pau? Isto é impulse!