ATO 1
Eu, Lila, Lucas e uma revista com meu amigo Chico na capa. Coisa lindinha de deus, ó:

Olho para a capa e devo fazer cara de maria mole, porque ela pergunta: quem é?
- É aquele cantor que eu adoro, lembra? Chico, o nome dele. Adoro.
- Por que você adora?
- Eu adoro as músicas que ele faz.
- Por que você adora as músicas que ele faz?
- Porque são músicas lindas.
- Por que são músicas lindas?
(Ai meus sais. Às vezes eu acho que a curiosidade infantil não tem nada de curiosidade, é só sacanagem pra ver como a gente dá conta de responder perguntas despropositadas ad infinitum...)
- Porque são mísicas boas de ouvir e de cantar. Você também gosta dele, sabia?
- Por que eu gosto dele?
- Porque ele fez aquela música assim: "Au au au, ióió..."
Ela arregala os olhos e abre um sorriso. Opa! Toda uma identificação acontecendo...
- E aquela: "Nós gatos já nascemos pobres"
Mais sorriso. Toda a magia chicobuarquiana tá pegando minha filha, posso sentir!
- Ele aquela: "Procurando bem, todo mundo tem pereba, só a bailarina que não tem!"
Ela ri mais e mais, com os olhos mais e mais arregalados. Chico ganhou a garota com três musiquinhas, viram? Muito orgulho!
Lila aumenta o sorriso, os olhos arregalados, a cara de paixão, e manda:
- Ele canta "ai se eu te pego, ai ai se eu te pego"?
ATO 2
É ouvir tais palavras e o Lucas, que estava quieto até agora, me sai saracoteando.
- Ai! Ai! Ai! - diz ele, parafraseando o poeta (o poeta errado, atenção!) e terminando de esfarelar minh'alma.
ATO 3
Alice nota a minha decepção e, para consertar, declara seu amor por mim com um fatídico coraçãozinho com as mãos.
Agora eu pergunto: já posso deserdar?
*** Lembrete fundamental da Lia: Chico escreveu o livro infantil mais adorável de todos os tempos, Chapeuzinho Amarelo! Foi o meu favorito e é um dos favoritos da Alice! Toma essa, Teló!***