terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

:: Le ménage


Logo que conheci a Marcela, naquele papo-vai-papo-vem de quem quer se conhecer, ela disse: a fulana, que faz ménage lá em casa, tava na festa da Pepe, lembra?. Aí eu tentei fazer uma cara neutra mas fiquei pensando com meus botões que saber tanto assim da intimidade dela talvez fosse muita informação pra um primeiro papo, sabe? Depois de um vinhozinho e uma relação mais sólida eu super topo esse tipo de conversa, mas assim, nos primeiros minutos de amizade, empurrando carrinho de bebê, sei não. Então, mesmo tentando agir com naturalidade frente a notícia de que a “moça do ménage” estava na festinha de um ano da filha deles eu devo ter arregalado um baita de um olho, porque Marcela riu e me explicou que ménage aqui é arrumação, faxina, essas coisa. Ah tá.

E foi assim que eu e Carlos descobrimos que também estamos metidos nesse negócio de ménage. Porque eu não sei passar roupa – prontofalei – e uma ajudinha aqui se faz necessária devido aos meus porcos parcos talentos de dona-de-casa. Assim entra na história a Mariza, carioca radicada em Paris há quase 40 anos. Uma senhora très simpática que quebra todos os galhos pra mamãe-sonsa aqui, de ajuda na limpeza a telefonema pro pediatra. Alice adora Mariza e vive atrás dela pela casa, morrendo de rir sempre que Mariza a chama de coquine ou diz “ô-lalá” (os franceses, ao contrário do que se pensa, dizem ô-lalá, sempre num tom bem grave. Uh-lalá é uma invenção literária, creio eu.).

Daí que Mariza volta e meia fala do Chico. Ela faz ménage pro tal Chico há um bocado de tempo, desde o Brasil, se entendi direito. E me explica que não pode ficar muito porque o apartamento dele alagou e ela vai lá dar um jeito. Ou que não poderá vir no dia tal porque é o dia em que ele chega à Paris. Teve o dia em que o telefone dela tocou e ela, “alô, Chico?, passo aí hoje, beijo-tchau”. Noto um apego em sua voz quando ela fala do Chico, mas assim, com todo respeito.

Chico, Paris, carioca, apego respeitoso...

Em duas palavras? Chico. Buarque.

Oh-my-god.

Agora me diz se não é a glória: Chico Buarque conhece Mariza que me conhece. 1 grau de separação, o mais perto que eu já cheguei dele, meu ídolo absoluto desde sempre. Pois mesmo antes de saber quem era Chico Buarque eu já tinha decorado o disco d’Os Saltimbancos in-tei-ri-nho e cantava que todo mundo tem pereba, só a bailarina que não tem (e mais: eu achava que Ciranda da Bailarina tinha sido feita pra mim, como toda menininha que já vestiu um tutu cor-de-rosa achou um dia...).

Pois o Chico tem apartamento aqui pertinho de casa. E está em Paris a-go-ra. Vez em quando eu vou lá dar umas voltas no bairro dele achando que vou cruzar com o moço. E sempre fiquei pensando se eu teria coragem de dizer alguma coisa, caso cruzasse. Porque eu me conheço: se encontrar com ele na rua, vou ficar roxa e passar correndinho, com vergonha, sem coragem de gritar ou jogar a calcinha puxar um papo inteligente, como eu sempre sonhei. Vai ser o anticlímax absoluto e eu vou me odiar pra sempre, de modo que no fundo era bom que a gente nunca se cruzasse mesmo. Mas agora não! Agora temos toda uma história em comum, eu e ele. Temos Mariza, temos o ménage que nos une! Se isso não é intimidade eu não sei o que é, juro.

Estou pensando em pedir pra Mariza me levar como assistente ao ménage do Chico, naquele esquema eu-lavo-você-enxágua. E depois eu contaria toda orgulhosa pra Marcela que fiz um ménage na casa do Chico Buarque, e aposto que ela também ia arregalar um baita de um olho!


(Ah, blog de mãe, né? Então fica a dica dos Saltimbancos, Ciranda da Bailarina, O Grande Circo Místico, etc etc - pra introduzir os pequenos à boa música desde cedo.)




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

:: A garça e o pinguim



domingo, 15 de fevereiro de 2009

:: Com a palavra, Rebeca


Assim comentou Rebeca, num certo dia, aqui neste blog:

Rebeca disse...

Oi meninas mães!
Como não tenho blog vou aproveitar esse espacinho aqui pra dizer que eu tô amando as tais fraldas de pano. João tava com alergia de todas as outras. Bom pra ele e pro planeta. Pode
 falar nome de site em comentário? Se a Mari liberar eu coloco o site aonde achei. [Liberadíssimo, gata! Me manda que atualizo aqui.]

Abraços a todas!
ps: vou colocar esse comentário no blog da Thaís também. 
[o blog da Thaís: aprendiz-de-mae.blogspot.com]



As tais fraldas de pano. 

Antes de ser mãe eu não me preocupava tanto assim com o futuro do planeta, a ponto de cogitar esfregar fraldas sujas de cocô no tanque. Mas depois que o filho nasce a gente passa a pensar com mais carinho nas gerações vindouras. Parece que a nossa existência curtinha e besta ganha sentido e se amplia a longo prazo, e lavar fralda parece apenas parte do processo natural de cuidar do mundo pros nossos filhotes, e pros filhotes deles, e os filhos dos filhotes deles, infinitamente. 

Não tenho aqui as informações precisas sobre o impacto ambiental de ZILHÕES de fraldas descartáveis enchendo os lixões do mundo todos os dias, mas bonito não há de ser. Então, só o esforço em evitar o acúmulo de lixo já é louvável. De quebra, as fraldas de pano são mais econômicas, dão menos alergia e o bebê ainda fica mais feliz e maciinho - quem me contou foi a , que disse que a Luiza fica bem mais pimpona com elas. Fora que são lindinhas, ó:


foto: www.babyslings.com.br - esse site tem bastante informação sobre o assunto


Eu ainda não experimentei, confesso (ha! Falar é fácil, né malandrona?). Tenho só mais alguns meses em Paris, e se o tempo já é curto, imagina se eu tiver que lavar fraldas? Fora que aqui não tem tanque, não tem varal, o sol não esquenta, etc, então fica difícil. Mas voltando ao Brasil, quero experimentar - e vou me esforçar bastante pra dar certo! 

Enfim, tô aqui falando mas tenho ZERO conhecimento de causa. Quem já usou, fique a vontade para deixar um depoimento sobre o assunto (e quem não tem blog, como a Rebeca, é só me pedir que eu publico, ok?)


ATUALIZANDO:

Sites gringos sobre o assunto, com lugares para se comprar fora do Brasil (valeu, Fê):

www.green-me.co.uk 
www.naturalchild.co.uk
www.ecobebes.com
www.naturkinda.com


(que diacho que traço é esse aqui embaixo, minha gente??? de onde veio isso???)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

:: Os Antigos


São sempre eles. Os Antigos. Sempre que a Vanda dava algum conselho engraçado e eu fazia cara de interrogação, ela mandava um “ah, isso é o que dizem os antigos”, acho que para fugir de qualquer responsabilidade.

Os Antigos. Uma entidade, uma seita misteriosa, que vêm fazendo as mulheres agirem de forma esdrúxula com seus bebês há um bocado de tempo. E muitas vezes eles acertam, esses danadinhos!

A Vanda trabalha na nossa casa lá em São Paulo, e me ajudou horrores desde que a Alice nasceu. Mas ficava chocada por eu não conhecer e nem seguir os mandamentos dos Antigos. Me deu altas broncas, a dona Vanda. Acho que ela muitas vezes temeu pela pobre Alice, com essa mãe ignorante e desconectada da sabedoria ancestral.

Os Antigos dizem que a mulher em dieta (abre parênteses, "Dieta" = "quarentena" = puerpério = aquelas primeiras semanas doidas depois do parto, muito obrigada, fecha parênteses) não pode andar descalça nem tomar chuva. Comer ovo nem pensar, porque apodrece a menstruação (que menstruação, Antigos??? Mulher que acabou de parir não mestrua, meus queridos!). Os Antigos têm algumas práticas muito peculiares, como passar caldo de feijão na boca do recém-nascido pra não dar sapinho, grudar um fio vermelho molhado na testa pra passar o soluço ou batucar o nenê – coisa que eu nunca entendi, mas acho que tem a ver com bater os pezinhos dele no chão por alguma razão misteriosa que os Antigos, é claro, conhecem muito bem. Eles também dizem que quando o bebê faz bolhinhas de baba a gente precisa coçar a moleira dele imediatamente, e que quando o cabelo da mãe cai é sinal de que o filho já a reconhece (nesse caso, Antigos, minha filha me reconhece desde que eu estava grávida de 6 meses).

Me divirto um bocado com eles e acho os conselhos pitorescos. Só tem um problema: os Antigos não gostam de médico.

- Já tá na hora de fazer um suquinho pra ela, né? (Vanda, quando alice tinha 1 mês.)

- Não, Vanda. Ela fica só com leite do peito até os 6 meses.

- SEEEEIS MESES???? (cara de espanto da Vanda.) Quem disse isso?

- A médico dela, uai.

- E VOCÊ VAI FAZER TUDO O QUE A MÉDICA MANDA??


Ou:


- Não vai passar o feijãozinho na boquinha dela?

- Não, Vanda. Ela é muito pequenininha ainda.

- Ah. Mas se você botar ela bem que vai gostar...

- ...mas se eu botar a médica dela me mata...

- e precisa contar tudo pra médica???

Eu sempre achei graça, mas nunca segui muito os Antigos não. Sou super a favor da sabedoria popular, desde que ela pareça de fato sábia, o que nem sempre era o caso. E fizemos, eu e Carlos, uma escolha lá no comecinho da gravidez: vamos escolher um pediatra legal e confiar nele, ponto. Porque senão fica aquela loucura de "o médico disse isso, o homeopata aquilo, minha tia aquilo outro" e com a gente não ia funcionar. Tem quem consiga fazer assim, e ir filtrando aqui e ali pra decidir o que é melhor. Pra gente, indecisos o suficiente, basta uma pessoa como guia. Uma pessoa de confiança e que combine com o nosso estilo alternativo-pero-no-mucho de ser. Porque a gente topa chazinho e topa remédio, sem crise - afinal, o meio termo foi o caminho escolhido pra quase todas as decisões que se referem à nossa filha.


Então, entre Antigos e médico, ficamos com médico. Mas confesso: em Paris os conselhos deles estão fazendo uma baita falta (até porque aqui o que diz o médico eu não entendo, hoho!). Na verdade nem é deles, e sim da "Voz da Experiência", sabe? A Vanda tem 4 filhos e um bocado de netos, alguma coisa com certeza ela sabe. Filtrando um pouco o que parece ser crendice, tem um monte de conselhos ali que são ótimos. E aí tem as ajudinhas de minha mãe, minha sogra, tias, cunhadas, amigas-de-amigas. Todo mundo que já criou filho pode contribuir com alguma dica, truquezinho, palavra amiga (haha), e esse tipo de convívio faz falta pra quem mora longe. Tenho a querida Marcela, mas estamos no mesma barco: mães de primeira viagem morando fora. E aí?


E aí que eu tenho VOCÊS, MINHAS AMIGA (ai, a Palmirinha! Não resisti!). Tenho visto aumentar a rede de blogs-de-mães, leitoras de blogs-de-mães, comentaristas de blogs-de-mães (etc, etc) sempre entrando em contato e tentanto se ajudar, e isso me deixa bem mais tranquila e feliz. Saem os Antigos, entram as Mudernas, hein, hein? Internet a serviço dessa arte tão milenar que é criar filho, quem diria?

Então eu quero agradecer muito as visitas, os comentários e a rede que tá se formando. Temos ali do lado esquerdo uma lista de mammas amigas linkadas (às vezes esqueço de atualizar, então me mandem emails se quiserem que eu adicione, ok?), e a Lu deu a dica de um diretório de blogs de mães (no qual eu vou entrar assim que descobrir como) linkando os blogs por assuntos. Join!



Bom, dito isso, vamos ao que interessa: a Alice (que tá com 1 ano e 5 meses) tá chata e fazendo uma birra federal sempre (SEM-PRE!) que é contrariada. Até expulsos de restaurante já fomos por causa do showzinho da moça. Ah, e ela não quer comer comida salgada nunca mais nessa vida.

Ajuda, alguém?



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

:: Na estrada


Estamos viajando, gentes.

Vou tentar, mas não garanto blogadas (nem emails ou comentários respondidos) nos próximos dias. Estamos naquele esquema "uma cidade por dia", então o tempo tá bem curto.

Posso adiantar o seguinte: bebê + horas no carro = todo o repertório de musiquinhas infantis do planeta, non-stop. Se no fim da viagem Alice ainda me suportar, tô no lucro!

Beijos e até!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

:: Dos arquivos


Fuçando no arquivo do outro blog, achei um oportuno texto de novembro de 2007, quando Alice tinha pouco mais de 2 meses. Ei-lo: 



":: Baby Fat

 

Deixando a modéstia um pouco de lado: eu era uma grávida-espetáculo. Sério mesmo. Poucas vezes eu me senti tão gostosa na vida. Gostosa, macia e cheirosa. E paparicadíssima, ainda por cima. Voltar ao normal já seria difícil. Que dizer então de voltar nesse estado tão... pós-parto?

 

Passado aquele triste espetáculo do pós-parto imediato, com todas as dores e olheiras e cheiro de leite azedo, sobraram a barriga e 5kg a mais.

 

Os 5kg são administráveis e devem ir embora assim que eu me convencer que não devo mais comer como uma grávida louca, o que deve acontecer depois do Reveillon - porque antes disso eu me recuso. Regime no Natal? Sem chance. Aproveitarei a desculpa estou amamentando para me jogar na ceia e a desculpa pari há pouco (4 meses = pouco???) para dourar minhas carnes excedentes nas areias do Rio sem nenhum pudor.

 

A barriga é que complica. Porque não é só uma questão de gordura. O problema são os músculos, que esticam horrores na gravidez e ficam molegos quando o barrigão vai embora. Então você tenta fazer um mísero abdominal e acha dificílimo, os músculos tremendo como se nunca tivessem sido usados na vida. Resultado: barriga de borracha. Que é feia e causa risos debochados nos mais íntimos, mas por outro lado é ótima de apertar, como aquelas bolinhas que as pessoas apertam pra relaxar, sabe? Várias noites dormi embalada por mim mesma só beliscando a pancinha, tóim-tóim. Uma delícia.

 

Foi divertido, mas agora chega. Um Projeto Verão se faz necessário.

 

Ou eu desencano e trato de encomendar o segundo herdeiro logo, aproveitando o corpinho já adaptado. Porque emagrecer 5 kg e conquistar uma barriga respeitável pra engravidar logo depois não dá.

 

Comentário do Carlos diante desse meu comentário: Então você quer engravidar por preguiça de emagrecer. Sua cara mesmo.

 

Pior que é."



Bom, então eu emagreci. Paris emagrece, vejam vocês. De alguma maneiram o tanto que se anda compensa o tanto que se come - e olha que aqui se come muuuito, e gordamente, tudo tem creme e manteiga e gordura de ganso, uma loucura. No entanto, tô magrinha, como só estive uma vez em toda a minha vida adulta: exatamente antes de engravidar.


Ó, que coincidência! 


Agora me diz: pra mais alguém isso soa como um sinal superior de que está na hora de providenciar o irmãozinho da Alice pra já?, ou será que o único sinal aqui é o do meu relógio biológico de parideira apitando bem alto? 


Dúvidas, dúvidas.

 

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