terça-feira, 30 de setembro de 2008
:: Manhã parisiense
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
:: Brincos
E aí eu notei que as menininhas francesas não usam brincos. E mais: recebo uns olhares estranhos por conta dos brincos da Alice. Reprovadores. Devem me achar uma selvagem por ter mutilado minha filha tão pequenininha.
Foi uma questão, na época. Furar ou não furar. Um lado meu morria de dó, mas outro tinha certeza que ela me agradeceria por isso mais tarde. Porque eu saí da maternidade de brinco, e sempre agradeci loucamente à minha mãe por isso. Lembro de amigas que não tinham as orelhas furadas e era sempre uma crise quando elas decidiam furar, sempre batia uma ansiedade, medo, era um sofrimento. E eu pensava: ufa!, que bom que já vim furada de fábrica (recém-nascido ainda tem um pezinho na fábrica...). Pra mim, muito mais cruel do que furar uma bebezica inconsciente e molinha era fazer uma menina de, sei lá, 7 ou 8 anos, tomar a decisão de ir na farmácia pra alguém atravessar sua pele com uma agulha grossa, e duas vezes. Pois era justamente esse o argumento do Carlos para não furar: vamos deixar ela tomar a decisão quando for a hora, e encarar, lidar com o medo. Faz parte do crescimento. Putz, verdade. Meu marido é um cara muito bacana e cheio de colocações pertinentes. Mas a mãe sou eu e mãe manda mais nessas horas. Eu ainda achava que furar agora seria evitar um sofrimento futuro maior, e o que é ser mãe senão querer adiar o crescimento evitar o sofrimento da prole?
Quando Alice fez um mês, chamamos uma enfermeira que veio em casa botar os brincos. Fiquei tensíssima, confesso. Culpada. Com vontade de chorar, de me trancar no quarto pra não ver. Mas segurei a onda e fiquei ali, pra dar o apoio moral que minha filha iria precisar depois de ser cruelmente brutalizada por conta de um capricho babaca da mãe. Então a moça furou uma orelha, depois outra, e nada aconteceu. Alice não acordou, simples assim. Estava dormindo e dormindo permaneceu - mas agora lindinha com seus brinquinhos novos, presente do biso. (O nome do milagre? Pomada EMLA, anestésica, uma hora antes. Um luxo!)
Desde então, ela nunca tomou conhecimento dos tais brincos. Não puxou, não coçou, não reclamou. E eu, aliviada, achei que furar foi a decisão certa pra gente.
Mas eis que vem a escola e me faz tirar os brincos (razões de segurança, pelo que entendi). E cá estou, depois do perrengue todo, morrendo de medo dos furos fecharem e Alice, aos 8 anos de idade, ter que sofrer com a decisão de (re)furar as orelhas. Agora me diz: existe justiça no mundo?
(Existe. Pro pai.)
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
:: Espaço aberto pra anunciantes
:: Escolinha - dia 2
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
:: Alice na escolinha - dia 1
Ontem Alice começou a adaptação na halte-garderie!
E... não aconteceu nada. A responsável pela parte dos bebês me explicou o esquema rapidinho e perguntou sobre hábitos da Alice, enquanto a própria tentava escalar um almofadão multicolorido. Aí, tchau e até amanhã. A coisa toda não durou 20 minutos.
O espaço é uma sala pequena com alguns brinquedos e almofadas pelo chão e uns berços em um canto. Não é bem uma escolinha, é mais um quebra-galho pra liberar as mães por algumas horas. Eles juntam ali meia dúzia de crianças e cuidam para que elas permaneçam vivas e relativamente inteiras até a hora das mães virem buscar. É tudo muito simples. Mas como criança consegue se divertir até com garrafa de plástico vazia, tá ótimo. Junta um chão colorido, sucata e um monte de bebês que eles fazem a festa.
Então eu saí, contei até 900 fiz uma listinha de supermercado na sala de espera, e voltei. Alice me viu, abriu um sorrisão e veio se arrastando de barriga em minha direção. E atrás veio a moça, pra me narrar a performance da minha filha nesses 15 minutos.
Meu francês ainda é meio chulé, mas pelo que entendi, ela disse que foi tudo ok. foi tudo ótimo, que Alice comportou-se exemplarmente, que ela é uma criança inteligente, sociável, educada, curiosa, charmosa, dengosa, cheirosa, sexy e linda de morrer, e que inclusive a gurizada toda do jardim de infância pagou um pau.
Rá, que sucesso! Amanhã serão 30 minutos, 15 a mais pra Alice exibir todo o seu charme pessoal. Vai lá mostra pra eles a ginga da mulher brasileira, filha!
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
:: Acabou chorare ficou tudo lindo. Ou não.
sábado, 20 de setembro de 2008
:: Funchicomo? II
fernanda disse...
Posso dar uma palpitada tb??
Meninas...fuchicoria é açucar sim!!(tem um "bucadim" de sacarose na sua composição..e tb aspartame - isso mesmo..o mesmo componente do adoçante!!)
Ninguem quer entupir o filho de açucar assim que nasce, certo??
Então o que sempre funcionou aqui em casa, foi uma bela bolsinha de água quente...MAMÃE tomar chá de camomila...e qdo o bicho pegava mesmo...banho de balde!!!
Nada como um bom banho de balde para melhorar a vida desses pequenos!! Se não tiver o balde...coloca na banheira mesmo!! A água faz milagres!!!
E não tem açucar..né?? Vamos deixar para dar as delicias de guloseimas açucaradas um pouquinho mais para frente!!!
Ah..nem todo chorinho é colica meninas..muitos recem-nascidos choram porque antes não tinham que fazer cocô, arrotar..todo o aparelho digestivo "não" era utilizado..então tudo é muito novo para eles..muitos choram por isso!! Procurem reparar se não é isso..depois de um tempinho eles aprendem e param de chorar...
Ah..posso dar mais uma palpita (dica)???
Qdo o recem-nascido fica resistente ao sono..basta passar a mão entre os olhinhos..(alguns tem sono..ficam chorões e não conseguem dormir..) eles bobinhos nÃo sabem que para dormir basta fechar os olhos....então fazendo esse carinho neles...facilita e mostra o caminho para soneca.
Beijocas..Fê
Valeu o toque, Fê!
Bom, eu dei uma fuçada e vi que a composição da Funchicórea é a seguinte (para a porção de 0,15 gramas):
Extrato mole de chicórea ................... 0,01g
Ruibarbo em pó ............................. 0,01g
Essência de funcho ......................... 0,0035mlSacarina pura .............................. 0,003g
Excipiente q.s.p. .......................... 0,15g
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
:: Funchicomo?
Com a mudança pra Paris e toda a confusão que se seguiu, esse blog acabou abandonando seu lado pseudo-educativo. Pseudo porque não sou médica nem especialista nem nada, sou só mãe, tá gente?, e nem faz tanto tempo assim. No fundo, eu sou uma palpiteira, só isso. Então ouça sempre o médico primeiro, ok?
Advertência de segurança colocada, vamos falar a verdade: o que é ser mãe se não palpitar e ser palpitada, gente? Taí a imensa e universal Confraria das Mammas pra provar. Então hei de palpitar enquanto puder, e os comentários estão abertos para vossas próprias dicas, palpites e opiniões. Aqui pode tudo, ou quase - como diz a Olly, só não vale xingar a mãe. Que, no caso, sou eu mesma.
Enfim, a dica do dia:
Se eu precisasse dar um conselho para novas mamães em apenas uma palavra, ela seria: Funchicórea. Não se impressionem com o nome esdrúxulo. Funchicórea, meninas, é a prova definitiva de que Deus existe!
Trata-se de um pozinho cor-de-rosa numa embalagem de antigamente. O rótulo diz que é um fitocomposto à base de chicória, funcho e ruibarbo, natural e sem contra-indicações, mas há quem diga se tratar de um composto de Valium, Prozac e Dormonid, o que pra mim faz muito mais sentido. O gosto é de açúcar - e se açúcar funciona com você, amiga mulher, nas horas do aperto, pense no que não pode fazer por um recém-nascido histérico em termos de conforto, controle da ansiedade e delicinha. É tipo chocolate na TPM. Ou aquele velho truque do melzinho na chupeta, mas sem o melzinho- que é proibido para bebês, atenção!, consulte seu pediatra para saber mais.
Funchicórea funciona assim:
Bebê chorando --> Mãe chorando --> Chupeta à milanesa coberta de funchicórea (aliás, pra mim "chupeta" é a segunda palavra vital da maternidade. Há controvérsias, eu sei, mas com Alice funciona que é uma beleza) --> Bebê quietinho e de olhos arregalado, chup-chup-que-delícia --> Mãe feliz --> Bebê dormindo --> Mãe dormindo (por 1 ou 2 horas) até ser acordada por...
Bebê chorando.
(Continua forever and ever, por um mês inteirinho, ou mais.)
2 horas de sono ininterrupto parecem pouco agora, mas vão ser um luxo quando for a hora, acredite. Por essas 2 horinhas eu ajoelhava no chão duro e agradecia à Funchicórea todo dia de manhã (manhã, noite, que diferença faz quando se tem um recém-nascido???).
Então a gente comprou muitos potinhos e espalhou pela casa, carrinho, sacola do bebê, casa de parentes - outra ação que eu recomendo fortemente, porque encontrar a Funchicórea é bem difícil durante um ataque de fúria do seu bebezinho. E assim sobrevivemos felizes aos primeiros meses de Alice, que agora já é grandona e madura e só vai voltar a recorrer a coisas docinhas pra se acalmar quando fizer uns 13 ou 14 anos.
Fim.
(Ah é: já ouvi relatos de bebês que eram completamente imunes à Funchicórea. Se esse for o caso, pelo menos você aprendeu um nome bem feio pra praguejar nas horas de raiva.)
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
:: Alice vai pra escola!
Consegui fazer a matrícula na escolinha!
Minto. Quem conseguiu foi o Carlos. Como era gostoso O meu francês me abandonou assim que pisei nessas terras, de modo que não entendi patavina do que a madame-diretora dizia. Eu só fazia que sim com a cabeça com um olhar sábio, enquanto Carlos e ela se comunicavam loucamente.
O fato é que conseguimos 3 meios-períodos pra Alice: manhã de terça, tarde de quinta e tarde de sexta. Estranho, né? Não entendi como ou porquê, mas o Carlos entendeu assim, meio chutadamente, que é por falta de vagas nos outros dias, e é por enquanto, e pode mudar e blá-blá-blá. Eu achava que escolinha era coisa de todo-dia, mas tudo bem. Esses três já vão ajudar bastante.
Segunda às 9 da manhã nós vamos lá para começar a adaptação - o período em que eu fico junto com ela na sala, pra ela ir se acostumando ao ambiente e às pessoas. Deve demorar uns 10, 15 dias até ela se sentir segura, e então, voilà! Alice será uma criança grandona, sozinha na escola (Mon Dieu! Mas ela era um bebezinho pequetito ainda ontem! A frase "nossa, como passa rápido!" é familiar pra alguém?...).
Bom, se eu acompanho Alice nos seus primeiros dias de escolinha, fica a pergunta: quem ME acompanha nos MEUS primeiro dias de escolinha com a minha filha? Eu também tô insegura, gente! Eu também não sei falar como o povo daqui! Eu também queria alguém comigo me tranquilizando até eu me acostumar com a madame-diretora, que me bota um medo terrível, e com os franceses em geral, que são muito bravos! Eu queria 15 dias de adaptação maternal antes de encarar a adaptação infantil, tem jeito, madame-diretora?
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
:: A gente pensa que é malandra...
sábado, 13 de setembro de 2008
:: A vida lá fora II
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
:: A vida lá fora
Paris é o paraíso encantado das crianças. Pra quem vem de São Paulo é um choque.
Quem já tentou sabe: dar uma volta de carrinho em SP é mais difícil que correr o Rally dos Sertões. Buraqueira danada, raízes que brotam do chão, calçadas sem rebaixamento, motoristas mal educados, e por aí vai. Passear, pra Alice, era entrar no carro e ir pra casa da vó, tia ou algum amigo. Ou no Parque Villa Lobos, pra dar umas voltas na pista de corrida. E olhe lá.
Já aqui é uma loucura. Primeiro porque é uma cidade pra ser andada a pé (ou de bicicleta!) – e eu que não dirijo enlouqueço em lugares assim. Depois, entra-se de carrinho até no metrô. Os carrinhos aqui são super leves e tecnológicos, com mil peças e acessórios criados com dois objetivos: garantir a portabilidade (ui, que eu falei bonito agora!) e enfiar o maior número possível de crianças dentro de um só.
Assim:
- A criancinha número 1 vai de pé num skatinho acoplado na parte de trás.
- A número 2 senta numa cadeirinha e vai de costas.
- A número 3, menorzinha, deita na poltroninha – o que pra gente seria o carrinho propriamente dito, com o banco convencional.
- E a número 4, recém-nascida, vai pendurada numa rede de tecido que pende do encosto da cadeirinha do número 3.
Tudo isso, atenção, em um único carrinho, empurrado por uma única mãe! Deu pra sentir o drama? Ok, confesso que quatro crianças assim de uma vez eu não vi. Mas vi todos os acessórios citados acima, e muito mais. Imagino que o planejamento familiar daqui seja todo feito em cima disso, Mais um filho, querida? Melhor não, o carrinho já está lotado.
Enfim, me alonguei falando de carrinhos mas o principal assunto aqui é outro. É como a gente é carente de espaços públicos no Brasil. Pra não generalizar, falo por São Paulo. É de um interior a outro, quase sempre. De casa pra outra casa, ou pro restaurante, ou pro shopping, sei lá. Pouquíssimas vezes a gente sai andando com o bebê rumo a um parque, uma praça, um canteiro florido num canto de rua. Quando vai, é de carro.
Eu tô aqui há 20 dias. Nesse tempo, Alice já visitou 2 jardins loucamente floridos, brincou num parquinho com chão emborrachado, viu várias fontes com patinhos, sentou num tanquinho de areia, andou de ônibus, andou de metrô, andou de barco, cruzou a ponte, dormiu à tardinha em praças e viu cangurus. Provavelmente esteve mais ao ar livre nesses 20 dias do que em um ano em São Paulo.
Pois esse é o cotidiano dos bebês daqui. Não só dos bebês, de todo mundo. Os parques e praças ficam lotados no fim da tarde, com gente espichada pelos gramados pra estudar, ler, bater papo ou tomar vinho comendo croissants. A cidade é de uma civilidade absurda nesse sentido. O espaço público é planejado, e funciona. É de matar de inveja, né não? Nem é tanto inveja, é admiração. E uma baita torcida pra um dia isso virar realidade pra gente também.
Agora, algumas fotos ilustrativas para o vosso deleite:
Aqui a pequena Alice ensaia seus passinhos e a ausência de bunda foi trocada por uma avó em júbilo, o que achei válido. O chão GENIAL está mais visível, notem. É emborrachado, gente!
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Conectada
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
:: Ainda correndo...
... e sem internet. Os franceses tão dando golpinho na gente, que coisa! Jogaram a entrega do modem pra semana que vem. Paciência, até lá continuo escrevendo precariamente de um café (5 euros um cafezinho com leite, posso com isso?).