terça-feira, 27 de novembro de 2012

:: Diálogos impertinentes, agora entre irmãos



A coisa mais linda do mundo é ver irmãos crescendo juntos. 

Irmãos não servem para nada por muitos meses, é verdade. Mas um belo dia eles ficam amigos. E aí se abraçam por livre e espontânea vontade, se beijam, se batem, brincam e conspiram contra o universo juntos. E, meu deus, eles CONVERSAM!

Você sobe mais um degrauzinho da escala de diversão da vida quando irmãos começam a dialogar. Tipo assim, ó:


- Lucás?
- Oi. Alicê. (O Lu falava assim, pau.sa.da.men.te, um ponto final entre cada palavra. Parecia voz de GPS, sabe? "Vire.à.direita.")
- Vem ver o Mickey comigo? 
- Pickey! Puto! Tateta!


- Lucás?
- Oi. Alicê. 
- Me abraça?
- Não.


- Lucas, seu fofinho, seu lindinho, vem cá - beijo, beijo, beijo.
- Não, Alicê! Beijo dói!


-Atchim!

- ...
- Alicê?
- Oi.
- Fala "saúde".
- Saúde.
- Obigado.


- Ma-nhê-o-Lu-cas-me-ba-teu-com-a-pa-ne-laaa! Buááá!

- Desculpa, Alicê.
- Desculpo.
- Machucou?
- Sim.
- Ah. Então tá.


- Lucas, seu fofo!
- Seu fofa!
- Hahaha, "seu fofa"... 
- ALICE, NÃO IMITA!


- Toma esse pedacinho de pão, Lucas.
- Nhoc. Obigado.
- Fiz pra você com amor!
- Com amor, não! - ele cospe e pega outro pedaço - Sem amor é melhor.



(E mãe aqui, toda suspirosa, toda babona, toda confirmando que com amor a vida vai sim ficando cada vez melhor - te juro, Lu!)


terça-feira, 13 de novembro de 2012

:: Manhê!


Dona Anelise, a mãe mais rock'n'roll que eu conheço e moça batuta por trás do Manhê... abaixa o som!, me convidou pra uma entrevista. Coisa rápida, pá-pum. Me mandou um e-mail com uma dúzia de perguntas e eu devolvi ONZE PÁGINAS, ela não sabia onde estava se metendo, pobre!

Mas ela é batuta, é guerreira, se virou lindamente na edição e fez tudo aquilo caber em um espaço decente. Então, lá estoy eu, meu biquíni, meus óculos ridículos e meus achismos, falando para caracoles, como sempre.




terça-feira, 6 de novembro de 2012

:: Dos diálogos que alegram a minha vida



- Filha, sabe como chama essa rua?

- Não.


- Rua Pascal!


- ?


- Pascal! O físico, matemático e teólogo francês do século XVII que... amigo da Rapunzel! Você chamava ele de Mascal, lembra?


- Ah, é! Achei que era o outro.


- Qual outro??? (E nisso você pensa, putaquepariu, ela vai falar do físico, matemático e teólogo francês do século XVII que...)


- O Pascal, amigo do Tylenol, aquele do teatro. Os dois amigos.


- OOOI PascalTylenolWhadafuck
 ???

- O PASCAL, mamãe, amigo do TYLENOL, do teatro que a gente viu, o que cantava para a andorinha! Lembra?



Lembrei, claro. Ela estava falando de personagens de "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá": o Pardal e o Rouxinol. 



Prazer, Pardal.

Prazer, Rouxinol.



Agora me diz: como não esmagar de amor???

terça-feira, 23 de outubro de 2012

:: Choque de realidade



Meus dois filhos estão com febre alta. Lucão está mal desde a semana passada e caiu no antibiótico (de novo). Faz um calor infernal e chove - o pior dos mundos. Acho que estou com tendinite. Enfim, cá estamos em uma semana promissora.

Nessa madrugada a Lila, febril, invadiu a nossa cama e dormiu entre a gente, acalorando ainda mais uma noite que já estava hot hot hot (pelo motivo errado). E hoje, toda dengosa, fez voz de veludo e veio conversar comigo, toda trabalhada no amor sublime amor: Mamãe, você é meu amor e eu te amo mais que o infinito mil vezes ida e volta. Amo você, mamãezinha, e também amo o papai, aí eu deitei com vocês de noite, e aí...


- ...aí estava escuro e eu não sabia quem era você e quem era o papai! Aí eu pus a mão e um tinha pelinho na perna. Aí eu pus a mão e o outro...

Tinha a pele macia, aveludada, sedosa, morena, cheirosa & gostosa?

- ...tinha pelinho na perna! 


PORRA, Alice! PORRA, depilação definitiva que não funciona! PORRA, papai que tem tantos pelinho na perna quanto eu! Porra calor, chuva, tendinite, febre alta! Porra, espírito da Dercy Gonçalves que não me larga!

Vai ser uma longa semana, sim ou com certeza?




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

:: Testei: linha Avent da Philips


Há um bocado de meses chegou em casa uma caixa de produtos da Philips Avent para eu testar. Testei, testei, testei mais um pouco, tercerizei um teste, e cá estou para contar as minhas impressões.


Eu já conhecia e usava as mamadeiras da Avent - sem bisfenol-A, sem cores pastéis, sem ser "de menina" ou "de menino". Curto essa ausência de firulas, coisa rara em produtos para bebês. Sempre achei as mamadeiras ótimas, tanto que elas foras as mais usadas aqui em casa.


Vamos às impressões sobre os demais produtos:



ESTERILIZADOR PARA MICROONDAS


Aqui em casa sempre esterilizamos tudo em panelões de água fervendo. Eu separava uma panela só pra isso, porque tinha um certo nojinho de esterilizar mamadeiras e fazer feijoada no mesmo recipiente, saca? Esse esquema funciona e é baratinho, mas leva uns 15 minutos e exige atenção - eu já perdi algumas mamadeiras e bicos pelo caminho, porque às vezes esquecia a panela no fogo, a água secava e o plástico derretia. Então há que se ter o mínimo de atenção e foco para usar o método sem botar a casa em risco.



vem com um medidor de água e uma minipinça de plástico para você não queimar os dedinhos!



Bom, aí chegou o tal esterilizador. É basicamente uma bacia plástica com tampa, e dentro dela um suporte vazado que apóia as mamadeiras e não deixa que elas encostem na água colocada no fundo do recipiente. Você coloca 120 ml de água no fundo, coloca as mamadeiras, chupetas e cia, lacra e leva ao microondas por 2 a 6 minutos (depende da potência do micro). Ele comporta até 6 mamadeiras Avent, que são mais baixinhas e gordinhas (mamadeiras mais altas precisam ser colocadas deitadas). Eu uso para tudo: mamadeiras, chupetas, copos e o que mais couber. A tampa tem duas travas e fica bem fechada.  O processo todo é rápido e à prova de mães destrambelhadas - você não vai botar fogo na sua casa nem nada do tipo, no máximo vai esquecer tudo no microondas e achar no dia seguinte quando for esquentar o seu almoço.

Gostei bastante do resultado. Tudo fica limpo rapidamente e melhor: guardado em um local protegido dentro do proprio esterilizador. Eu espero uns minutinhos (para esfriar), tiro do micro, escorro a água que sobra no fundo, tampo de novo e deixo tudo lá mesmo. Então pra mim, além de esterilizar, ele serve para guardar as mamadeiras, copos, chupetas. Aqui as coisas sempre acabavam soltas em caixas plásticas cujas tampas já se foram ha séculos.... achei bem mais higiênico e organizado guardar assim, dentro do esterilizador.

(Mãe abre parênteses para dizer que tudo isso é muito bonito na teoria mas na pratica, cadê que eu ainda esterilizo alguma coisa, gente? Tô no segundo filho e ele já tem 2 anos, quédizê: pode lamber sola de sapato que tá tudo bem... mas enfim: se eu tivesse um bebê pequeno em casa e ainda ligasse para coisas do tipo "esterilizar", adoraria esse kit!)

Preço sugerido: R$ 99,90


COPO NÃO-DECORADO, 340 ml 



cores vibrantes*, viva!
"bico sport" (e este é todo o "sport" da minha vida no momento...)


Pode parecer bobagem, mas o "não-decorado" já ganha a minha simpatia de cara! Básico, colorido e sem firulas. O bico é largo e garante fluxo rápido, bom para aquele momento que seu filho é um monstrinho guloso que não tem mais paciência para o pinga-pinga dos bicos estreitinhos. Por ser largo, o bico também é fácil de limpar, o que é um ponto importantíssimo - joguei fora os copos com canudo embutido porque era impossível tirar a nhaca depois de um tempo. O copo tem uma tampinha protetora e o sistema antivazamento funciona mesmo, não tivemos nenhum acidente com ele.

Achei esse copo ótimo. Já testamos um bocado de copos e os da Avent dão conta direitinho, com a vantagem de serem bem fáceis de limpar - dá para desmontar tudo e remontar com facilidade. Aliás, a linha Avent é toda adaptável - os bicos e roscas se encaixam. Você pode botar um bico de mamadeira no copo, ou vice-versa. Pode usar o clip prendedor do copo na mamadeira. Enfim, dá pra fazer uma mistureba boa. Sinto falta dos bicos de copos serem vendidos separadamente, assim como os bicos de mamadeira.  Seria bacana (e econômico, e ecológico) ter um só copo e ir adaptando os bicos de acordo com o crescimento da criança... hein, Avent?

UPDATE: os bicos dos copos podem ser comprados separadamente sim, acabei de ver os pacotinhos numa Alô Bebê! Deve ser novidade, eu nunca tinha visto... mal aê!



Sem bisfenol-A. Pode ser lavado na máquina de lavar louças. Pode ser esterilizado.

Preço sugerido: R$39,90


(*Curiosidade do dia: estive em um evento da Avent em que eles mostraram um novo lançamento de copo, lindão, todo vermelho. Mas nos explicaram que o vermelho era só mostruário, no Brasil ele só seria lançado em rosa e azul (tédio, bocejos...). Fiquei toda lamentosa e perguntei a razão, e a moça da Avent respondeu: É porque os lojistas reclamam! Dizem que as cores "diferentes" encalham no estoque, pois o consumidor só compra rosa e azul!. ALÔ CONSUMIDORES, vamos parar de encalhar as cores vibrantes, fazfavô? Comprem vermelhos, verdes, laranjas! Bebês gostam de c-o-r-e-s, juro pra vocês!)





JOGO DE TALHERES COM ESTOJO



detalhe do cabo emborrachado


Essa belezinha foi meu item favorito! É simples, é óbvio, mas é um amoreco! Trata-se de um estojinho bem bonitinho com um garfo e uma colher. Os talheres são fundinhos e emborrachados na parte de baixo, para evitar que escorreguem do prato ou da mãozinha engordurada dos pequenos. O estojo é bem fininho e fecha bem, com uma travinha que não é fácil de ser aberta por crianças. Achei tão podre de chique sacar aquilo da bolsa nos restaurantes em vez de pedir colheres de chá ou cavucar o fundo da bolsa procurando uma colher solta embrulhadinha em guardanapo de papel (era assim que eu fazia, eca). Vejam: você não precisa de um desses para viver, evidentemente. Mas é tão bonitinho e prático!  Fora que vou pensar em algum uso para o estojo depois que aposentar os talheres. Acho que ele daria uma bela paletinha de maquiagens, hã? A ver, a ver...

Sem bisfenol-A. Pode ser lavado na máquina de lavar louças. Pode ser esterilizado.

Preço sugerido: R$39,90




KIT PARA ALIMENTAÇÃO



fundilhos emborrachados são o frenesi do verão

Vem com três tamanhos de pratos (um tipo bandeja com divisórias, uma prato fundo e uma tigelinha), colher e garfo (os mesmos do estojo acima), tudo emborrachado, combinandinho e muito bonitinho. Vem também um livreto com receitas para crianças. Bacana. Aí vem escrito assim: desenvolvido com a ajuda dos melhores psicólogos infantis, com a foto de uma doutora e tudo. E eu fico aqui me perguntando por que cazzo um jogo de pratinhos precisa da consultoria de psicólogos. Eu mesma explico: deve ser porque pais são bestas e ficam felizes em pensar que estão criando pequenos gênios desde muito cedo.  E dá-lhe Baby Einstein, estimulação cognitiva e um kit de refeição com números estampados. Serião, alguém acha que um bebê de 6 meses dá a mínima para números ou vai contar as frutinhas desenhadas no prato? Mas enfim, o conjunto é fofo e os bebês vão gostar de olhar os coelhinhos e maçãs. Duvido que se tornem mais inteligentes ou psicologicamente saudáveis apenas porque uma psicóloga ajudou a elaborar conjunto de pratinhos onde ele come sua banana amassada, mas enfim, fica aí a opção, para quem se interessar.

A qualidade de tudo é ótima - o material não risca, o desenho não desbota, o branco não fica alaranjado depois de um belo molho de tomates. Não é um jogo de pratos ordinário, isso é evidente. E a caixa é bem bonitona (diria mamãe: "faz vista!"). Enfim: é um kit "deluxe" e rende um belo presente de chá de bebê. Precisar não precisa, mas é um luxinho pra quem tá disposto a pagar, certo?

Sem bisfenol-A. Os pratos podem ir ao microondas e à máquina de lavar louças.

Preço sugerido: R$189,90.  (Ouch! Alá, isso que dá botar psicóloga para palpitar em um jogo de pratos, agora alguém tem que pagar os honorários da moça! Melhor seria desencanar da doutora e baratear esse kit aí, hein, dona Avent? )




COLHER PERSONALIZÁVEL






Crianças canhotas ganharam um lugar ao sol! Personalizável aqui significa "entortável". Essa colher pode ser dobrada para qualquer lado, o que facilitaria as primeiras colheradas autônomas dos pequenos. Uma boa ideia, pois pode ser usada dobrada no comecinho e depois, retinha.

Aqui em casa nunca tivemos dessas colheres tortas, então os meus filhos se acostumaram com as retas mesmo. Dei essa para o Lucas testar, mas ele se atrapalhou com a inclinação, coitado. Usamos ela reta mesmo. Talvez funcione bem com crianças que estão começando, mas aqui ela veio tarde demais.

A colher é toda emborrachada, flexível e fácil de limpar. Só achei que é rasa demais (apesar de o site da Avent descrever como "funda") e a chance de derramar comidas mais molengas é grande. Mas até aí, qualquer bebê aprendendo a comer sozinho faz meleca, correto? Não sei se sujeira é critério nesse momento da vida...

Pode ser lavada à maquina.

Preço sugerido: R$34,90



EXTRATOR DE LEITE MANUAL




Esse foi testada por uma amiga, já que eu não amamento mais.

Ela nunca tinha usado nenhuma bomba e se deu bem com essa. Achou fácil de montar e usar. Riu das "pétalas massageadoras" na descrição do produto, que supostamente estimulam a  descida do leite. Não sentiu massagem nenhuma mas também não achou a extração dolorida, apenas um pouco incômoda no começo - e ela estava bem no início da amamentação, naquela fase em que tudo ainda está meio sensível (e devo dizer que "apenas incômoda" é um trunfo: uma única vez tentei usar um extrator manual - aquele tubo torturador da Lillo - e era impraticável!)

Mas como ela precisava aumentar a produção de leite e usava o extrator EM TODAS AS MAMADAS, achou meio cansativo... provavelmente uma bomba elétrica teria sido a melhor opção pra ela. O próprio site da Avent diz que é um extrator para usar "de vez em quando", então deve ser meio cansativa mesmo. "Trabalha os bíceps!", disse a minha test-driver, haha! Taí um efeito colateral interessante, vai?

Ela também sentiu falta de um potinho a mais para armazenar o leite - a bomba vem com uma mamadeira apenas. Como a linha Avent é toda intercambiável, ela poderia conectar qualquer mamadeira (ou copo) da Avent no extrator, pois a rosca é a mesma. Ou seja: quem já tem mamadeiras ou copos dessa linha não sentirá falta de mais um recipiente. Ela não tinha, então teve que ficar rebolando com uma mamadeira só.

Bom, tudo isso foi a opinião de alguém que não tinha nenhuma outra referência. Mas andei papeando com a dona Thais, mãe de três (gêmeos inclusos), blogueira multiuso e dona da loja Leão, Leãozinho (quer dizer: alguém que entende do babado) e ela, que já usou bombas manuais e elétricas, gosta muito dessa. Disse que não fica atrás da bomba elétrica que já experimentou.

Enfim, eu diria que é uma bomba que resolve bem a vida de quem já têm uma produção boa e precisa estocar leite aqui e ali, em situações específicas. Para estimular a produção ou para um uso muito constante, talvez seja melhor investir em uma elétrica mesmo.




Bom, pra finalizar, preciso dizer que gosto muito dos produtos Avent. São caros, mas são de ótima qualidade. Só que eu tenho uma certa dificuldade em encontrá-los. No evento eles disseram que a distribuição ia ficar mais eficiente a partir de setembro, e de fato tenho visto uma variedade maior de produtos (e em lugares diferentes, como lojas de brinquedos). Mas ainda não são tão facilmente encontráveis não. A gente acha um produto aqui e outro ali, mas o catálogo completo é bem difícil de encontrar... vamos ver se isso melhora! 



*Ganhei os produtos de uma assessoria

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

:: Culpa boa X Culpa ruim


Essa semana tem sido muito diferente. Fiz uma coisa que não acontecia há tempos: me joguei de cabeça em conversas sobre maternidade. Entre posts, comentários, emails e conversas, produzi mais texto - e mais racíocínio - do que fiz em meses. 

Tenho vontade de reproduzir aqui cada coisa que foi conversada, porque sinto que estou avançando muito. Não vou fazer isso porque muitas dessas conversas aconteceram em off e envolvem pessoas que justamente escolheram não se expor mais em discussões maternas, por conta de todo o mal entendido que elas pode gerar. Gente de "lá" e de "cá", olha que interessante. Parece que o clima tá pesado pra todo mundo.

Me pergunto como foi que a briga mães X sistema opressivo virou mães x mães. Minha impressão é que as mães (todas), na ânsia de se defenderem (seja por se sentirem oprimidas pelo "sistema", seja por verem apontadas as suas fragilidades), atacam enlouquecidamente. E aí, colegas, voa sopapo pra tudo que é lado. E a defesa muda: não brigo mais contra o sistema nem contra minhas próprias questões, e sim contra aquela outra mãe que, distribuindo sopapos, me acertou na boca do estômago. 

"A militância é agressiva", nós dizemos. Mas a antimilitância é tão agressiva quanto. Todo mundo anda muito agressivo, o que é uma pena. No meio da guerra, perde-se uma informação fundamental: estamos todas do mesmo lado.

(Recomendo a leitura dessa carta que está no site do coletivo ILC. Ela diz muito do que eu penso.)


Bom, mas um dos textos que elaborei por aí pode vir pra cá. Foi uma resposta para a Paloma que dialoga com o meu post anterior e com o post da Lia, que gerou toda a conversa. Passo pra cá porque ela completa o meu raciocínio sobre culpa materna.


{"Oi Paloma, bibibi, bobobó" - vou pular essa parte e ir direto ao ponto}

Me parece que, antes de tudo, falta definir "culpa" nessa conversa toda. Isso vai esclarecer porque existe um "culpa não" que eu apoio e outro que eu condeno.

Você falou de uma coisa fundamental: a culpa como motor para questionar e mudar. A culpa boa, que gera inconformismo, te move, te empurra pra frente. Perfeito!

Mas tem outra culpa: a que te tortura e te fragiliza. Essa é a culpa ruim.

Eu tentei substituir "culpa" por outras palavras e acho que isso me ajuda a explicar melhor. vamos trocar "culpa boa" por "consciência" e "culpa ruim" por "arrependimento".

O que eu não quero carregar são os arrependimentos. Eles, por si só, são improdutivos. Um arrependimento é uma ferida que não sara. Se eu entendo o que me levou a tomar aquela decisão pela qual eu me arrependi, consigo me perdoar - e me fortaleço para mudar. Me libertei da culpa-arrependimento, curei a ferida. Esse é o "culpa não" que eu apoio!

Agora, se eu quero me livrar da culpa-consciência para seguir tomando decisões sem assumir responsabilidades, é porque algo está errado. Esse "culpa não", que valida qualquer ação minha e me deixa parada no mesmo lugar, eu condeno.

Portanto, a minha ideia do "culpa não" seria melhor expressa assim: "consciência sim, arrependimento não."

Agora, decidir qual versão do "culpa não" se está abraçando é algo pessoal e intransferível. Porque aí entra exatamente o que você falou: a INTERPRETAÇÃO. Cada um lê as coisas como lhe convém. Tanto o "culpa não" quanto a "maternidade ativa", mal interpretados, podem virar muletas emocionais bem complicadas. 


{sobre isso: teve gente que viu no meu comentário no post da Lia um certo desserviço, pois eu posso ter aliviado a culpa "errada" (a consciência) de muitas mães.}

Tem aquela frase mais ou menos assim: "eu sou responsável pelo que escrevo e não pelo que você entende", não tem? Acho que é por aí. O problema, Palô, não são as teorias, e sim o que as pessoas fazem delas. 

Assunto para outro looongo post... ;)




Por hora é isso. Acho que ainda volto nesse assunto, tô atacada, o bichinho da teorização materna louca me picou! Uma hora o efeito passa? Eis a questão.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

:: Me baixou a teórica louca da maternidade, alguém me segura!



Uma vez li um post sobre como transformar a sua casa em um ambiente lúdico e estimulante para os pequenos. A mãe fazia circuito pela sala, tranformava o sofá em escorregador, desmontou a varanda para transformá-la em playground - tudo pensado para o desenvolvimento psicomotor dos filhos e como alternativa para uma casa onde havia pouco espaço para esse tipo de atividade. Achei aquilo a coisa mais legal do mundo! Chamei o maridão toda empolgada, mostrei o post, fiquei pensando em como tornar a nossa casa mais estimulante para as crianças. Detalhe: ao contrário da autora do post, temos um bocado de espaço para as correrias dos pequenos. Ainda assim, fiquei me perguntando: como seguir vivendo sem uma sala lúdica, como? Que espécie de mãe eu seria se negasse isso para os meus filhos??? 

Pois bem, disse o marido: 

- É, muito legal. Mas aqui em casa, sei não... acho importante as crianças saberem que esse ou aquele cômodo não estão à disposição delas. Alguns espaços têm regras diferentes. Elas têm bastante espaço para brincar no quarto delas, ou no quarto de brinquedos, ou lá fora. Aqui, a sala não precisa ser lugar de brincar, ué!

TÓIM na minha cabeça. Fiquei surpresa por alguns segundo com a resposta dele, depois senti alguma coisa se reelaborando aqui dentro. Um minuto antes eu estava animadíssima com a ideia de transformar a minha casa inteira em um parquinho em nome da felicidade dos meus filhos, e agora essa ideia me soava absurda. A casa não é só das crianças, é de todos nós - então por que dar tudo para elas?

"Por que dar tudo para elas?" - guardem bem essa pergunta.

Corta.


Da coluna do Calligaris em 30 de agosto de 2012: 

(...)

Uma pesquisa famosa de Daniel Kahneman, em 2004, constatou que criar filhos não é uma fonte de bem-estar. No melhor dos casos, criar filhos deixa uma lembrança boa (idealizada), mas é uma experiência dura e, às vezes, ruim. Na mesma linha, para Daniel Gilbert ("O Que nos Faz Felizes", Campus), os filhos e o dinheiro são as coisas das quais pensamos erroneamente que nos fariam felizes.

(...)

Seja como for, a criação dos filhos é uma experiência menos satisfatória do que todos queremos acreditar que seja.

O que foi? Será que, de repente, na modernidade, perdemos a mão, e ninguém sabe mais ser pai direito? Por que, na hora de educar, nossos avós pareciam se sair melhor do que a gente --com menos questionamentos e menos dramas?

É uma questão de expectativas: eles não esperavam nem um pouco que criar filhos lhes trouxesse a felicidade. E é uma questão de lugar: para eles, as crianças não eram o centro da vida dos adultos.


Outro TÓIM! Calligaris disse uma coisas que, imagino, não pode sequer ser pensada por uma mãe, quanto mais dita (ou escrita): criar filhos é pior do que a gente pensa. Também disse uma coisa que me pega fundo desde o tal dia da conversa sobre a casa: crianças não precisam (ou devem?) ser o centro da vida dos pais. 


Corta.


Recebi essa semana um texto da Lia para publicar no Minha Mãe que Disse. No texto ela fala da responsabilidade dos pais para com os filhos. Passa pela questão da culpa ou não-culpa materna (e da campanha anticulpa promovida por uma revista e que tem gerado muita discussão nas redes sociais afora); das "teorias" de maternidade que ela identifica e da eterna treta "menos mãe X maternidade ativa", que quem frequenta a blogosfera tá cansado de acompanhar.

O texto da Lia me fez vários TÓINS. Aliás, isso acontece muito. Lia é aquele tipo de pessoa que sempre traz um elemento novo na discussão. Um contraponto, um questionamento. Gosto disso, todo mundo sai ganhando quando diferenças são confrontadas. Isso sempre me ajuda muito a elaborar as minhas próprias opiniões.


Pois bem. Cito essas três leituras, com as conversas e insights que se seguiram, para tentar dar mais um passo em direção ao que considero a minha "teoria de maternidade". Ela virá em mais alguns posts, porque amigos, eu falo pra cacete. Digamos que essa é a primeira segunda parte da trilogia "Mariana tentando se achar no mundo da maternidade", ok?


Começo me referindo ao post da Lia. 

O post da Lia me rendeu dois dias de "insônia elaborativa". Mudei a perspectiva, repensei algumas certezas, tentei reformular alguns conceitos. O motivo principal foi: como o tal movimento "anticulpa" das mães passou de mocinho a bandido em poucos meses? Poxa, já vi tantas mães bacanas da blogosfera tentando lidar com a culpa e endossando essa postura de aliviar o peso excessivo que a gente carrega... mas parece que o entendimento geral desse "movimento" mudou. E agora? Como eu, que tanto defendi a bandeira do "culpa não", me sinto quanto a isso?

Pois eu sigo carregando a bandeira. Eu nem sabia que tal campanha tinha sido institucionalizada por uma revista, pra falar a verdade. Endosso o "culpa não" baseada apenas na minha experiência - que nada tem a ver com revistas, consumo, papinhas ou leite artificial. E que acho bem mais amplo do que o "Culpa não" citado pela Lia - que existe sim e é preocupante.


É preciso ler o post (e os outros que originaram a discussão) para entender como essa campanha pode ser maliciosa. Concordo completamente com ela e não vou me estender no assunto (fiz um comentário no post dela que complementa o que tô falando aqui). Mas sinto que, como mãe que abraça a "causa", também preciso fazer o contraponto e expor como eu vejo a campanha anticulpa.

Voltando ao começo do post: não quero que meus filhos sejam o centro da minha vida. Não vivo por eles nem para eles - vivo com eles. Talvez soe frio colocado dessa maneira, mas acho essa postura positiva. Ela não joga neles a responsabilidade pela minha felicidade, e nem em mim a responsabilidade pela felicidade deles. Minha responsabilidade é permitir que eles cresçam saudáveis e seguros, e se tornem adultos com autonomia e ferramentas para buscarem  a própria felicidade. Somos uma família, um time, vamos juntos. É uma relação cheia de amor, de afeto e de cuidado, mas que entende que cada indivíduo tem o seu espaço. 

Por essa postura, eu não me culpo mais. Nadinha, nem uma gota. "Não sou menos mãe por isso", saca o discurso? 

Pois é, mas aí veio a grande revelação que o texto da Lia me trouxe: na verdade eu sou menos mãe sim. Não por essa postura, mas pelo modo como eu a coloco em prática. Sou menos mãe porque materno menos. Porque delego alguns cuidados com os meus filhos para a babá. Assumo menos funções do que uma mãe da maternidade ativa, a que tenta assumir tudo, certo? (vou chamá-la de mais mãe, na falta de termo melhor). Quantitativamente, sou menos mãe do que essa mãe "ativa". Já em qualidade, não sei. Depende. Quem é essa mãe? Já sei que ela materna muito, mas como? Talvez ela curta a função e seja uma mãe super animada. Talvez ela faça tudo de saco cheio e mau humor. O fato é que essa mais mãe genérica não existe - existem essa, aquela e aquela outra mãe, cada uma praticando a maternidade ativa à sua maneira. Não posso comparar a qualidade da minha maternagem com quem não conheço. Mas sei me autoavaliar: eu tenho meus momentos de supermãe e meus momentos de mãe de merda. Acho que na média eu levaria uma nota 7. 

(Detalhe importantíssimo: sou menos mãe agora, com uma filha de cinco anos e um filho de dois. Fui mais mãe quando eles eram pequetitos, com certeza a minha disposição era maior naquela época. Mesmo agora, me sinto mais disponível e mais mãe para o meu caçula do que para a mais velha (com o devido cuidado de não demostrar, claro). As demandas são completamente diferentes e acho que a idade dos filhos é absolutamente fundamental quando se fala sobre maternidade ativa e "menosmãezice"...)

E a culpa, onde fica no caso de uma mãe que se assume "menas main"? Pois é, segundo TÓIM do dia: a culpa, eu sigo descartando. Ser "menas" não é tão grave assim.

Sou menos em relação a quê, afinal? Menos do que aquela outra mãe? Menos do que 100% dedicada à maternidade? É, sou. Mas posso viver com isso. Entre ser uma mãe 100% ou ser uma mãe 70%, eu sou a que leva um 7 nos exames finais. Sabe por que? Porque ser uma mãe nota 10 (ou quase isso) estava me fazendo infeliz. Ser 7 é suficiente para os meus filhos? Então pronto, passei de ano - e nem fiz tão feio assim, vai?


Agora, só posso conviver com o fato de ser "menas" porque sei que estou longe de ser uma mãe ruim. Diria Winnicott (que eu nunca li mas sempre amei, hoho) que eu sou uma mãe suficiente (atenção para a palavrinha, que ela faz TODA a diferença). Não sou A mãe, mas também não admito ser uma mãe ruim, negligente, descomprometida. Aceito ser suficiente - mãe bem, filhos bem. Repare que eu não sou menos mãe porque esse é o melhor jeito, porque defendo esse tipo de maternagem, porque "forma caráter". Nem porque fui manipulada e o mercado me empurrou isso goela abaixo isso. Sou menos mãe porque é o que eu consigo ser sem meu saco ir parar na lua. Simples assim.


A minha teoria de maternidade, como muita gente já sabe, é a do equilíbrio. É a que bota a família toda no mesmo patamar e considera que priorizar este ou aquele tem a ver com o momento, contexto, situação. Priorizar, para mim, é uma resposta a uma demanda, e não uma postura ideológica do tipo "mãe que é mãe prioriza os filhos e ponto". Um bebê, claro, tem altíssima prioridade. Uma criança doente também. Um adulto doente - por que não? - também. Demandas, baby. Priorizar é algo reativo. É resposta. Não algo que se faz que se faz a priori, porque as leis-não-escritas da maternidade disseram que é assim. Na minha teoria da maternidade, pelo menos, tem sido assim. 

Mas pode vir outro post de alguém e mudar tudo, claro. Só sei que nada sei... ;)


(O primeiro post em que eu elaboro essa questão tá aqui. Outros virão. Acho.

(Ops, reparem: falei, falei e NÃO falei direito sobre o "culpa não". No fim das contas, tudo sobre isso já foi dito no comentário que deixei lá na Lia, aqui: http://minhamaequedisse.com/2012/09/culpa-zero-menos-mae-e-outras-asneiras/#comment-11744

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

:: Confessionário

Esqueci de contar aqui que tô lá, ó: 

http://bebe.abril.com.br/blogs/confessionario/2012/08/15/a-mae-que-eu-nao-sou-e-a-que-eu-consigo-ser/

 *texto recicladinho, porque eu sou a favor da maternidade sustentável! ;) 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

:: A coisa


Havia um objeto não identificado grudado no braço da minha filha. Um ponto marrom escuro, cascudinho e disforme. Visualizem um grão de ovomaltine - era exatamente assim. Tentei tirar: estava preso.


Casquinha de ferida? Carrapato? Uma pinta súbita e malévola?


Alice reclamou, não queria que eu mexesse. Chamei o pai.


- Que é isso?


Cara de dúvida. Não sabemos o que é. Eca.


- Tá grudado?

- Acho que tá, tô com aflição de tirar.


Fomos para a luz, olhei bem de pertinho, não consegui identificar. Era brilhoso, redondinho e encalombado. 


Pulga? Ovo de varejeira? Sangue pisado?  


Tento puxar de novo, não sai, ela dá um gritinho. A aflição aumenta, o nojinho aumenta. Alice vai ficando tensa. Eu não quero mais botar as mãos naquilo, então Carlos assume e eu fico pitacando, que é o que faço melhor nessa vida.


- Cuidado, tem que tirar com a cabeça! 

- Que cabeça?

- Se for carrapato tem que tirar inteiro, com a cabeça, senão infecciona!


Carlos pega um guardanapo ("vai que é cocô, né?"), pinça a coisa e dá um puxão certeiro. Alice faz AI. Pronto, saiu. Inteira, sem deixar cabeça ou outro rastro no bracinho da minha menina. Vou passar álcool, por via das dúvidas.


Sob um foco de luz, fazemos uma análise cuidadosa do material.


Sangue? Carrapato? Cocô? Verruga? Melanoma? Sanguessuga? 


Não, Brasil. 


Era um grão de ovomaltine.




segunda-feira, 2 de julho de 2012

:: Carta aberta ao Conar*


Duas recentes medidas do Conar referentes aos abusos da publicidade voltada para as crianças nos deixaram preocupados e ainda mais descrentes da atuação deste órgão com relação à proteção da infância.

A primeira foi a decisão de sustar a campanha da Telessena de Páscoa por anunciar para o público infanto-juvenil um produto que só pode ser vendido para maiores de 16 anos (de acordo com regulamentação da SUSEP). A segunda foi a advertência dada pelo Conar à Ambev, com relação ao ovo de páscoa de cerveja da Skol.
Ambas atitudes do Conar seriam dignas de aplausos – se tivessem sido tomadas quando as campanhas publicitárias estavam no ar, na Páscoa, em março. Mas o Conar só agiu em junho, quando as campanhas já não eram mais veiculadas.
Com isso, não houve nenhum impedimento para que a mensagem indevida da Telessena atingisse impunemente milhões de brasileirinhos e que a Ambev promovesse bebida alcoólica através de um produto de forte apelo às crianças. A advertência à Skol é ainda mais ineficaz, pois não impede que no próximo ano, produto semelhante seja oferecido.

O Movimento Infância Livre de Consumismo vê nessas decisões a comprovação de que o atual sistema de autorregulamentação praticado pelo mercado publicitário brasileiro é lento, omisso e ineficiente. Fato ainda mais grave quando se trata da defesa do público infantil.
Por isso, exigimos que a publicidade infantil sofra um controle externo como todas as atividades empresariais. Reiteramos nossa postura de que, sem leis e punição, jamais teremos uma publicidade infantil mais ética.
Nós, mães e pais, exigimos respeito à infância dos nossos filhos e solicitamos que estas duas atuações não constem dos autos do Conar como casos de sucesso. Contabilizar pareceres dados depois que as campanhas saíram do ar, como exemplo da firme atuação do Conar, é propaganda enganosa. E isso contraria o tal Código de Autorregulamentação que os publicitários insistem em tentar nos convencer que funciona.
(Este texto faz parte de uma blogagem coletiva proposta pelo Movimento Infância Livre de Consumismo juntamente com blogs parceiros. Este movimento é composto por pais e mães que desejam uma regulamentação séria e eficiente da publicidade voltada para crianças. Para saber mais acesse: http://www.infancialivredeconsumismo.com.br)

#desocupaCONAR, #publicidadeinfantil, #infancialivre
*Este texto faz parte de uma blogagem coletiva proposta pelo Movimento Infância Livre de Consumismo juntamente com blogs parceiros. Este movimento é composto por pais e mães que desejam uma regulamentação séria e eficiente da publicidade voltada para crianças. Para saber mais acesse:http://www.infancialivredeconsumismo.com.br

segunda-feira, 18 de junho de 2012

:: Mamãe mãos de tesoura!



...Porque toda mãe tem uma cabeleireira dentro de si. 


(Ou: no cabelo dos outros é refresco!)







"Puxa, eu adoro cortar o cabelo de cima para baixo", HAHAHAHA, that's my girl!




E voilà! Ela era assim:











Ficou assim:










(Pretty in pink! Toda uma gama de cores no mundo e ela insiste no rosa, fazer o quê?)




Também passei a tesoura no Lucão (mas ainda estou superando o fim dos cachos, não quero falar sobre). Economizei quanto nessa brincadeira, uns 60, 80 reais? Nem faço ideia de quanto custa um corte infantil, sempre cortei o cabelo da minha prole... yes we can! Recomendo, mammas!



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