terça-feira, 25 de setembro de 2012

:: Me baixou a teórica louca da maternidade, alguém me segura!



Uma vez li um post sobre como transformar a sua casa em um ambiente lúdico e estimulante para os pequenos. A mãe fazia circuito pela sala, tranformava o sofá em escorregador, desmontou a varanda para transformá-la em playground - tudo pensado para o desenvolvimento psicomotor dos filhos e como alternativa para uma casa onde havia pouco espaço para esse tipo de atividade. Achei aquilo a coisa mais legal do mundo! Chamei o maridão toda empolgada, mostrei o post, fiquei pensando em como tornar a nossa casa mais estimulante para as crianças. Detalhe: ao contrário da autora do post, temos um bocado de espaço para as correrias dos pequenos. Ainda assim, fiquei me perguntando: como seguir vivendo sem uma sala lúdica, como? Que espécie de mãe eu seria se negasse isso para os meus filhos??? 

Pois bem, disse o marido: 

- É, muito legal. Mas aqui em casa, sei não... acho importante as crianças saberem que esse ou aquele cômodo não estão à disposição delas. Alguns espaços têm regras diferentes. Elas têm bastante espaço para brincar no quarto delas, ou no quarto de brinquedos, ou lá fora. Aqui, a sala não precisa ser lugar de brincar, ué!

TÓIM na minha cabeça. Fiquei surpresa por alguns segundo com a resposta dele, depois senti alguma coisa se reelaborando aqui dentro. Um minuto antes eu estava animadíssima com a ideia de transformar a minha casa inteira em um parquinho em nome da felicidade dos meus filhos, e agora essa ideia me soava absurda. A casa não é só das crianças, é de todos nós - então por que dar tudo para elas?

"Por que dar tudo para elas?" - guardem bem essa pergunta.

Corta.


Da coluna do Calligaris em 30 de agosto de 2012: 

(...)

Uma pesquisa famosa de Daniel Kahneman, em 2004, constatou que criar filhos não é uma fonte de bem-estar. No melhor dos casos, criar filhos deixa uma lembrança boa (idealizada), mas é uma experiência dura e, às vezes, ruim. Na mesma linha, para Daniel Gilbert ("O Que nos Faz Felizes", Campus), os filhos e o dinheiro são as coisas das quais pensamos erroneamente que nos fariam felizes.

(...)

Seja como for, a criação dos filhos é uma experiência menos satisfatória do que todos queremos acreditar que seja.

O que foi? Será que, de repente, na modernidade, perdemos a mão, e ninguém sabe mais ser pai direito? Por que, na hora de educar, nossos avós pareciam se sair melhor do que a gente --com menos questionamentos e menos dramas?

É uma questão de expectativas: eles não esperavam nem um pouco que criar filhos lhes trouxesse a felicidade. E é uma questão de lugar: para eles, as crianças não eram o centro da vida dos adultos.


Outro TÓIM! Calligaris disse uma coisas que, imagino, não pode sequer ser pensada por uma mãe, quanto mais dita (ou escrita): criar filhos é pior do que a gente pensa. Também disse uma coisa que me pega fundo desde o tal dia da conversa sobre a casa: crianças não precisam (ou devem?) ser o centro da vida dos pais. 


Corta.


Recebi essa semana um texto da Lia para publicar no Minha Mãe que Disse. No texto ela fala da responsabilidade dos pais para com os filhos. Passa pela questão da culpa ou não-culpa materna (e da campanha anticulpa promovida por uma revista e que tem gerado muita discussão nas redes sociais afora); das "teorias" de maternidade que ela identifica e da eterna treta "menos mãe X maternidade ativa", que quem frequenta a blogosfera tá cansado de acompanhar.

O texto da Lia me fez vários TÓINS. Aliás, isso acontece muito. Lia é aquele tipo de pessoa que sempre traz um elemento novo na discussão. Um contraponto, um questionamento. Gosto disso, todo mundo sai ganhando quando diferenças são confrontadas. Isso sempre me ajuda muito a elaborar as minhas próprias opiniões.


Pois bem. Cito essas três leituras, com as conversas e insights que se seguiram, para tentar dar mais um passo em direção ao que considero a minha "teoria de maternidade". Ela virá em mais alguns posts, porque amigos, eu falo pra cacete. Digamos que essa é a primeira segunda parte da trilogia "Mariana tentando se achar no mundo da maternidade", ok?


Começo me referindo ao post da Lia. 

O post da Lia me rendeu dois dias de "insônia elaborativa". Mudei a perspectiva, repensei algumas certezas, tentei reformular alguns conceitos. O motivo principal foi: como o tal movimento "anticulpa" das mães passou de mocinho a bandido em poucos meses? Poxa, já vi tantas mães bacanas da blogosfera tentando lidar com a culpa e endossando essa postura de aliviar o peso excessivo que a gente carrega... mas parece que o entendimento geral desse "movimento" mudou. E agora? Como eu, que tanto defendi a bandeira do "culpa não", me sinto quanto a isso?

Pois eu sigo carregando a bandeira. Eu nem sabia que tal campanha tinha sido institucionalizada por uma revista, pra falar a verdade. Endosso o "culpa não" baseada apenas na minha experiência - que nada tem a ver com revistas, consumo, papinhas ou leite artificial. E que acho bem mais amplo do que o "Culpa não" citado pela Lia - que existe sim e é preocupante.


É preciso ler o post (e os outros que originaram a discussão) para entender como essa campanha pode ser maliciosa. Concordo completamente com ela e não vou me estender no assunto (fiz um comentário no post dela que complementa o que tô falando aqui). Mas sinto que, como mãe que abraça a "causa", também preciso fazer o contraponto e expor como eu vejo a campanha anticulpa.

Voltando ao começo do post: não quero que meus filhos sejam o centro da minha vida. Não vivo por eles nem para eles - vivo com eles. Talvez soe frio colocado dessa maneira, mas acho essa postura positiva. Ela não joga neles a responsabilidade pela minha felicidade, e nem em mim a responsabilidade pela felicidade deles. Minha responsabilidade é permitir que eles cresçam saudáveis e seguros, e se tornem adultos com autonomia e ferramentas para buscarem  a própria felicidade. Somos uma família, um time, vamos juntos. É uma relação cheia de amor, de afeto e de cuidado, mas que entende que cada indivíduo tem o seu espaço. 

Por essa postura, eu não me culpo mais. Nadinha, nem uma gota. "Não sou menos mãe por isso", saca o discurso? 

Pois é, mas aí veio a grande revelação que o texto da Lia me trouxe: na verdade eu sou menos mãe sim. Não por essa postura, mas pelo modo como eu a coloco em prática. Sou menos mãe porque materno menos. Porque delego alguns cuidados com os meus filhos para a babá. Assumo menos funções do que uma mãe da maternidade ativa, a que tenta assumir tudo, certo? (vou chamá-la de mais mãe, na falta de termo melhor). Quantitativamente, sou menos mãe do que essa mãe "ativa". Já em qualidade, não sei. Depende. Quem é essa mãe? Já sei que ela materna muito, mas como? Talvez ela curta a função e seja uma mãe super animada. Talvez ela faça tudo de saco cheio e mau humor. O fato é que essa mais mãe genérica não existe - existem essa, aquela e aquela outra mãe, cada uma praticando a maternidade ativa à sua maneira. Não posso comparar a qualidade da minha maternagem com quem não conheço. Mas sei me autoavaliar: eu tenho meus momentos de supermãe e meus momentos de mãe de merda. Acho que na média eu levaria uma nota 7. 

(Detalhe importantíssimo: sou menos mãe agora, com uma filha de cinco anos e um filho de dois. Fui mais mãe quando eles eram pequetitos, com certeza a minha disposição era maior naquela época. Mesmo agora, me sinto mais disponível e mais mãe para o meu caçula do que para a mais velha (com o devido cuidado de não demostrar, claro). As demandas são completamente diferentes e acho que a idade dos filhos é absolutamente fundamental quando se fala sobre maternidade ativa e "menosmãezice"...)

E a culpa, onde fica no caso de uma mãe que se assume "menas main"? Pois é, segundo TÓIM do dia: a culpa, eu sigo descartando. Ser "menas" não é tão grave assim.

Sou menos em relação a quê, afinal? Menos do que aquela outra mãe? Menos do que 100% dedicada à maternidade? É, sou. Mas posso viver com isso. Entre ser uma mãe 100% ou ser uma mãe 70%, eu sou a que leva um 7 nos exames finais. Sabe por que? Porque ser uma mãe nota 10 (ou quase isso) estava me fazendo infeliz. Ser 7 é suficiente para os meus filhos? Então pronto, passei de ano - e nem fiz tão feio assim, vai?


Agora, só posso conviver com o fato de ser "menas" porque sei que estou longe de ser uma mãe ruim. Diria Winnicott (que eu nunca li mas sempre amei, hoho) que eu sou uma mãe suficiente (atenção para a palavrinha, que ela faz TODA a diferença). Não sou A mãe, mas também não admito ser uma mãe ruim, negligente, descomprometida. Aceito ser suficiente - mãe bem, filhos bem. Repare que eu não sou menos mãe porque esse é o melhor jeito, porque defendo esse tipo de maternagem, porque "forma caráter". Nem porque fui manipulada e o mercado me empurrou isso goela abaixo isso. Sou menos mãe porque é o que eu consigo ser sem meu saco ir parar na lua. Simples assim.


A minha teoria de maternidade, como muita gente já sabe, é a do equilíbrio. É a que bota a família toda no mesmo patamar e considera que priorizar este ou aquele tem a ver com o momento, contexto, situação. Priorizar, para mim, é uma resposta a uma demanda, e não uma postura ideológica do tipo "mãe que é mãe prioriza os filhos e ponto". Um bebê, claro, tem altíssima prioridade. Uma criança doente também. Um adulto doente - por que não? - também. Demandas, baby. Priorizar é algo reativo. É resposta. Não algo que se faz que se faz a priori, porque as leis-não-escritas da maternidade disseram que é assim. Na minha teoria da maternidade, pelo menos, tem sido assim. 

Mas pode vir outro post de alguém e mudar tudo, claro. Só sei que nada sei... ;)


(O primeiro post em que eu elaboro essa questão tá aqui. Outros virão. Acho.

(Ops, reparem: falei, falei e NÃO falei direito sobre o "culpa não". No fim das contas, tudo sobre isso já foi dito no comentário que deixei lá na Lia, aqui: http://minhamaequedisse.com/2012/09/culpa-zero-menos-mae-e-outras-asneiras/#comment-11744

54 comentários:

  1. Excelente!! Não deixemos a blogosfera materna ser tomada pela moda das certezas absolutas, dos raivosos dedos apontados, das atitudes de soberba de umas sobre as outras! Maternidade não pode virar religião (mal orientada, daquelas que ensejam guerras e disputas sem fim). Que o respeito à diversidade, o incentivo à sinceridade e o cultivo da gentileza possam continuar nos guiando nessa troca de experiências.

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  2. Eu hoje tomei uma "bronca" da depiladora porque cheguei lá saída da kingkonglândia. Tava morta de vergonha, mas ao mesmo tranquila porque tenho uma filha de 10 meses, que há 3 semanas foi pra creche. Não tenho vó, babá, titia nem ninguém pra ficar com ela durante o dia, quando o pai trabalha. Ou seja, ela tem sido a prioridade da casa, dos meus minutos, do meu coração e do meu desassossego. Por conta disso, várias coisas minhas - SÓ MINHAS - ficaram de lado.

    Agora, cuidando de uma mocinha quase andante, conquistando as grandes independências equivalentes à idade, a mãe aqui pode retomar, aos poucos, algumas das coisas só suas - SÓ SUAS.

    E acho lindo, Mari, lindo mesmo, quando você diz que a família está toda no mesmo patamar. Não consigo pensar em nada mais amoroso e INCLUSIVO do que isso. Obrigada por compartilhar essa ideia, tem me ajudado muito a elaborar as coisas aqui em casa.

    Super beijãozão.

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  3. Mais uma vez um texto A-ni-mal! Eu acho q cada uma sabe até onde pode ir no q diz respeito à tal mãe ideal! A mãe ideal é aquela q quer o melhor pros filhos dentro da realidade dela, de que adianta se dizer super mae, super mulher e no fundo estar arrebentada psicologicamente....
    Adorei seu post, as always!
    Bjo
    Carol
    Www.meuparasita.com

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  4. É isso, perfeitamente isso. Sempre que eu me culpo de ter colocado a filha na escola, quando eu podia estar com ela, lembro de uma amiga minha: "mãe feliz é filho feliz".

    Mas eu tenho uma dúvida séria mesmo sobre isso que as pessoas chamam de "egoísmo" e eu tou aqui tentando chamar de "vida": quando meus filhos tiverem criados, o que é que eu vou fazer? Dá pra fazer uma pausa de uns 15 anos na própria vida e voltar de onde parou?

    E, só pra reforçar a falta de expectativas quanto à felicidade na maternidade, eu me lembro da mãe da minha diarista, que teve DEZOITO filhos. Ela criou os três mais velhos e, a partir daí, eles criaram os irmãos. Acho que existia não só menos expectativa de felicidade por parte dos pais; existia também menos cobrança sobre o que fazer pra criar um ser humano bacana.

    Obrigada pelo texto libertador.

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  5. Mari, eu tenho uns 2 posts rascunhados sobre esse assunto e não consigo terminar nenhum deles por pura falta de... paciência? Coerência? Tempo? (Não posso ficar 8 horas na frente do computador, logo sou "mais mãe" do q vc, rá! Vc sabe q é brincadeira!!). Eu fiz um bom tempo de terapia winnicottiana e esse conceito da mãe suficientemente boa me caiu como uma luva! (Poderia deixar inúmeros exemplos aqui, mas acho q falta espaço.) Apesar de me denominar "full time mom", não sou, não. Já fui mais, principalmente qdo as crianças eram menores, as demandas deles mudaram e a minha própria tbem. Não é deixar de priorizá-los, afinal eles são e sempre serão o meu maior projeto de vida, porém, preciso estar bem e feliz para tocar o barco junto com eles. Carrego muito menos culpa hj em dia e acho que 7 é uma ótima nota! AMEI o post!
    Bjos,
    Camila
    www.mamaetaocupada.com.br

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  6. Parabéns, Mari. Você é ótima! Fala em nome das mães reais, das mães suficientes.
    Tudo isso que você escreveu já habitava minha mente de forma confusa, você simplesmente organizou essas idéias, obrigada!
    Sou mãe de dois meninos. O de três anos nasceu enquanto eu fazia faculdade de medicina. Resolvi não parar a faculdade. Tive licença de 5 meses e meio e retornei às aulas com muito apoio da minha família. Hoje também tenho um de três meses e já sou médica, no entanto, com o dever cumprido (crm em mãos), optei agora por permanecer em casa com as crias. E estou amando! Mas logo logo (próximo ano?) voltarei a me dedicar TAMBÉM a minha carreira, pois me faz feliz, assim como estar com meus filhos.

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  7. Parabéns, Mari. Você é ótima! Fala em nome das mães reais, das mães suficientes.
    Tudo isso que você escreveu já habitava minha mente de forma confusa, você simplesmente organizou essas idéias, obrigada!
    Sou mãe de dois meninos. O de três anos nasceu enquanto eu fazia faculdade de medicina. Resolvi não parar a faculdade. Tive licença de 5 meses e meio e retornei às aulas com muito apoio da minha família. Hoje também tenho um de três meses e já sou médica, no entanto, com o dever cumprido (crm em mãos), optei agora por permanecer em casa com as crias. E estou amando! Mas logo logo (próximo ano?) voltarei a me dedicar TAMBÉM a minha carreira, pois me faz feliz, assim como estar com meus filhos.

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  8. Adorei seu comentário no MMqD, foi lá que conheci seu blog e adorei seu post aqui!
    Sem querer ser repetitiva, mas adorei a parte em que você fala que vive com seus filhos, não para seus filhos!
    não quero no futuro virar pra minha filha e dizer:
    - Eu abri mãe de tudo por você, pra você!
    Sendo que ela não me pediu isso.
    Filho tem que ser amado, educado e não significa que precisamos nos anular pra isso.
    Eu vou precisar voltar a trabalhar quando acabar minha licença, sei que ficará mais puxada minha rotina, mas isso eu sabia antes de engravidar e mesmo assim continuei com meu sonho em ser mãe.
    Virei fã de seu blog!
    beijos
    Paola
    www.dicasdamaedipa.blogspot.com

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  9. áh, Mari, vc é show menina!!!

    Eu adorei o texto da Lia, pq me pôs para pensar... eu sempre me achei a mãe que não julga as outras mães e que faz tudo do seu jeito, da forma como acha certo para a família. Depois do texto, eu vi que julgo, sim, julgo sempre. Só não falo - pq não precisa. Não entro no blog da cicrana e meto o pau nela quando não concordo. Eu leio, absorvo e saio de fininho, sem falar nada. Não preciso afrontar ninguém com os meus ideais de maternidade, com o que eu acho certo para a criação de filhos. Não preciso sair cuspindo na cara das outras mães que eu acho isso ou aquilo... que se foda, honestamente. Eu não concordo, não acho certo, mas não preciso ofendê-la em seu território ou sair alfinetando outras mães no MEU território. Não gosto disso.
    Culpa? Eu sinto, sim. Volta e meia eu sinto muita culpa, mas a mais forte delas vem do fato de deixar a minha filha na escola para eu trabalhar e pagar a escola dela... claro que pago outras coisas a mais, ainda assim, esta culpa de deixá-la por 10h seguidas nas mãos de outras pessoas me persegue. Fora isso, tenho poucos motivos de culpa, justamente pelo que vc falou, eu ando junto com a minha família, ninguém vai na frente, nem meu marido, minha filha ou a minha pessoa. todos juntos, foi excelente o que vc disse.
    não concordo de mães que são super-ultra-mega individualistas, que deixam os seus filhos em segundo plano sempre, que pensam no seu bem estar acima de todo mal, amém. a partir do momento em que temos filhos, temos que ter consciência de que o nosso espaço foi tomado, de que teremos que dividir muitas coisas, de tempo a dinheiro, passando por espaço, comida, humor, tarefas, obrigações e carinho. Dividir para somar, sempre.

    Adoro os seus textos e acho que vc deveria escrever com mais frequência por aqui.

    Só para constar, caso vc ainda não saiba: o seu blog foi o meu primeiro contato nessa blogosfera maluca que só me traz alegrias... uma amiga mandou um link sobre amamentação, produção de leite e afins, quando eu mais precisava disso na vida.... eu chorava e ria com o seu texto, foi lindo descobrir um canal tão aberto com as mães de todo o mundo por aqui.

    Beijo grande, chuchu!

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  10. Te amo <3 hehehe
    Eu sou uma mãe sem culpa. Assumida. Às vezes a culpa me ronda, mas olha... cada dia mesmo!
    E acredite, sou a melhor mãe que eu poderia querer!

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  11. Mari, acho sua teoria ótima, de verdade, e é super fácil de se identificar. Quem não quer o equilíbrio na vida?
    O problema que vejo é que as pessoas pegam isso e querem aplicar a tudo. "Meu filho tem 4 dias e quero sair para jantar fora com o marido. Vou deixar uma mamadeira. Culpa, não". "Vou desmamar para esquiar em Aspen. Culpa, não". "Tenho empregada, mas prefiro dar papinha industrializada, porque é mais prático, Culpa, não", entende?
    Acho que vc é bem assertiva quando fala da relativização das prioridades. Bebês (ainda mais os lactantes) têm muito mais prioridade que uma criança de 5 anos mesmo, por motivos óbvios. Criança doente tem mais. Marido doente também. Claro!
    Eu li Winnicott e também adoro a teoria da mãe suficientemente boa. Claro, nenhuma de nós é perfeita nem nasceu sabendo.
    Eu considero que fui "meníssima" main da Ciça em relação à "mais mãe" que fui da Cali nos dois primeiros anos de vida de cada uma. Agora que a Cali fez 2 anos que está começaaaando a equilibrar o negócio aqui em casa. Eu não trabalho fora nem sempre (só frilas e trabalhos voluntários), mas a coloquei na escola. Resolvi fazer cursos de (outras) coisas que me agradam além do de esloveno, que considero necessidade básica. Falei pro marido procurar esportes para ele também, que o inverno tá chegando e a gente precisa estar inteiro e serotonizado para aguentar e não deprimir.
    Temos nosso momentos e nossas horas de chamar baby-sitter.
    Hoje eu me considero muito "mais mãe" das duas porque não deixei a culpa de ter sido (e às vezes ainda ser, claro, que autocrítica faz bem e eu gosto) "menasmain" ser transposta sem que fosse elaborada, entende?
    Errei muito e feio com a Ciça e é claro que me culpei. Mas, ao contrário do que se diz, esta culpa não me diminuiu, cara, ela me fez sofrer, sim, mas me fez elaborar, amadurecer, crescer. E, melhor, me fez querer mudar, ser diferente, fazer diferente.
    E fiz. E a Cali se beneficiou muito (a ponto de eu chorar toda noite nos seus primeiros meses de amamentação por não ter tido a mesma oportunidade com a Ciça). E, melhor ainda, super bônus ultra mega plus, a "mais mãe" que eu me tornei para a Cali me fez ser "mais mãe" para a Ciça também. Já escrevi muitos posts sobre isso inclusive o que foi para aquele concurso, "http://fotocecilia.blogspot.com/2012/06/como-chuva-molha-o-que-se-escondeu.html".
    Vc escreve muito bem, a Lia também, e eu concordo com as duas, pode?
    Mas, sendo ultra sincera (pode também?), o problema é que vc é geralmente mal interpretada pelas "mãezinhas", que usam disso e da "culpa, não" da revista para justificarem toda e qualquer escolha ruim ou até prejudicial à saúde e ao desenvolvimento dos filhos.
    E o que a gente tem a ver com isso? Com os filhos dos outros? É que, entre outras tantas coisas, afinal, vivemos em sociedade, nossos filhos crescem, começam a ter os amigos como referência cada vez maior, vão às casas deles e temos o maior trabalho para desfazer os maus hábitos (e não falo de comportamento não, que isso é inevitável, falo de saúde e questões um pouco mais sérias).

    Beijos

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  12. Gatam, meu comentário-post virou post mesmo, com alguns adendos e muitos elogios às duas das melhores autoras da blogosfera materna, vc e a Lia. Não é puxa-saquismo, obviamente. Vc me conhece e sabe que não é o caso. A Lia também.
    Segue o link: http://fotocecilia.blogspot.com/2012/09/os-melhores-textos-da-semana-nao-da.html.
    Beijo grande e continue a escrever as teorias!

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  13. sabe o que sinto falta em muitos blogs?
    criaturas que sentam, analisam e conseguem dizer em voz alta: peraí! sou uma pessoa, tenho qualidades, defeitos, limitações e capacidades.
    sou suficientemente o melhor que posso em ser , mãe, mulher, esposa, amiga, tia, vizinha, oscambau sem me acomodar com isso.
    sou mãe, escolhi ser e como tal tenho dias de super mãe, mais mãe, menos mãe e nada mãe.
    e aceito isso.
    vivo bem com isso.
    o saco é que cada uma, como se o próprio conflito já não fosse suficiente, quer interferir no conflito da outra. e deixa que uma revista interfira nos seus conflitos. numa ciranda louca e cansativa.
    crio aqui uma nova vertente do "ser e não ter": ser mãe (mais, menos, tudo ou meia boca) e ter opinião.
    ufa

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  14. Mari, sua reflexão é muito, mais muito bem vinda e te digo o motivo:
    Eu sou mãe de Gabriel e Lucas, lembra deles? Não os gerei fisicamente, mas me preparei muito pra receber estes irmãos da forma mais estável possível e digo estável emocionalmente falando.
    Desde o início da adoção, há dois anos, recebo críticas veladas e outras nem tanto, justamente por não ter transformado minha maternidade em um ato divino, onde eu era a "santa" que recolhia duas crianças abandonadas em minha casa. Não, esta não foi minha postura como mãe.
    Como mãe, que "pariu" um menino de quatro anos e um de quase três ao mesmo tempo, eu optei por fazer aquilo que me cabe: Educar, Cuidar, Amar, Curtir, enfim, tudo o que uma família experimenta em sua totalidade.
    Se pensarmos também sobre condutas dos pais, "culpas e afins", principalmente de nós mães, um fator que levamos muito em consideração antes de optarmos pela adoção, foi a decisão de cuidarmos da nossa relação enquanto casal (parece egoísta??), pois filhos podem sim, desestabilizar uma relação. Desta forma, desde o início, não os colocamos como o centro, mas sim, como parceiros que vieram para agregar, para estar junto, para fazer parte "de". "Menos mãe" , "menos pai"??
    O que posso lhe dizer é que muitas vezes, dependendo das relações que nos circundam, o sentimento de "culpa" ou de ser "menos mãe" inevitavelmente surgem e com eles, insônia e dor, no meu caso.
    Daí, o que faço é olhar pra dentro (de mim mesma e da família) e tentar enxergar como meus filhos realmente estão e o que encontro é tãooo bom e suficiente (como você citou) para um sete, ou oito, quem sabe um nove?? O que importa é que fico feliz com o que vejo, e vejo que está muito melhor até daquilo que imaginávamos. E isto, com certeza me mostra que estamos no caminho certo e caminhamos sem culpa (ou quase sem) por isso.

    E óh, escreva mais vezes vai… Suas palavras cutucam nossa zona de conforto e nos fazem pensar, ir além do óbvio.
    Parabéns mais uma vez!! Um super beijo

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  15. Mari,
    Vc falou absolutamente TUDO o que penso da melhor maneira possível.
    Colocou seu ponto de vista com ternura e sem julgamento. Sem querer definir, dentro do seu padrão, o que é uma mãe melhor ou pior.
    Parabéns.
    Banho de luz e conhecimento naquelas que só conseguem enxergar um lado da moeda.

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  16. Mariana!
    Concordo tanto com você!
    Amei quando você disse que não vive por ou para seus filhos... Mas vive com! É isso mesmo!!!!
    Você conseguiu expor exatamente como me sinto.
    Thanks!!!!!
    O problema é que quando eu vou falar disso sempre corro o risco de ser julgada e enquadrada em um dos opostos da maternagem. Q saco!
    A grande verdade é que é uma terceira posição.
    Uma posição que considera que não há equilíbrio numa família que apenas olha para os filhos. Que os prioriza a despeito de tudo ou de todos.
    Aprendi isso quando tive depressão pós-parto.
    Ou eu olhava pra mim e me cuidava, ou meu bebê seria seriamente prejudicado com isso.
    Mãe deprimida = mãe negligente.
    E agradeço muito ter percebido isso tão cedo.
    Para sair da depressão precisei voltar a me cuidar. Delegar algumas tarefas. Assumir uma carga pequena de trabalho.
    Ali eu aprendi que o bem estar da família toda era mais valioso e benéfico ao meu bebê do que 100% de dedicação e atenção.

    Parabéns pelo texto!

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Te conheci um dia desses, no geral, não gosto de blogs que tratam só sobre a maternidade, pra te ser franca, nem livro sobre o assunto nunca li, mas ó, virei sua fã, compartilho muito de como você encara a maternidade e do equilíbrio do qual você precisa para viver.

    Um beijo

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  19. Não tenho nada a acrescentar ao seu texto, nem aos comentários. Portanto, humildemente, só me resta dizer que o post de hoje está perfeito! Momentos de supermãe e mãe de merda, quem não têm, afinal?? Mãe suficientemente boa, é isso aí!! Ah, e super me identifiquei com o fato de vc se sentir mais mãe do seu caçula do que da sua mais velha. Aqui tá igualzinho, viu? Bom saber disso! BJs

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  20. Perfeito, adorei! Também acho que depende das fases e que aprender a priorizar é o mais importante. E que esse culpa zero da revista só não é um desserviço completo à sociedade porque trouxe a discussão e os textos de vocês.

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  21. Mari, estou adorando os dois textos, porque ambos colocam a gente para pensar. Mas acho que, assim como a Lia fez uso de polaridades (uma teoria lá no extremo do bem e outra lá do lado negro da força) você também fez.
    Na minha humilde opinião a culpa não é algo ruim, como disse a Paloma, quando aceita e trabalhada ela nos faz crescer e, por quê não?, melhorar. Existem sim verdades absolutas e existem sim mulheres e homens que se esforçam para fazer o melhor para seus filhos mais do que outros. E é claro que tudo depende do momento que seus filhos estão vivendo. É como vc disse: um bebezico tem mais prioridade do que o filho mais velho (mas este não deveria perceber, não sempre). Sou uma mãe melhor para o Pedro porque trabalhei algumas culpas da minha maternagem com a Ísis; mas sou uma mãe muito menos disponivel para o Pedro nessa fase da vida dele (7 meses) porque eu tenho outro filho. Não me sinto culpada por isso. As prioridades dos filhos na primeira infância são...prioridades, acima das dos adultos, na minha opinião. Ou deveriam ser. Com o tempo os filhos crescem e a balança vai pendendo mais para o meio e depois mais para os pais, para nós mesmos. Criar filhos não é fácil e criar com consciência e responsabilidade é ainda mais difícil. Outra coisa que não gosto é juntar mãe e culpa sempre! Se estamos convictas de que fazemos o melhor por nossos filhos, prá quÊ A CULPA? Se ela existe, tem alguma coisa para ser elaborada aí. E se mesmo sabendo que não fazemos o melhor para os filhos, mas o possível, não há razão para culpa. O maior protege o menor, cuida, é responsável por ele. Na família, os pais são os maiores e não deveriam fugir a suas responsabilidades em nome de não sentir culpa e viver la vida loca como se filhos não houvesse. Existem sim melhores escolhas. No quesito alimentação, por exemplo, não sou melhor, mas tb não sou pior, sou média 7 como vc diz, e tudo bem, não me sinto culpada por não dar orgânico sempre, dar açúcar, produtos inustralizados de vez em quando...eu sei que não é o melhor, mas faço de vez em quando e assumo a responsabilidade Quando leio um texto falando sobre alimentação saudável, leio, aprendo o que posso e descarto o que não se encaixa na minha vida. Sem culpa. Mas não tenho dúvidas, sou uma mãe pior que muitas no quesito alimentação...sou menasmain...isso existe...o problema é que sempre queremos alguém que nos passe a mão na cabeça e diga, não tem problema, amiga, não sinta culpa, aquela lá que só dá comida saudável é uma louca radical, vc não é menasmain porque deu danoninho, toddynho, deixou com a babá, desmamou porque quis, etc...etc... Não, amiga mãe, você é responsável sim, sou responsável pelas minhas escolhas, inclusive pelas piores que faço. A mãe que cuida com zelo da alimehntação do filho é melhor que eu. Ao menos neste quesito. E tudo bem. Não podemos ser infantis e querer que sempre passem a mão na nossa cabeça, mesmo quando erramos. Maternar com consciência, com a nossa consciência e com aquilo que nós acreditamos, ou conseguimos, ou queremos. Mas não sejamos ingênuos! Existem maneiras piores e melhores sim e nesta gama de opções existem as nossas escolhas (ou a falta delas).
    Beijos,
    Nine

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    Respostas
    1. Oi Nine!
      Você falou uma coisa interessante que a Paloma tb tinha levantado... a culpa pode ser o motor para uma mudança necessária. Concordo muito. No fundo acho que faltou em toda a discussão definir exatamente o que é culpa e o que ela causa. Se a culpa gera inconformismo e te faz andar, ela é super positiva. Se a culpa te tortura e te paralisa, ela é uma merda. Talvez, trocando as palavras, tudo pareça mais claro: eu chamaria a primeira de "consciência" e a segunda de "arrependimento".
      O que eu não quero carregar são os arrependimentos. Eles, por si só, são improdutivos. Se eu entendo o que me levou a tomar aquela decisão pela qual eu me arrependi, consigo me "perdoar" - e consigo mudar. Me libertei da culpa-arrependimento. Esse "culpa não" eu apoio!
      Agora, se eu quero me livrar da culpa-consciência para seguir tomando decisões sem assumir responsabilidades, é porque algo está errado. Esse "culpa não", que valida qualquer ação minha e me deixa parada no mesmo lugar, eu não apoio.
      Portanto, a minha ideia do "culpa não" seria melhor expressa assim: "consciência sim, arrependimento não."
      O que complica mais essa discussão é que cada um interpreta cada corrente como lhe convém. Tanto o "culpa não" quanto a "maternidade ativa" podem virar muletas emocionais. Como sempre, o problema não são as teorias, e sim o que as pessoas fazem delas...
      Beijo!

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  22. E não é que ficou melhor ainda, já tinha adorado o comentário no MMQD e agora esse texto, to sem palavras! =)

    Beijocas

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  23. "Minha responsabilidade é permitir que eles cresçam saudáveis e seguros, e se tornem adultos com autonomia e ferramentas para buscarem a própria felicidade. Somos uma família, um time, vamos juntos. É uma relação cheia de amor, de afeto e de cuidado, mas que entende que cada indivíduo tem o seu espaço."

    Pronto. Já tenho meu mantra pra vida toda.

    Eu já fui mais mãe que hoje em dia. Eu quis ser mãe em tempo integral, me dedicando 110% pra minha filha por - vamos contar desde a gravidez - 9 meses + 1 ano e 6 meses. E foi exaustivo, me perdi de mim mesma e olha, foi difícil me reencontrar. Ainda estou me buscando.

    O equilíbrio é fundamental e uma ótima reflexão que vc trouxe pra mesa é de que ser menos mãe é ok. Nesse ponto, concordo com o culpa zero, apesar de que ainda a sinto. Complicado esse negócio de conciliar marido, filhos, trabalho, casa. O bom é que estamos sempre aprendendo.

    Beijo grande Mari e obrigada pelos ótimos chachoalhões que vc sempre dá :)

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  24. Ótimo texto, concordo com você em gênero número e grau! A nossa vida pede equilíbrio e eu realmente não acho que a culpa ajude em nada. Culpa paralisa, enfraquece e muitas vezes serve de consolo para continuar errando.
    Eu acho difícil demais ser mãe, e hoje sinto uma compaixão enorme por todas- mesmo as que eu acho que fazem muita coisa errada. Olhar para dentro, se permitir crescer e encontar seus limites é para mim o foco no momento.
    A Laura Gutman fala uma lance muito legal, de que duas pessoas são pouco na criação de uma criança. Hoje eu tenho certeza que eu e o pai do meu filho não damos conta sozinhos, precisamos de ajuda e do olhar de outras pessoas para nos colocar em perspectiva.
    Obrigada por fazer pensar mais uma vez!
    Bjs

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  25. Mari, você explicou exatamente como me sinto. Que bom! Frequentemente me sinto muito sozinha no exercício de ser mãe. "Cadê a teoria que bota os dois lado a lado?" é exatamente a pergunta que eu não sabia formular. Minha busca é sempre por uma maternidade feliz: vamos ao parquinho de manhã (programa baby), mas de tarde tomamos um café num lugar bacana (programa pais). Todo mundo fica feliz, se diverte e os pais ganham energia extra para enfrentar as noites que a pequena fica doente, por exemplo (aí não tem como ser divertido).
    Acho nossa geração muito carente de modelos, e ficamos (de um modo geral) tentando aderir a uma ou outra corrente. Seu comentário me faz lembrar que existem casos que a adesão a uma ou outra corrente justificam para os pais o que eles estão fazendo e provocam exatamente o "culpa zero" - que, para mim, é a ausência de reflexão e pensamento crítico a respeito do que se está fazendo. Explicando: tenho conhecidos que praticam a tal "criação com apego" - amamentação prolongada, cama familiar, etc. Mas... mais de uma vez estive conversando com a mãe, que tinha o bebê mamando no peito, e ela passava a maior parte do tempo reclamando da maternidade, dos filhos, do cansaço. Onde está o apego nesse exemplo???? Será mesmo bom para o filho a amamentação prolongada com a mãe reclamando o tempo todo???
    Uma nova personalidade (da família) vai sendo construída na relação com o filho. Como isso deve ser feito depende de cada caso.

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  26. Mari, nunca comentei aqui, já li todo seu blog e virei sua fã mesmo depois do post do dia das mães. Eu sou filha de mãe que trabalhava e não tenho nenhum trauma, pelo contrário, a vejo como um exemplo de pessoa. Tenho certeza que ela cedeu em algumas coisa por causa dos filhos, por sinal, não gosto do termo "fez sacrifícios", filhos não são sacrifícios. Criar um filho é difícil sim. O que eu não gosto são os blogs que se colocam num pedestal por serem mães 100% do tempo e tratam as mães que trabalham e que ainda tem a sua própria vida como mães piores. Com o alcance destes blogs hoje, vejo que sim, muitas mães se sentem muito mais culpadas quando é colocado que a verdadeira maternidade é a doação integral. Um filho é parte da nossa vida, muito importante, mas a minha vida não pode se fundir com a dele. Como tu disseste - e muito bem - temos que criar os nossos filhos para o mundo, para estarem preparados para ele. Sim, com muito amor. Acho que para algumas mulheres a materninade em tempo integral pode ser a felicidade suprema, mas para tantas outras não. Eu não sou só mãe. Sou mulher, sou filha, amiga, irmã, trabalhadora, entre tantos outras funções. São várias coisas que juntas me fazem muito feliz. Como disseste, um filho para mim, é parte da família. Vejo muitas mães de blogs que maternam em tempo integral, que não se dão conta, mas seguidamente reclamam de cansaço, das birras, da falta de sono. Já vi diversas abominarem os livros que criam rotinas para o sono e depois de um ano dizerem que não aguentam mais a falta de rotina e de sono. Não estou aqui falando bem de tais livros, mas acho que ninguém é mais mãe, ou melhor mãe que outra para dizer que está errado o seu jeito de maternar. Existe certo e errado na higiene, na alimentação, na saúde. Não existe na minha maneira de cuidar do meu filho. O que funciona para mim pode não funcionar para você. O que não é certo no meu ponto de vista é uma mãe sem identidade e infeliz, pois com certeza isso reflete dentro de casa. Se ficar em casa cuidando do seu filho lhe faz feliz, ótimo. Para mim não faz. O que eu procuro passar é segurança dentro de casa. Se eu sinto culpa? Às vezes. Também sou adepta do culpa free. Não para amenizar atos, mas sim porque se eu estou feliz dentro e fora de casa, não tem porque ter culpa. Isso não me faz menos mãe. Não me faz cuidar menos ou amar menos.

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  27. Ah Mari, não vejo tantas diferenças entre o que vc e a Lia escreveram, na verdade... a essência é que a tal maternidade ativa pode ser exercida de várias formas, mas o fundamental é: assumir as rédeas da situação, isto é, assumir a responsabilidade de ser mãe - no sentido de educar os filhos para que eles sejam boas pessoas, bons cidadãos, que respeitem os outros, pratiquem a tolerância e a generosidade, tenham bons hábitos (inclusive alimentares). Terceirizar parte do trabalho braçal - porque vamos combinar, filho é pelo menos 50% trabalho braçal, chegando a quase 100% quando é RN - não é isentar-se da responsabilidade, ou ser "menos mãe", contanto que a gente saiba o que está acontecendo e dê as diretrizes.
    Estou adorando a discussão toda, no mínimo faz a gente parar pra pensar... Quanto mais se fala, se discute, se reflete, melhores mães seremos, e criaremos filhos melhores também (pois não escondo: me preocupo muito com as outras crianças, aquelas com quem meus filhos convivem e conviverão o resto da vida, que tipo de pessoas elas se tornarão, que tipo de sociedade eles viverão).

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  28. Mari,

    Amei o texto da Lia, o seu comentário e esse post aqui. Assim como você eu busco essa coluna do meio. Já escrevi sobre isso algumas vezes, já comentei em alguns posts e reforço aqui: Para mim, a maternidade ativa é aquela que nos faz pensar, questionar, mudar, renovar e voltar atrás (porque não?). Não significa estar 24 horas com a cria, fazer tudo só para eles ou nunca errar. Eu sei que não seria feliz 24 horas com a cria, como sou, equilibrando a minha necessidade pessoal de trabalhar (que é financeira tb, vale ressaltar), com o tempo que dedico a minha filha.

    Textos como os de vocês são maravilhosos para crescermos, melhorarmos e questionarmos aquilo que temos como uma verdade absoluta.

    Meu muito obrigada!

    bjs,

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  29. Acho que grande parte da minha "não-vontade" de ter filhos vem exatamente dessa histeria das pessoas de que "filhos mudam tudo" e "a sua dedicação tem de ser 100%" e "você não vai mais poder viajar por um bom tempo" e "sou mãe e vivo em função dos meus filhos" e etc... Argh, credo!

    Mas aí apareceu você e me fez olhar tudo por um outro ângulo e perceber que não, a vida não acaba após a maternidade e sim, podemos ter filhos e manter nossa rotina e a nossa individualidade, adaptando as crianças à nossa vida e não o contrário.

    Temos a mesma idade, mas quando eu "crescer" e decidir ter filhos, quero ser igualzinha a você! =)

    Beijocas!

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  30. Beeeem, e os consultórios de psicólogos cheios dos filhos das super mães que depois não permitem aos filhos viverem suas próprias vidas? Estas mães que se sacrificam, deixam sua própria felicidade de lado para cuidar dos filhos, depois cobram que os filhos cuidem delas? Mãe feliz e realizada faz filho feliz!!!

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  31. Este comentário foi removido pelo autor.

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  32. Mariana, quero entrar nessa confraria dos pais aí, hein?

    Depois de ler o seu texto e o da Anne, resolvi entrar na seara também. Independente disso, assim que chegar em casa vou fazer minha mulher ler isso aqui rsrsrs

    abs

    Cappelli

    www.etudoaoquadrado.blogspot.com

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  33. Não sei ainda o que é melhor, os posts, as discussões na blogosfera ou os comentários....
    na verdade somos o melhor que podemos ser. Seja como mães, mulheres ou profissionais.

    Beijos
    Mariana....

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  34. Mari, concordo plenamente! Tb me considero uma mae suficiente pelo menos motivo que vc citou no post. Se me dedicasse mais do que isso seria uma pessoa muito mal humorada. Eu acho q a mae precisa estar bem, feliz para que a crianca possa ser feliz tb.

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  35. É isso mesmo, Mari. Completaste bem o raciocínio. Tem quem vá ler um texto da Lia e vá sentir o dedo dela em riste, como juiz de suas ações, daí chegam nesse seu e se refrigeram, ah...culpa não... mas ninguém afirmou responsabilidade zero, né? Teoria materna é como religião, dependendo de quem interpreta podem ser maravilhosas ou apenas funcionar como justificativas para o mal (hoho). Beijos! Nine

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  36. Adorei o texto, Mari! Ainda existem tantas coisas a serem ditas, como você mesma mencionou...maternagem é algo bem mais complexo do que simplesmente elucidações teóricas...a prática de cada família vai sempre mais além...gosto de seguir meu próprio caminho e em paralelo ler discussões como essa levantarem questões de suma importância. Recolho o que acho que tem algo próximo a minha realidade. Recolho-me ao silêncio quando acho que para mim não servirá...beijos e espero que logo, logo você tenha outros "surtos" para refletirmos!

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  37. Oi, Mari! Gostei muito do seu texto.

    Adorei também um comentário que você fez em algum outro lugar sobre ação e emoção. Assim como você, leio as moças da maternidade ativa e aprendo horrores sobre como elas agem. Mas sempre fico curiosa sobre como elas sentem. E sobre o baque de largar a carreira, a vida pessoal e se dedicar totalmente aos filhos? Nenhum comentário? Sem conflitos? Tudo solar? Para mim não foi assim, não. Teve dúvida, sofrimento e culpa. E muitas coisas boas, claro. Quando leio sobre as maravilhas da abnegação pelos filhos sempre penso na "mística feminia", da Betty Friedman, sabe?

    Você leu o Contardo hoje? Acho que este trecho do texto ajuda a pensar a polarização sangrada entre a mais mãe e a menos mãe:

    “É quase uma regra: qualquer suscetibilidade extrema é o sinal de uma fragilidade interna. Em outras palavras, a facilidade com o qual eu me sinto ofendido revela que eu mesmo devo concordar, ao menos em parte, com a ofensa que recebi.”

    Isso vale, claro, para as tais mãezinhas, que vociferam quando a mãe ativa diz que cesárea não é parto.

    Mas também vale para as mães ativas solares. Quando afirmam, sei lá, que quem não sente culpa ao dar papinha industrializada de vez em quando sequer pode mencionar o fato em blog, para não fazer contrapropaganda à causa da alimentação saudável. Será que elas nunca sentiram vontade de transgredir a cartilha da mais mãe e ter uns minutos de folga?

    A patrulha sempre revela muito do patrulheiro, né?

    É na paixão em repreender as escolhas das menos mães que podemos finalmente vislumbrar como as mães ativas sentem. Que bom saber que há conflito. Não estamos sós!

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  38. Adorei o seu post. Também sou "menos". Ha. O que me chamou a atenção nesse debate é que boa parte das mulheres são mães de filhos com menos 7 anos. Eu, como mãe de um pré-adolescente de 11 anos, enxergo com mais humor essa discussão e acho que nada é garantia de nada (kkkk). Os filhos crescem e vão te decepcionar, tendo a gente feito parto normal ou cesárea, tendo amamentado até 2 anos ou dado mamadeira no primeiro mês, tendo comido de garfo, faca e colher, comida orgânica ou almôndegas da Sadia. Eles vão nos negar. Como eu neguei a minha mãe. E eu quero mesmo é arrastar um pouco menos os grilhões das minhas culpas. E não sou uma mamaholic (sim, já existe uma expressão americana para a maternidade ativa), mas apoio quem é, com o direito de discordar e ter minha opinião, no mínimo, respeitada. E desculpe. Tinha de feito esse comentário no blog. Vou lá fazer. bjs
    PS: Fiquei pensando que acho que minha mãe também é menos, pois nasci de cesárea, tomei leite Ninho desde bebê e ela me deixava com a minha vó para ir ao cinema, ao motel com meu pai! Vou cobrar a conta da terapia dela. kkkkkkk.

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  39. Este comentário foi removido pelo autor.

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  40. Pois é xara... por esses e outros posts que eu continuo lendo esse bloguitcho e dizendo: onde eu assino? Se ser menos é também pensar em mim, considerar que eu também tenho limites, vontades e afins, também sou menos. Mas sou MAIS feliz como mãe e como individuo sendo "menas main", porque assim (olha o veneninho): minha felicidade não depende inteiramente do meu exercicio maternal. Eu existo em outros cenarios, eu exerco outras funções, outros papéis (que me sao absolutamente essenciais, diga-se de passagem). Se o direito de ter uma vida para além da maternidade, de ter uma identidade para além do eu-mãe me fosse tirado eu seria a mais infeliz das criaturas. Ser apenas mãe não me seria suficiente. Quem não precisa de outros papéis tem todo o direito de assumir so um e ser feliz assim. Mas eu fico aliviada de viver em uma sociedade onde nos (e nossas filhas todas) temos essa escolha. Para ser uma mãe (com mais ou sem mais), a mulher não precisa escolher entre maternidade e "todoorestoqueeusouefaçonessavida". Porra (sorry), pra mim a geração das nossas mães deixou isso mais do que comprovado... não?!
    O que sempre martela na minha cabeça nesses debates todos (que sinceramente ando sem paciência para acompanhar e participar) é o seguinte: uma coisa é defender uma opção, outra coisa é defender um padrão. O que me tira do sério é essa tendência ao sectarismo obvio que rola blogsfera afora: "bons somos nos, ruins são os outros, logo junte-se a nos comprando o nosso pacote por 599,90". Sabe? Sei la, eu quero ensinar minha filha a ser independente, autonoma e principalmente livre. E isso so sera possivel se eu também for independente, autonoma e livre. Menas main my ass! Freedom people, freedom!

    ps: adorei o comentario acima! sempre penso em como vao reagir as mamaholics quando chegar a adolescência dos filhos e tudo vier abaixo!!! :°)

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  41. Demorei, mas cheguei! Não coloquei uma ideia no meu texto porque, quando pensei nela, ele já estava tão fechadinho que desisti de mexer: a rejeição por um ideal utópico e inatingível de maternidade não deve nos impedir de fazer o que está ao nosso alcance.
    E também tem o papel do discurso segundo a realidade em que estamos inseridos. O que tenho visto, como regra geral, não são mães e pais se sacrificando em excesso em nome dos filhos. Isso eu arriscaria dizer que nunca vamos ver, porque nossa natureza é auto-centrada e tal comportamento facilmente se enquadrará no rol de patologias dos psiquiatras. Assim, não acredito que sejam necessários discursos defendendo essa postura - porque esse é o nosso automático. É errado dar papinha industrializada, dar NAN, ter babá? Claro que não. Nada disso é errado em si. Mas se tivermos um pouco de malícia ao ler o discurso da grande mídia, se não formos tão ingênuos a fim de ignorar as ideologias por trás deles, perceberemos que existe uma deturpação do bem em mal.
    Não era pra ninguém estar se defendendo por fazer ou não fazer qualquer uma das coisas de um suposto pacote de maternidade ideal. Era para cada um de nós estarmos em paz com nossas próprias consciências, porque, como eu já disse, é só aos nossos filhos que devemos prestar contas.
    Não sei como as pessoas que rejeitam a proposta de uma maternidade responsável imagina que seja a vida das mulheres que a defendem. Muitas trabalham o dia inteiro, têm babás, mas fazem tudo o que podem. Certo, façamos só o que for possível. Mas façamos todo o possível.
    Teria muito mais a dizer, mas talvez isso seja assunto para um outro post, chamado Maternidade e Utopia.
    Agora, só pra responder a essa última frasezinha do comentário acima, que está pululando em minha tela:
    Cada coisa tem seu tempo. Uma mãe que para tudo pra cuidar de seu bebê até 6 meses, 1 ano, 2 anos ou até mais não é alguém que acha que vai passar o resto da vida fazendo isso. Inclusive é por isso que ela para tudo, porque sabe que esse tempo passa voando e não volta. Acredito que quanto mais bem resolvida estiver essa fase inicial de simbiose com a criança, mais fácil será deixá-la ir quando ela estiver crescida. É engraçado que, enquanto o senso comum diz que crianças que mamam "prolongadamente" ficam hiperdependentes da mãe, não é o que a experiência nos diz, porque essas são exatamente as mais independentes. Por outro lado, tenho visto muitas mães da geração da minha que não estiveram presentes na primeira infância de seus filhos e querem tirar o atraso com os netos, em relações muitas vezes patológicas.
    O que nós estamos construindo aqui é o futuro - inclusive a adolescência dos nossos filhos.

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  42. Adorei o texto, e fico aliviada em ver que não sou só eu que esta na tentativa de fazer o melhor possível, mesmo falhando em alguns aspectos

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  43. Ai, confesso que comecei a ler ambos os posts e foi me dando um sono, uma preguiça... Acho que ta todo mundo teorizando demais sobre a maternidade e fazendo muito pouco de fato pelos filhos (não é seu caso, Mari, to generalizando, ok?). A briga entre extremos começa na gravidez e fica assim: de um lado as que se dizem super mães e querem parir sem anestesia, criar os filhos sozinhas,amamentar anos a fio e param de trabalhar quando podem. Do outro as que querem cesárea, dar logo fórmula pros bebês e ter babá, folguista, motorista e o que mais o dinheiro permitir. Na minha opinião, os 2 tipos de mãe estão mais preocupadas com elas mesmas e suas teorias e auto suficiência do que com as crianças... Cadê as mães normais, que estão no meio termo disso? As mães que tentam estar sempre presentes, mas que às vezes chegam tarde do trabalho; as mães que querem amamentar o máximo possível, mas também querem sair e fazer uma viagem com o marido; as mães que brincam com os filhos, mas que às vezes também se cansam e colocam pra ver tv? Tá faltando verdade nesses 2 discursos e por isso ando cansada dessa teorização toda, sabe? Acho essas discussões muito válidas, mas às vezes elas acabam forçando as mulheres a tomar uma posição de um lado ou de outro. E não existe isso, não existe lado! Por isso que, como você, eu busco o caminho do meio. Tive um parto normal com anestesia, to aqui de licença maternidade curtindo minha filha com toda entrega possível, mas também não vejo a hora de colocar um salto, uma maquiagem e voltar a ter minha individualidade. Amamento e acho extremamente prazeroso, quero fazer isso o máximo possível, mas uma mamadeira eventual com meu leitinho para poder dar uma saída com o marido e deixar os avós curtindo a neta tb não faz mal a ninguém!
    E culpa zero nunca vai existir. Vou ficar culpada sim, mas vou ter que conviver com isso e aprender a escolher pelo que vale a pena me culpar e sofrer. Acho que a questão aqui é a gente tentar perceber o que de fato NOS move/toca e não o que as teorias extremistas nos mostram que deveria nos mover/tocar.
    Beijos Tati

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  44. Eu adorei o post e a teoria que esta por detras dele, mas eu discordo dessa coisa de mais mae e menos mae. Acho que a mae quando nao da atencao aos filhos para se cuidar, tambem esta cuidando dos filhos. Esta dando exemplos de amor proprio, se torna mais feliz, e da ao filho a oportunidade de viver outras experiencias na vida que nao sao diretamente relacionadas a mae. Ou seja, mae que deixa o filho e vai ao cinema tambem esta sendo materna, eh mais mae tambem. Acho que essa quantificacao nao ajuda em nada, nem com a culpa nem com a discussao.
    Esse papo de menos mae, piora a culpa, e gera valores sim. Ta querendo enganar a quem: quem quer ser menos?
    A ideia que uma mulher eh menos mae porque eh mais mulher inclusive beira o machismo, que nao aceita que a maternidade pode (e na minha opiniao) deve dividir espaco com a felicidade (inclusive sexual) feminina. Quanto mais Madalena, menos Maria?
    Nao, cada vez que eu dormi uma noite inteira e deixei meu filho com o pai ou a avo (e com uma mamadeira) eu fui MAIS MAE sim, porque deixei meu filho viver amamentacao com outras pessoas da familia, porque acordei mais feliz e bem humorada pra ficar com ele no dia seguinte, e porque assumi sem culpa que cuidado e tambem deixar ir.

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  45. Nossa, que assunto chato! Colocar rótulos de mais mãe, menos mãe, culpa disso, culpa daquilo é um saco. Como se amar incondicionalmente um filho excluísse automaticamente o amor próprio e a vontade de viver da mãe, gente, não é assim, uma coisa não anula a outra. Na minha opinião, essas mãe defensoras de partos naturais com muita dor, amamentação prolongada, abdicação de vida própria em prol do filho fazem isso, mais por elas do que pelos filhos, fazem porque acreditam que isso é o melhor. Não sei até que ponto isso é saudável para o filho, é muita responsabilidade sobre os ombros da criança, será que um dia todo esse sacrífício será cobrado dos filhos???
    Além disso, acho que o foco dessa discussão está na mães e não nos filhos, e isso está errado. Tem muita teoria para justificar a posturas das mães, mas e os filhos??? Para o filho vai fazer diferença se a mãe morreu de dor para colocá-lo no mundo?? Se a mãe não amamentou, o filho vai estar condenado a ser doente para o resto da vida? Se a mãe comprava papinha industrializada ou se cozinhava pessoalmente os legumes? Se a mãe se torturava pensando na culpa que sente ao deixar o filho com os outros enquanto trabalhava??? Acredito que quase todas as mães (as mais, as menos e as da coluna do meio) amam os filhos e fazem o que fazem pensando no bem da criança, então, está tudo bem.
    Vamos gastar nossas energias com assuntos que dizem respeito às crianças.

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  46. Olá, sou pai e professor de educação física. Também fiquei muito impressionado com o post da sala-playground e, apesar de concordar com teu marido em muitas coisas, construí um braqueador e pus na sacada, comprei bola de pilates, espaldar. Em princípio, minha mulher não aderiu, mas hoje é a maior defensora. Se morássemos numa casa com jardim, contudo, não teria transformado nossa sala. Mas não creio que isso signifique "tudo para as crianças". Isso é tão pouco!

    Mas pelo que percebi, faltou dizer que a blogueira da sala-playground ( não vou citar seu nome, embora seja um fã incondicional dela) mora num apartamento minúsculo, num prédio sem playground - isso foi mencionado no post do MMqD, como justificativa para "avacalhar a sala". Mas não foi dito aqui - uma pena. E como a mãe em questão disse em outros posts, se morasse numa casa com jardim, jamais faria aquilo com a sala. É uma mãe com poucos recursos, que encontrou um jeito de driblar a falta de espaço. A mensagem que extraí daquele blog maravilhoso foi: crianças precisam de oportunidades - não importa se o escorregador é num parque ou no sofá da sala. O que não podemos é deixá-las sem escorregar. Ou seja, morar num "apertamento", não é desculpa para não estimular os filhos. E pra quem lê o blog supracitado isso fica muito claro. Tomara que também fique claro pra quem lê este post. Se não, vai ter mãe morando em apartamento pequeno e achando que é suficiente os filhos brincarem de jogos de tabuleiros no quartinho deles.

    Por fim, torço para que as considerações aqui feitas não desanimem outras mães a tentarem fazer algo diferente, a ousarem experimentar o novo. Porque definitivamente negar a oportunidade de um desenvolvimento motor sadio e pleno não é ser "suficientemente bom". E numa época em que a infância se vê cada vez mais digitalizada, isso pode ter consequencias nefastas. Assim, era bom deixar claro que num apartamento pequeno - onde as crianças não contam com quartão nem quintal - mudar a disposição do sofá 2, 3 vezes na semana, não revela falta de equilíbrio, mas sensatez. Não se trata de ser "mais" ou "menos" pai. Movimentar-se é algo intrínseco ao desenvolvimento infantil, e não pode se nortear pelo grau de "consciência" de cada um. Não vou transformar a sala num playground? OK! Mas nesse caso, preciso levar meus filhos diariamente ao playground, ou ao menos garantir que tenham a oportunidade de correr, escalar, rolar, balançar, empurrar, carregar pequenos pesos. No nosso caso, achei mais prático trazer o playground até os meus filhos, hehehe.

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    1. Oi Victor, tudo bem?

      Cara, eu escrevi esse texto naquela empolgação de quem acha que teve uma grande revelação (haha!) e não reparei que ele podia ter uma leitura assim, soando pouco generosa com relação ao post que originou tal epifania. Você tem razão, pareceu meio implicante mesmo... mas não era. Eu adorei o post da sala! Não quis de forma alguma criticar a atitude daquela mãe, mas sim criticar a MINHA reação ao post - que foi "uhu, vamos transformar a sala!" - considerando a nossa realidade: temos em casa um quarto de brinquedos, muito espaço, quintal, páteo, parquinho e piscina na área comum do condomínio, fora o clube e a pracinha ali do lado. Temos uns 3 escorregadores disponíveis em um raio de 3 quarteirões, entende? E eu ali querendo virar o sofá da sala... não é uma loucura? O ponto é que por muito tempo acreditei naquela velha máxima de que pais fazem/devem fazer "tudo" pelos filhos. Então li o post e pensei: agora que eu sei que posso criar uma sala lúdica, como continuar vivendo sem ela? Como me considerar boa mãe se eu escolher NÃO virar meu sofá para as crianças brincarem???
      Enfim, a conversa que tive com o maridão acabou sendo sobre a gente, sobre as escolhas que faríamos, não sobre as escolhas da mãe que escreveu aquele post. Citei essa conversa só para tentar explicar um pouco o processo de "reformatação de maternidade" que tenho atravessado. O ponto é menos o que fazemos com a sala e mais como a gente tem se colocado com as questões parentais de modo geral. Mas vc apontou bem, tá parecendo meio crica mesmo (e talvez desestimulante para outros pais e mães), vou mexer no texto pra tentar desfazer essa impressão!

      (A propósito: eu tenho muita agonia com as possibilidades de má interpretação dos textos, sabia? Bem isso que vc falou, da mãe ler isso aqui e achar que tô dizendo que tudo bem o esquema "jogo de tabuleiro no quartinho". Cada um entende como lhe convém, né? Às vezes tenho a impressão que uma leitura precipitada de tudo o que eu venho falando pode me tornar a porta-voz das mães descomprometidas do planeta Terra. Interpretações são algo tão sem controle... lembro que uma vez eu disse que "tirei os filhos do primeiro plano pra botar a familia inteira junto" e o comentário de alguém foi: "texto de uma mãe egoísta que se coloca em primeiro plano". Aí é brabo, né? Como proceder? Outra longa conversa...)

      Beijo!

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  47. Este comentário foi removido pelo autor.

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  48. Olá, Mari, como vai?

    Somente hoje vi sua resposta tão atenciosa. Fiquei muito impressionado com sua gentileza, sensibilidade e clareza de pensamento. Muito obrigado. E vá perdoando este pai chato por ter-se intrometido numa conversa de mães, com mães e para mães.

    Abraços

    Víctor

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  49. Mari, compartilho aqui minha resposta ao texto que surtiu esse seu texto, tão gostoso de ler! Eu fiz cntl C cntl V aqui pra vc tmb. pra contribuir com essa discussão que mexe tanto com a gente. Beijos!
    Acho que a questão da culpa, ou não culpa, causa confusão porque a reflexão quer de alguma forma eliminar ou uma ou outra condição. Eu colocaria que, a culpa é inerente a nossa existência. A ausência de culpa, em qualquer situação da vida, nos levaria a uma não escolha de um jeito de ser, a uma não responsividade a vida. Responsabilizar-se é nos tornarmos conscientes e agirmos em prol de algo que nos chama a responder, podendo inclusive essa resposta a vida ser a indiferença, ou a não resposta (que não deixa de ser uma resposta... e muitas vezes bem vinda!) Então, culpa zero, é impossível. A culpa nos leva a nos posicionar. A culpa nos leva a construir um jeito. A culpa nos leva a sermos criativos, a mudar de idéia, a transformar. O que precisa ser discutido, porém, é, o quanto que as mulheres mães estão sendo colocadas e se colocando num lugar escuro (muitas vezes pelas próprias mulheres!) onde ela não mais se percebe hábil para escolher, ou seja, que se sinta incapaz de ir construindo saídas pra sua culpa a partir das referencias com as quais ela entra em contato, ou até inventando novas maneiras. Pô, a mulher sentir que ela não consegue mais escolher um jeito, não consegue sentir-se potente, é excessivamente pesado, e doente! E o resultado é ficarmos sempre em dúvida com nossas escolhas, fragilizadas, ou querendo matar o outro porque fez uma escolha diferente. Tem que falar o que pensa, mas não termos a pretenção de fecharmos a questão. Acho que o que nos falta, é nos colocar perguntas, sermos mais perguntadoras, ao invés de ficar só no "é assim que tem que ser". Acho que enriqueceríamos a discussão e a nossa experiência de maternidade mudando a chave pro "porque nao?" Essa pra mim é a saída pra mulher construir uma maternidade própria pra lá de consistente, onde o experienciar, o questionar, o criar sejam o mote na jornada de ser mãe, e mulher, e não a impotência.

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  50. Caracoles vc escreve pra kceta. No sentido de escrever varias linhas mesmo...

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