quinta-feira, 30 de abril de 2009

:: Rapidinhas


Ser mãe é perseguir o filho pelo parquinho, com um lenço de papel na mão, tentando em vão limpar o nariz dele.

terça-feira, 28 de abril de 2009

:: O batom


Já que esta toxoplasmose não me deixa engravidar, eu fui lá e comprei um batom, como prêmio de consolação. Não que uma coisa tenha a mínima relação com a outra, mas eu tenho certos pudores anticonsumistas e pra comprar um batom preciso de um bom péssimo motivo, tal qual uma dieta, uma demissão ou uma toxoplasmose. Lei das compensações.

Enfim, o batom. Um nude lindão. Cheguei pro Carlos e disse, comprei um batom lindo, quer ver?

Ele: Quero.

Eu fui no banheiro, passei o batom e voltei.

Ele: Cadê?, procurando nas minhas mãos.

Eu: Aqui!, fazendo biquinho sexy.

Aí ele me olhou com cara de vítima de pegadinha e não disse nada. E eu achei pertinente explicar: É um cor de boca!

Ele: Cor da boca? Da sua?

Eu: Não cor da boca, “cor DE boca”, uma outra boca. Qual seria o sentido de comprar um batom com a cor da MINHA boca?

Ele: NÉÉÉ?, qual seria???

Eu: Pois então.

E ele: Mas eu não tô vendo nada.

E eu: Exato, nem parece que passei batom! Hã? Hã?, e ele me olhou como se eu fosse louca.


Tem coisas nessa vida que os homens nunca vão entender.


sexta-feira, 24 de abril de 2009

:: Quem ri por último


Eu sempre fui péssima no jogo do sério. 


Pensei nisso recentemente, quando vi a guarda do castelo de Praga. Os caras parecem estátuas de cera, com aquele uniforme esquisitão, as baionetas e a expressão mais neutra que é possível num ser humano. Turistada lá tirando foto, fazendo chifrinho, pegando na bunda e os caras nem tchuns. Rosto impassível, olhando pra frente e sem mexer um músculo. 


(Inclusive me pergunto pra que serve uma guarda cuja ordem é "não mexer nunca, jamais, em hipótese alguma". Terrorista armado até os dentes pode até tirar foto com eles antes de se explodir e levar o castelo todo junto. Enfim.) 


O caso é que todo mundo que quer ter filho tinha que fazer um estágio com os guardas do castelo de Praga. Porque o pecado mortal da educação é se desautorizar diante do filho. Pode ser mãe e pai se contradizendo, mãe e pai sendo pouco consistente e, principalmente, mãe e pai rindo na hora de falar sério. Você diz "não pode" e todo o resto do rosto diz "faça, mas faça MUITO, porque isso é hilário".


Mas como evitar? Crianças são engraçadas, ponto. Fazem coisas horripilantes, mas é engraçado demais, DEMAIS, impossível não ter um ataque. Exemplo: Alice, quando leva bronca, me beija. No joelho, no nariz, no ombro, onde der. E não é um beijo qualquer, é um beijo ostensivo, enorme, que vem num bico compriiiido de Tião Macalé. Ela sabe que assim me desarma, e a bronca vira risada - disfarçada, mas risada. Ou: ela não beija, mas imita. Vira a cabeça (tipo cachorro prestando atenção, sabe?) e fica ali, bi-bi-bi?, bó-bó-bó?, palavreando no mesmo tom da bronca. E eu rio que me acabo. Amadora que sou, caio feito uma pata, manipulada por uma criança de 1 ano e 7 meses. Não adianta, ainda não consigo deixar de achar graça nas picaretices dela.


Eu devia era ter botado Alice pra sacanear os guardas de Praga. Porque se eles ignorassem, ela ia perder a fé na eficácia do seu charminho e ia voltar menos abusada. E se eles rissem, até eles!, quem sou eu pra querer ficar séria?



quinta-feira, 16 de abril de 2009

:: Disse Rebeca II



Rebeca disse...


Mari e meninas,


Me ajudem!!! O João insiste em falar palavrão!


- Filho, pede desculpa.


- Puta.


- Vc quer leite ou suco?


- Cu.


HELP!!!!



Hahahaha! Oh-my-god!


Rebeca querida, nem sei o que dizer. Alice ainda não usa palavreado chulo, mas tem um hábito horroroso que me parece o genérico desse comportamento do João: ela futuca o nariz com fins recreativos. Percebeu que causa sempre que faz isso, e pronto, virou brincadeira. Agora eu tento ignorar, tento dar bronca, tento mudar de assunto, e nada adianta. Ela olha bem pra gente, ri, e afunda o indicador na narina até a falangeta. Uma verdadeira princesa.



(ficou tensa com a foto e errou a mira)


Eu gosto daquela teoria do ignora que passa. Acho que meu grande erro com Alice foi fazer cara de horror na primeira vez que ela limpou o salão. Porque aí já era: ela viu que o negócio dava ibope. Agora eu tento ignorar o quanto dá, mas não é facil, principalmente em público. Pra mim é difícil deixá-la fazer coisas nojentas num restaurante, como pra você deve ser um horror deixá-lo te xingar na frente de visitas, por exemplo. Aí a gente se constrange, faz de novo a tal cara de horror, e chama a atenção deles, e eles riem da bronca (céus!), e a coisa se retroalimenta infinitamente. Então eu só tenho uma sugestão: bora prometer esses dois em casamento? Iam fazer um par e tanto, haha!

Ou então, quando ele mandar um cu na frente de alguém, diz assim: que bonitinho, meu filho fala francês! (Cu aqui é pescoço, e com a mesmíssima pronúncia!) 


Bom, tô jogando na roda a questão da Rebeca. Alguém tem idéias pra cortar esses hábitos dos pequenos?


quarta-feira, 15 de abril de 2009

:: Alice e a comunicação


A-do-ro as pequenas confusões lingüísticas dos bebês. Elas têm uma lógica toda particular e mostram como nossos filhos são espertos mesmo quando não estão sendo muito espertos.

Alice ama queijos. Todos, sem distinção. E estamos na França, atenção! Queijo aqui pode ser sinônimo de aventura. Sabe aqueles mais sinistros, mais fedorentos, com a casca de um cinza-azulado-amarronzado esquisito? Ela manda ver. Quando o queijo parece forte demais até pra mim - e eu gosto desse queijos que quase andam - ela encara, é uma coisa espantosa. Mas o legal da história é a forma como ela pede:  "Quexo, mamãe!", ela diz, apontando para o próprio queixo. Adorável!



Aí tem as pilantragens. As palavras que ela decide que não vai falar, e ponto. Com geléia é assim.

- Dá! (ela aponta a geléia)
- O quê, filha? A geléia?
- É. Dadado.
- Dadado não, Alice. Geléia.
- Daditum.
- Geléia. Ge-lé-ia. Gêêê...
- Póóó...
- ... lééé...
- ...bííí... 
- ...ia!
- ...blum! 

E aí ela começa a rir franzindo o nariz. Posso?

O deboche deveria ser proibido para criaturas que não sabem falar.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

:: Ctrl C + Ctrl V


Voltei. Mas hoje, segunda, é feriado de Páscoa aqui em Paris, de modo que Deus não quer ninguém trabalhando. Como esse blog é a coisa mais próxima de trabalho que tem me ocupado a mente, vou blogar-sem-ter-trabalho, copiando um email ótimo que a Gi me mandou.

Não sei quem é o autor. Então, se você que está lendo escreveu isso aqui, pode levantar a mão que eu dou o crédito (e fica aí o exemplo, porque teve gente que publicou texto meu, veio aqui se defender fazendo a linha "oi? sou inocente e não sabia de nada" mas deixou o texto lá, apesar dos meus mil recados. Uma pessoa que está nesse momento educando filhos e transmitindo valores por aí, notem bem. Bela lição de ética para as gerações vindouras, né não?).

Bom, o texto:

  Como diz o ditado, o 1º filho é de vidro, o 2º é de borracha, do 3º para frente é de ferro. 
 *A ordem de nascimento das crianças* 
 
Irmãos mais velhos têm um álbum de fotografia completo, um relato minucioso do dia que vieram ao mundo, fios de cabelo e dentes de leite guardados. Já os caçulas penam para achar fotos do primeiro aniversário e mal sabem a circunstâncias em que chegaram à família 
 
 O que vestir 
 
 1º bebê - Você começa a usar roupas de grávidas assim que o exame dá positivo 
 2º bebê - Você usa as roupas normais o máximo que  puder 
 3º bebê - As roupas para grávidas SÃO suas roupas normais 
 
 
 Preparação para o nascimento 
 
 1º bebê - Você faz exercícios de respiração religiosamente 
 2º bebê - Você não se preocupa com os exercícios de respiração, afinal lembra que, na última vez, eles não funcionaram 
 3º bebê - Você pede para tomar a peridural no 8º mês. 
 
 O guarda-roupas 
 
 1º bebê - Você lava as roupas que ganha para o bebê, arruma de acordo com as cores e dobra delicadamente dentro da gaveta 
 2º bebê - Você vê se as roupas estão limpas e só descartas aquelas com manchas escuras 
 3º bebê - Meninos podem usar rosa, né? 
 
 Preocupações 

 1º bebê - Ao menor resmungo do bebê, você corre para pegá-lo no colo 
 2º bebê - Você pega o bebê no colo quando seus gritos ameaçam acordar o irmão mais velho 
 3º bebê - Você ensina o mais velho a dar corda no móbile do berço
 
 
 A chupeta 
 
 1º bebê - Se a chupeta cair no chão, você guarda até que possa chegar em casa e fervê-la 
 2º bebê - Se a chupeta cair no chão, você a lava com o suco do bebê 
 3º bebê - Se a chupeta cair no chão, você limpa na camiseta e dá novamente ao bebê 
 
 Troca de fraldas 
 
 1º bebê - Você troca as fraldas a cada hora, mesmo se elas estiverem limpas 
 2º bebê - Você troca as fraldas a cada duas ou três horas, se necessário 
 3º bebê - Você tenta trocar a fralda antes que as outras crianças reclamem do mau cheiro 
 
 Banho 
 
 1º bebê - A água é filtrada e fervida e sua temperatura medida por termômetro. 
 2º bebê - A água é da torneira e a temperatura é fresquinha. 
 3º bebê - É enfiado diretamente embaixo do chuveiro na temperatura que vier. 
 
 Atividades 
 
 1º bebê - Você leva seu filho para as aulas de musicalização para bebês, teatro, contação de história... 
 2º bebê - Você leva seu filho para as aulas de musicalização para bebês 
 3º bebê - Você leva seu filho para o supermercado, padaria... 
 
 Saídas 

 1º bebê - A primeira vez que sai sem o seu filho, liga cinco vezes para casa para saber se ele está bem 
 2º bebê - Quando você está abrindo a porta para sair, lembra de deixar o número de telefone de onde vai estar. 
 3º bebê - Você manda a babá ligar só se vir sangue 
 
 Em casa 
 
 1º bebê - Você passa boa parte do dia só olhando para o bebê 
 2º bebê - Você passa um tempo olhando as crianças só para ter certeza que o mais velho não está apertando, beliscando ou batendo no bebê 
 3º bebê - Você passa um tempinho se escondendo das crianças 
 
 Engolindo moedas 
 
 1º bebê - Quando o primeiro filho engole uma moeda, você corre para o hospital e pede um raio-x 
 2º bebê - Quando o segundo filho engole uma moeda, você fica de olho até ela sair 
 3º bebê - Quando o terceiro filho engole uma moeda, você desconta da mesada dele     


Haha, adorei! Tá certo que pra achar graça tive que superar o fato de ser segunda filha, né?, mas aí olho pro Carlos, que é o terceiro, e penso que sempre dá pra ser pior.

Não passei ainda do primeiro filho, mas super me identifiquei. É que notei, com certa preocupação, que Alice tá mais pra terceira do que pra primeira. Me bateu uma baita culpa de mãe relapsa, e por isso, em minha defesa, eu dividiria não por filhos, mas por semestres: 0 a 6 meses, 6 meses a 1 ano, etc. Pra poder acreditar que pegar chupeta do chão, passar na camiseta e devolver na boca é coisa normal e super básica - mesmo pro primeirão - se ele tem mais de ano e meio. 

Faz sentido pra mais alguém, ou sou eu que sou uma mãe uó?


(mas ela me ama mesmo assim)

domingo, 5 de abril de 2009

:: En Provence


Eu sei que isso tá repetitivo, mas: tô viajando, de novo. Volto em uns 10 dias, tá?


Aquele beijo pra quem fica!




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