Estava eu naquele momento meio embaraçoso de escovar os dentes no banheiro da firma, quando essa mocinha simpática vira pra mim e diz:
- Descobri com quem você parece! Eu tava tentando lembrar...
E eu respondo simpaticamente para a mocinha simpática:
- Com quem, com quem?
*PAUSA PARA REMINISCÊNCIAS DA INFÂNCIA*
Quando eu era criança cismei que parecia a Malu Mader. Acho que foi minha mãe que disse, e eu acreditei, coitada. Era por causa das sobrancelhas grossas, que pareciam uma maldição até surgir Malu, grande Malu! De modo que sempre que alguém me falava: "você parece aquela atriz...", eu toda prosa pensava na Malu Mader. Verdade que quase sempre a pessoa completava assim: "... a Mayara Magri!", mas ok: sobrancelhas com um pouco menos de glamour dava a Mayara, que não é nenhuma Malu mas também é muito digna, ué. Mais tarde eu virei, dizem, uma cópia da Marina Person, e como eu trabalhava na MTV, as pessoas tinham certeza que eu era irmã dela. Ok, super digno. Sendo então uma mistura de Malu Mader (né mãe?), Mayara Magri e Marina Penson, tô felizona, tô pitéu, tô no lucro.
*DESPAUSA*
Então mocinha ia dizendo que eu parecia com alguém, e eu ("Malu Mader? Marina Person? Hein, hein?") fiquei esperando ela completar o raciocínio - com altas expectativas, notaram?
E ela completou assim:
- A Grace Gianoukas!
HAHAHAHA!! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!! Ataque fulminante de riso (riso interno, porque eu não queria fazer a louca ali no banheiro com uma mocinha que, embora simpática, era uma semidesconhecida).
OH-MY-GOD!
Prazer, Malu Mader
Prazer, Grace Gianoukas
E não é que é verdade mesmo?
É que somos todas brimas, eu, Grace e metade (a feminina) do oriente médio. Tem a ver com uma coisa árabe que pula da cara da gente e que não é feita só de sobrancelhas grossas, mas de olhos enormes e desse arzinho de "somos malvadas" (mesmo quando não somos, meu caso), por causas das sobrancelhas que se arqueiam quando a gente menos espera - tão vendo essa cara da Grace na foto? Eu faço igualzim, e 99% das vezes é sem querer... Eu achava que a arabicidade (?) da pessoa se definia pelo nariz, mas não. Eu, que puxei o nariz non-árabe do papai, continuo sendo reconhecida como brima a anos-luz de distância. Ou a centímetros, sob luz fria, com uma escova de dentes enfiada na boca. Ascendência é destino, minha gente.
E eu adoro, que fique claro. Adoro ter cara de árabe, acho tão misterioso, tão exótico, tão assim, Sherazade, sabe?, com muito ôro, muita riqueza e muitos véus? Eu acho chique. O que me fez rir foi que, ascendências, sobrancelhas e narizes à parte, eu me divirto tanto, mas TANTO com a minha autoimagem delirante, que benza deus, viu? A pessoa acreditar no julgamento da própria mãe e se achar A CARA da Malu Mader é muito amor, né? Terapia pra quê?
Ah, e além de me achar a cara da Malu eu também quero aproveitar o momento e declarar que acho a minha filha A CARA da Ana Paula Arósio misturadinha com a Brooke Shields. Mas terei a fineza e a prudência de não dividir essa opinião com ela, porque né?