segunda-feira, 26 de maio de 2008

:: Bebê Gourmet

Quando eu era criança era fascinada pelos potinhos da Nestlé. Achava cool, sei lá porque diabos. Eu sonhava com o dia em que teria um filho pra enchê-lo de papinha até as tampas, e enquanto o filho não chegava eu enchia a mim mesma: lanche da tarde era sopinha de carne com legumes, sobremesa era creminho de maçã. Aí, lá pelos 11 anos, entrei na minha fase gourmand (que, pra quem não sabe, começa quando a gente joga fora o tempero do miojo e faz nosso próprio molho com catchup – e daí pro macarrão com salsicha é um pulo...). Então eu incrementava a sopinha com caldo de carne, porque falta um baita de um sal naquilo ali, e comia com a alegria de um gastrônomo degustando trufas brancas do Piemonte.

 

Pois bem: aí eu tive uma filhinha. E resolvi que muito mais cool do que potinhos Nestlé era criar umas sopas maluconas e ultra-saudáveis pra ela, com arroz integral, quinua e verduras orgânicas. Parece sacanagem com ela, mas não é, juro! As sopas são incríveis e bem temperadas – com pouco sal, mas cheias de ervinhas frescas que a gente pega na horta. E a Vanda, que cozinha aqui em casa, teve uma idéia sensacional: ela faz o sopão básico* e à parte, em forminhas de gelo, congela uns purezinhos coloridos. Pode ser beterraba, ervilha, caldo de feijão, abóbora... a cada refeição a gente coloca um cubinho, ou faz uma combinação com cubos diferente. Alice come felicíssima e não enjoa!

 

 

*Sopão básico:

 

- uma proteína animal: carne, frango ou peixe.

- um carboidrato (arroz, macarrão, batata, quinua, cuscuz marroquino)

- uma cacetada de legumes e verduras, à vontade. É legal variar as combinações a cada semana.

- temperinhos: um tico de sal, cebola, alho, folhinhas verdes: salsinha, tomilho, coentro, alecrim, orégano, etc. Quando eu estou muito radical ainda boto uma pitadinha de curry ou cominho, pra dar uma variada. Mão leve nesses temperos em pó, ok? E não custa checar com o pediatra pra saber se tudo bem.

 

É só cozinhar tudo num panelão, passar numa peneira grossa (antes de peneirar eu separo a carne, bato no liquidificador e ponho de volta na panela), e pronto. A gente faz bastante e congela em porções individuais pra durar uma semana. Pra variar, usa os tais cubinhos coloridos. Um fio de azeite na hora de servir (tempera e ainda dá uma forcinha a mais pra bebês com intestino preso), e voilà! Delícia!

 

 

Então eu desencanei dos potinhos Nestlé e passei a cobiçar as refeições da Alice enquanto ela almoça. E se meu olho gordo causar dor de barriga na pobrezinha eu ainda posso colocar a culpa no curry.

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