quinta-feira, 29 de maio de 2008

:: Das caquinhas

Existe todo um universo de nojices que a gente só descobre quando vira mãe. Na verdade a gente conhece enquanto é filho, mas só aprendemos a apreciá-lo devidamente quando mudamos de papel: se antes eu dizia “ai mãããe, nhé, que nojento, pára!”, com caretas e tudo mais, hoje sou eu que agarro a Alice e faço toda sorte de coisas nojentas com ela. Nojentas pros outros, claro, porque pra mim é sempre um prazer.

Não precisei nem de uma semana como mãe pra fazer a nojice materna mor: limpar a carinha dela com cuspe. Opa, uma sujeirinha aqui – e dá-lhe lamber o dedo e esfregar a bochecha dela até sair. Isso me enlouquecia quando eu era pequena, mas com a Alice é irresistível.

Outra coisa mais forte do que eu é tirar meleca do nariz dela. Porque a meleca tá toda ali, na portinha, pedindo pra ser pinçada pra fora. Mãe que é mãe pinça, sem a menor cerimônia. E com os dedos, se preciso for. E limpa cocô. E enxuga vomitinho azedo. Remela, xixi, baba – se minha filha fez, eu pego sem problema nenhum. Eu, que sempre fui fresquíssima. Eu, que até ontem tinha ânsia de vômito pra limpar cocô de cachorrinho salsicha. Eu, que jurava de pés juntos que nunca iria virar aquele tipo de mãe, que lambe o dedo pra limpar a cara do filho e pega meleca de nariz.

Nem é tanto essa mudança de comportamento que me choca. Afinal, todo mundo vivia me dizendo que ser mãe muda a gente. O que realmente assusta é me dar conta que estou me transformando na minha própria mãe.

3 comentários:

  1. nossa me agora!!
    muito bom,ler tudo que vc escreve vejo agora que eu não sou a unica...

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  2. Puta chuva, céu negro e eu aqui me deliciando com seus textos. Esse por exemplo me fez lembrar de uma coisa que fiz, por instinto e que salvou a vida do meu filho de 13 dias na época, hoje é um lindo e genioso garoto de 3 anos!

    Dei mama, coloquei pra dar o arrotinho básico, deitei ele com o cesto do carrinho tão inclinado (medrosa e neurórtica que eu era) que o moleque poderia ficar todo encolhidinho no fim do cestinho...
    Enfim, fui tomar banho para irmos ao pediatra para a sua primeira consulta. De repente minha mãe entra correndo no banheiro com o meu bebê nos braços, roxo, sem repsirar, fazendo um barulho estranhíssimo, entrei em choque, o pavor de vê-lo daquele jeito tomou conta de mim e sem nunca na vida ter escutado coisa assim, meti a boca na cara do menino, sim a boca e o nariz dele dentro da minha boca e chupei com gosto! Não senti gosto de nada, não tive nehuma reação de nojo, aliás, nem pensando eu estava, simplesmente agi! Saiu uma gosma danada de dentro dele... enquanto ele começava a reagir, liguei pro 190, nessas horas, quem é que sabe o número certo? Enquanto um pm ficou comigo na linha, eles mandaram uma ambulância direto pra minha casa, demorou exatos 7 ou 5 minutos, não lembro, pra mim? Anos se passaram enquanto eu chorava e verificava se precisava dar mais uma chupadinha.
    Algumas horas depois, na cadeira do pediatra, ele me disse: sujeira pós parto não sugada completamente pelo hospital Santa Joana. Fiquei pasma.

    E posso me considerar com orgulho que faço aprte das mães nojentas! rs Filhos são como uma extensão nossa, nós mamães, não vemos a diferença! beijinhos!!!

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  3. lindoooo esse comentário da amiga jacqueline prado.
    Espero poder fazer parte do grupo mães nojentas...
    Amei o post. leiam meu blog também
    aesperadesamuel.blogspot.com
    beijos

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