quinta-feira, 16 de outubro de 2008

:: A minha Garota-Problema 2


Sabe aquela velha estratégia do "Vou puxar no três, tá? Um... VUPT!". Pois foi isso que aconteceu na escolinha hoje. Armaram todo o circo pra nossa reunião de amanhã, e o chute na bundinha da Alice foi hoje mesmo, ó céus.

Cheguei para buscá-la depois de mais um dia de choro e fui recebida pela comitiva toda: a educadora, a diretora e a intérprete portuguesa. Só pude concluir que elas devem achar a Alice tão insuportável que não aguentariam nem mais um dia.

Eu concordo com você, Renatinha. Acho que talvez seja o caso de chorar mesmo, porque claro que as crianças são espertas e claro que Alice sacou que quanto mais chorava mais rápido eu aparecia para resgatá-la. Eu até já tinha esse discurso na ponta da língua (e em francês, merci!), mas não adiantou. Na verdade, acabei entendendo e concordando com tudo o que elas disseram. 

Negócio é o seguinte: Alice de repente se viu em um país estranho, numa casa nova, ouvindo uma língua diferente e rodeada de pessoas que não conhece. Então ela grudou na única coisa que lhe sobrou de familiar e querida - a mamãe aqui (e o papai também, claro, mas ele passa grande parte do dia fora). Parece que isso é normal, a adaptação de crianças estrangeiras costuma ser mais longa e difícil. Mas no caso da Alice, não rolou. Pelo jeito, ela precisa de mais um tempo aqui pra ficar mais segura e afrouxar o grude comigo. 

Perguntei se não era o caso de deixar chorar pra ver o que acontecia, e elas me explicaram que deixaram no começo - e por isso os primeiros dias foram mais "longos" - mas não adiantou. Não era o tal choro picareta e sem lágrimas (conheço bem esse...), era um choro sentido, triste mesmo. O fato é que ela estava sofrendo o tempo todo em que era obrigada a estar ali (minha filhinha! SOFRENDO! Óbvio que nesse ponto quem estava sofrendo e quase chorando era eu). Então ela passava o tempo inteiro no colo das professoras pra ficar um pouco mais calma, e mesmo assim continuava chorosa e carente. E mais: mudava imediatamente quando eu chegava, ficando simpática e distribuindo beijos e tchauzinhos - mas só depois de devidamente pendurada no meu pescoço. E, na boa, essa é a Alice de sempre. Ela é sorridente e tranqüila, nunca deu esse tipo de trabalho, quem conhece sabe. Desde que chegamos em Paris ela está mais difícil e mau-humorada, isso já estava bem claro pra mim até antes desse episódio todo da escola. 

Entendi que ela não está mesmo preparada pra enfrentar a escolinha agora, com tantas outras mudanças acontecendo na sua pequena vidinha. Conclusão: vamos esperar um pouco, e tentaremos de novo em dezembro. A vaga dela está garantida, não preciso me preocupar quanto a isso. 

Então é isso. Até dezembro, é nóis, eu e ela, ela e eu. Pra mim não é o ideal, porque eu acabo perdendo um pouco a autonomia pra fazer as minhas coisas e as da casa, e pra sair por aí conhecendo Paris (coisa que inacreditavelmente não consegui ainda, com quase 2 meses aqui). E eu acho que tô naquele momento de precisar de um pouco de espaço e de uma folga da rotina de bebê (ai, a culpa cristã... eu quase deleto isso aqui, pra não admitir que queria uma folguinha da função. Mãe é tudo louca mesmo!). Mas entendo que pra ela a coisa tá bem mais dificil do que pra mim, e vai ser com muita alegria que eu vou passar mais esse tempinho colada nela e rolando pelo nosso tapetão felpudo até ela enjoar de mim e implorar pra voltar pra escola, onde as tias não agarram nem apertam tanto.


(E o momento Pollyanna Moça do dia é: não tem mais escolinha? Que ótimo, agora a Alice pode cintilar à vontade com seus lindos brincos que ninguém vai encher o saco!)

24 comentários:

  1. NAO ACREDITAMOS QUE ELA FOI CONVIDADA A SE RETIRAR BZ !!!!! HAHAHAHAHHAH ! ESTAMOS CHOCADAS !!! AZAR DOS FRANCEZINHOS QUE PERDERÃO A COMPANHIA DELA !!!
    E ELA TA A COISA MAIS LIIIIIIIIIIINDA DESSE MUNDO !!!! AS FOTOS TAO DEMAIS ! ESTAMOS LOOOOUCAS PARA VE-LA (e claro vcs tambem ).
    SAUDADES , SAUDADES !
    Beijos luiza e deborah

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  2. amore, sabe que eu me comovi com essa historia. ontem estava te escrevendo um comentario, mas desisti. achei mto pessoal. fiquei com vontade de faze-lo de novo. mas vou segurar a onda. merece uma longa conversa no skype. quais são as diferenças, mesmo? durante a semana, acho impossível. mas no find, podemos tentar, não?

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  3. Ahh BZ que peninha! Já me candidatei uma vez e me candidato de novo: babá da Alice! Leva ela para passear com vc BZ! Aproveita que não tá um gelo ainda... também quero ver se te encontro no skype um dia desses, porque outro dia no gmail vc me ignorou!!! Absurdo!!! beijo!

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  4. Ai, Mari!

    VC super me convenceu de tudo. Qdo te dei as dicas esqueci que tudo se aplicava pras crianças que nasceram aqui mesmo e que estão familiarizadas com tudo e, principalmente, com a língua! É vero que pra Alice é coisa demais pro momento. Imagina só as professoras tentando falar bonitinho pra ela parar de chorar! Na cabecinha dela devia soar como a professora do snoopy: blá blá blá!
    Tenho certeza que vcs vão se divertir demais juntas! E claro, espero que nós tb com mais vídeos e fotos da fofucha.
    E depois, se a coisa apertar demais, pra não se sentir tão culpada do desejo de férias da funcão, vc tem a opção da babá que é interessante já que a Alice continuaria em casa,o que significa "lugar seguro e já conhecido".
    Queria poder tá aí pra te ajudar nessa!
    Mas tô daqui lendo, me interando e palpitando aqui!!!
    Bjo grande
    ps: não sei se já te contei mas, apesar da minha grande habilidade com os pequenos, eu sou na verdade advogada! ahhhhhhhhhhhhhhhhh!

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  5. Bezê, não sei o que te dizer...
    Tô triste... De não poder te ajudar do jeito que eu queria... Nessas horas, tenha certeza que todas as tias aí em cima, assim como eu, gostariam de estar perto de você pra te apoiar. Com certeza revesarimos com prazer para ficar com Alice (e falando português) para que você pudesse tomar um arzinho em Paris.
    Eu tive uma idéia, que pode ser esdrúxula, mas não deixarei de falar: Será que não rola você levar sua mamis pra pertinho de você? Assim ela te ajuda e Alice fica felizona. Eu me coloquei no seu lugar e a primeira coisa que me veio à cabeça foi isso, se eu estivesse passando pelo que você está, gostaria da minha mamã comigo. De qualquer forma, foi só um palpite.
    De novo, concordo com Renatinha. Alice é esperta e sacou que tinha alguma coisa esquisita.
    Bom, estaremos aqui de bizú, acompanhando vocês e torcendo pra tudo dar certo.
    Beijo no coração.

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  6. É isso aí, BZ, tudo tem sua hora. Logo Alice se acostuma com a língua diferente e com o fato de topar com muitas caras estranhas além da da mamãe e do papai, você vai ver!
    Já que não tem jeito mesmo, aproveite para curtir a filhota, devidamente "armada" com seus brincos lindinhos. O que estão esperando para arrasarem com Paris, vocês duas?!
    Besos!

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  7. Xi, eu fui super convidada a me retirar do catecismo. Rá... Mas eu nem era mais rosada e tampouco gorducha...
    Rá.

    Dá mais um tempinho, enfia ela no carrinho e vai sim conhecer Paris, chuchu...

    beijos...
    Olly

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  8. Mari,
    Entendo (muito) a tua necessidade de umas escapas da rotina bebe, e entendo também a culpa, Mãe é tudo louca mesmo. Mas sendo otimista, dezembro ta pertinho e você pode aproveitar pra conhecer Paris junto com a filhota.
    Seria legal que até dezembro você ajudasse a Alice com a adaptação levando ela pra parquinhos (aqui tem biblioteca com espaço pra criança) ou lugares que ela possa ter contato com pessoinhas da idade dela, assim pode ser mais fácil em dezembro ela se acostumar com a “hard” garderie (hehehe)
    Mas se você quiser um descanso, vem passar uns dias em Barcelona, a gente deixa o João e a Alice, um tomando conta do outro e vamos por aí tomar um vinho.

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  9. É, Mariana, de fato os argumentos do pessoal da creche foram bem convincentes, como você mesma sentiu.

    Agora, gata, é se jogar com Alice na rua e abalar Paris (muito melhor que Bangu, diz aí?). E aí faz compra com ela e conversa em francês com vendedores e caixas pra ela ver que mamãe também fala "estranho" e continua sendo a mamãe que ela tanto ama. Sei lá, vai que isso ajuda.

    Beijos nas duas bonitas!

    Mel, fiquei com os olhos cheios d'água com a sua idéia de ter a mãe/vó por perto. Hoje é aniversário da minha mãe e, bom... deixa pra lá...

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  10. Acho que a decisão foi certissima, sabe Mari? Até a gente tem dificuldade de se adaptar né??

    Beijocas! E aproveita ela!!!

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  11. Se a Camilla ficou comovida com a sugestão da Mel de ter a vó por perto, imagina eu que sou a própria!!!!
    E, mais ainda, por NÃO PODER neste momento estar aí com vocês.
    Não sei nem como continuar esse comentário...
    Acho mesmo que quem sai perdendo é a francesada.
    beijos aflitos,

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  12. Mari,

    Tudo tem seu tempo mesmo. E te digo de carteirinha que vai chegar a hora da Alice. Tentei colocar o Theo na escola esse ano e não deu certo. Ele chorava, sofria mesmo. Hoje vejo ele tão feliz em casa que as preocupações foram embora. Acho que ela vai te agradecer muito por te-la respeitado. E fique tranquila! Com dois anos e pouquinho a gente volta naturalmente a ter um tempo só para nós. beijinho

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  13. Mariana,

    Foi muito bom conhecer seu blog, mas me despeço porque eu não tenho coração pra ver certas coisas... Ai, gente, sua mãe é muito fofa (pra dizer o mínimo)... Meu Deus!

    Tá, é mentira! Eu tô viciada...

    Beijos sabor protesto.

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  14. Este comentário foi removido pelo autor.

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  15. Tô bege com essa história das tias da escolinha terem dado o truque e dispensado a foféssima da Alice um dia antes!

    Mas os argumentos foram convincentes, então aproveita bem esses momentos com ela, que afinal tá dando show (vide vídeo no "no scrubs")

    Bjs.

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  16. Ui!
    Que Vó fôfa que Alice tem! Empresta ela pra mim?
    Amei!

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  17. Mari, estou aqui me debulhando em lágrimas... sim, além de nos fazer chorar de rir, vc tb nos faz chorar com um nó na garganta! Eita escritora boa! Estou com muita raiva dos franceses, mas pra falar a verdade acho que a Alice e vc sairam ganhando. Afinal, muito em breve a Alice vai passar uma grande fase da sua vida em escolas... Tudo de bom pra vcs, lindas! bisous bisous, van

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  18. Oi Mariana,

    Meu nome é Rebeca, sou amiga da Renatinha que me indicou seu blog (que eu amo, porque tenho o João que fez um ano nessa semana). Uma grande amiga nossa está morando aí em Paris, estudando. Ela chama Michelle e tem experiência como babá. Se vc precisar caso queira dar ums voltas ou namorar o email dela é michelle_cardoso@hotmail.com.

    Um abraço pra vc e Alice

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  19. Mulherada, amei o apoio moral, obrigadíssima! Realmente, o que nos resta é sair por essa cidade mostrando o que é que a brasileira tem. Não vai sobrar um francesinho pra contar historia depois da passagem retumbante da Alice por aqui!!!

    Rebeca, valeu pelo contato, se eu precisar vou escrever pra sua amiga sim!

    (Ah, e pra quem quiser vir aqui ser babá da Alice, dou casa, comida e roupa lavada! ha!)

    Beijos a todas, Mari

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  20. oi mari

    entonces, uma amiga minha do gracinha me disse para eu ler o seu blog, para quem sabe ajudá-la... eu moro aqui em paris e tenho uma pequena, também, que fará dois anos em dezembro. eu nunca tinha escrito aqui antes, mas eu achei melhor dizer alguma coisa depois dessa história da halte garderie...

    eu acho que as tias lá tinham razão. você e ela estavam sofrendo, uma mudança muito dura, depois, uma separação, em suma. é duro ter que ouvir que a pequena está sendo convidada a se retirar, mas é temporário.

    o lado bom é que na frança a criança pertence à sociedade, e não só à família. você pode conhecer paris com ela! aqui não é são paulo. não tem por que ter medo, as calçadas funcionam com o carrinho, tudo é perto. a gente leva a nossa a tudo quanto é canto, de ônibus, de metrô, tudo quanto é museu, e ela adora. você não tem que ficar só em cima do tapete, não. o negócio é ir passear, bebê nas costas, e pronto. tem parques em tudo quanto é canto, um melhor que o outro, e todos os lugares são preparados para receber os pimpolhos. vamos aí.

    eu sei que às vezes a gente quer umas férias da vida de pais (e eu dou graças a deus por ter obtido um lugar na creche), mas eu já fiquei tomando conta de bebê sem trabalhar uma época, e não me arrependo, é cansativo mas é uma diversão.

    coragem, moça.

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  21. Victor, eu conheço você! Fez Vera, não? Acho que vc estudou com meu irmão (Pedrinho Bara) ou com meu primo (Umberto) -ou seu irmão estudou com o Beto, algo assim...
    e meu marido foi aluno da sua mão na psico da usp!
    Vc é amigo da Nana, né?
    Eta mundico...

    Valeu pelas dicas, vou explorar mais a cidade com a Alice sim. Eu já passeei um pouco com ela, mas nunca tive coragem de ir muito longe porque ela cansa rápido e tem ficado um pouco mau-humorada. Mas vou insistir!

    Beijo!

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  22. que medo. você não tem que espalhar por aí pela internet que eu sou hiperultraconhecido... você é a irmã do bara?? mas então você tem 11 anos! não é possível que você tenha um bebê.

    mas então, se você quiser ver fotos de um bebê em tudo quanto é museu, olha aqui : www.flickr.com/photos/stephanieannemarie

    são as fotos de madame tsu.

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  23. IH! MARIANA!!!Isso tudo é muito, muito normal!! Isso tudo: a não adaptação, a culpa de mãe (cristã), a vontade de conhecer paris...
    A gente luta a vida inteira para não ser normal e de repente percebe que o que a gente mais quer é SER NORMAL! ter um sono normal, uma vida normal...
    Relaxa isso tudo é normal! Agora como eu sei disso? de orelhada!!! Não sou mãe e nunca morei em Paris!hahahahhaha AMEI O SEU BLOG!!! O Carlos tinha razão!!! Vc escreve muito bem ( e fora do NORMAL!)
    Vamos manter contato!
    A ALICE É LINDA!!!!!!!!!!!!!
    Beijos
    Flávia Garrafa (lembra de mim, né?)

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  24. Não é fácil mesmo. eu estou querendo colocar minhas meninas na escola agora. Elas estão com 2 anos e 7 meses mas falm pouco e quero ver se com a convivencia com outras crianças ela fala mais. Tambem queria trabalhar, ter mais tempo pra mim. Vamos ver.

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