quinta-feira, 23 de outubro de 2008

:: O dia do teste


Me lembro perfeitamente. Foi dia 6 de janeiro de 2007, às 6 da manhã - um desses plot-points que viram a vida do avesso. Acordei pra um xixi básico, peguei o teste de farmácia e rumei pro banheiro. Sonada e sem óculos, míope de tudo.

 

O teste era um capricho, quase uma brincadeira, que o Carlos sugeriu um dia antes: “faz o teste que no dia seguinte você fica menstruada, aposto.” Isso porque minha TPM vinha se arrastando há mais de uma semana, com peitos inchados e coliquinhas e tudo mais. A menstruação estava atrasada, como sempre – intervalos de 3 ou 4 meses sempre foram normais pra mim por conta de ovários policísticos. Nada de mais. Eu achei a idéia de fazer um teste de gravidez divertida, nunca tinha feito um na vida. Mas eu não estava grávida, tinha certeza. “Eu saberia”, eu disse pro Carlos. “Mulher sente essas coisas, eu vou saber no instante que engravidar, quer apostar?” - ainda bem que não apostamos, eu ia perder dinheiro.

 

Então eu estava lá, tranqüilona, xixizinho rolando. Molhei o palitinho do teste e olhei. A bula dizia pra esperar 3 minutos, mas no que eu olhei o palito já estava coloridão. Rosa-choque. CHOQUE! Fiquei ali olhando abobalhada, tentando entender o que aqueles dois risquinhos significavam. Tá, eu sabia perfeitamente o que significavam, mas na hora é tão surreal que a gente não acredita, e então eu li a bula, e li de novo, e me amaldiçoei por estar sem óculos numa hora dessas, tendo que quase colar o nariz no teste todo xixizado pra enxergar direitinho e ver bem os dois risquinhos e finalmente entender que sim, eu estava grávida, cacilda!

 

Passei uns 2 minutos (que pareceram 20) ensaiando uma cara pra sair do banheiro e comunicar o Carlos que ele ia ser papai. Mas não consegui. Apenas saí do banheiro com uma cara besta e disse, melhor comprar outro teste, acho que fiz xixi no lugar errado, deu xabu, enquanto mostrava pra ele os dois riscos e ele me olhava aparvalhado. Silêncio sepulcral. E aí ele disse, BZ, você tá grávida. E só nessa hora eu acreditei, porque até então ainda achava que tinha alguma coisa errada com o teste. E a gente ficou ali, na cama, os olhos arregalados de susto, sem saber se era pra rir ou pra chorar. 

 

Aí foi aquela novela de ligar pra médico, fazer exame de sangue e esperar horas pela confirmação. Eu lembro de cada detalhe desse dia com precisão absoluta. O resultado do exame de sangue sairia às 16h, e o Carlos iria ver na internet e me ligar – na época eu era barista numa cafeteria, trabalhava nos fins de semana. Às 16h, toca o celular. Era o meu amigo Daniel, e a conversa seguiu assim:

 

- Béza, tô aqui comendo uma feijoada com o Tom, o Luís e Bel e a gente tá falando de você.

- Ah é? Falando o quê? (vontade de gritar: meeeeu, tô grávida!)

- A gente fez uma aposta.

- Sério? (tô grávida, Santi, acredita?? – não falei, mas pensei.)

- Sério. Mas não posso contar o que é...

 

Como se precisasse, Santi bobinho. Eu já sabia. Tinha certeza absoluta. A aposta era: quando a BZ vai aparecer grávida? Porque eu tinha anunciado que ia parar com a pílula e rolou um frisson coletivo, ninguém nunca achou que eu fazia o gênero moça casadoira e família. O Daniel ainda fez um suspensezinho, eu fingi que fiquei curiosa e segurei a vontande louca de sair contando. Até porque faltava a ligação definitiva – o Carlos com o resultado do exame de sangue. Desliguei o telefone achando tudo muito surreal, como assim o povo estava falando de mim, e de gravidez, e eu estava ali completamente grávida sem ninguém saber??? Coisa doida.

 

Pois bem: Carlos ligou depois de 10 minutos e confirmou o que nós já sabíamos, eu estava grávida de 6 semanas, oh god!

 

Foi assim. Um susto colossal. Porque era parte dos planos, mas não achei que aconteceria tão rápido – engravidei exatamente 1 mês depois de parar a pílula. Então os primeiros dias foram assim meio esquisitos, bateu aquela coisa de “estou velha e nada será como antes”, saca? Deu medo, deu tristeza, foi um pouco a marca definitiva de que a minha adolescência-tardia se fora de vez.  Um certo luto pela passagem (tão rápida!) do tempo, um questionamento existencial, por quê?, pra quê? pra onde? e etc. Enfim, essa frescura durou uns 3 dias e então eu virei uma grávida serelepe feliz da vida com a idéia de carregar um feijãozinho na barriga. E dali pra frente, só alegria. E enjôos - porque óbvio que eu precisei saber que estava grávida pra começar a sentir os sintomas todos ("eu saberia", eu disse pro Carlos naquela manhã... HAHAHAHA!)



*Alice doesn't live here anymore*

(agosto/07 - uns 20 dias antes da Alice nascer)



12 comentários:

  1. Ai, chorei.
    Que história "magavilhosa"! Que jeito mais lindo de se saber que está grávida e de se ter amigos!
    Mas mano, faltou você contar como foi pro Carlos. Ele ligou pra você como? Abobalhado? Amedrontado? Ou todo pimpão?
    Adorei! Adorei! Adorei!
    A foto então? Tá um encanto! E que forma hein BEzÊ? Tá maior magrinha e só a barriguinha. Parecendo um caçote (sapinho barrigudinho que tem lá em Minas).
    Fôfa sua história! AMEI!

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  2. Camila: vale dizer que metade dessas bochechas da foto vieram de brinde na gravidez, e já se foram também... mas eu adorava. adorei TUDO da gravidez.
    Amei o blog da sua amiga no Canadá! Tá linkado e tudo - só tô devendo mandar um recadinho pra ela elogiando.

    Mel: o Carlos ficou "todas as alternativas anteriores", e muito mais. É uma noticia muito doida, e as reações são tão doidas quanto.
    E pouco elogios me foram tão tocantes na vida quanto "tá parecendo um sapinho barrigudo". Tks ;)
    (Um dia te mostro uma foto da Alice recém-nascida, e aí vc vai ver o que é sapinho barrigudo...)

    beijos pras duas!

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  3. Hahaha!
    Marisbela, o caçote é o sapinho mais bonitinho que há! Parece sapinho de desenho animado (geralmente aqueles que têm cartola e bastão na mão e que são muito serelepes) sabe? Têm braços e pernas longos e magrinhos, a barriginha proeminente e cara feliz de muito arteiros e fanfarrões! Ah! Eles costumam olhar de soslaio que nem você também! Adoro!
    Beijo grande querida!

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  4. Eu também fiz o teste por "desencargo" de consciencia...tinha certeza que tb sentiria qdo estivesse gravida...Mas...o que aconteceu é que passei o dia no Hopi Hari me divertindo horrores..mostrando para o maridão: " - olha na placa diz que gravida não pode ir."...e riamos!! Na volta bateu um aperto..e fiz o teste..PRONTO..dois risquinhos e uma mãe ultra preocupada por ter levado a sua "azeitona" para um passeio tão radical!!!
    Da uma saudade dessa sensações e todas as outras que vem!!! Uma saudade ENORME da barriga...(proporcional ao tamanho)
    Beijinhos...de uma mamãe tb saudosa dessas sensações!!!

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  5. que linda essa historinha! Acho que todo mundo lemrba exatamente como foi o dia da "descoberta', né?
    E vc não engordou nadinha, né?? 20 dias antes de ela nascer e vc assim magrinha...que máximo!
    beijoca

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  6. Sabia que você ia gostar, Mari! Mas Keiko não é minha amiga, não. É mais uma (ó você no meio também) blogueira que eu adoro e me viciou!

    E ela une duas coisas nas quais estou investindo pro futuro: gravidez e Canadá! ;o)

    Beijos!

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  7. Já estive qui te visitando outro dia e a cada nova visita fico mais encantada! Eu também engravidei rápido e sei bem como é esse susto maravilhoso.. Meu bebê tem 6 meses e através de seus posts estou podendo não só relembrar alguns momentos da vida dele, como também aguardar ansiosa a chegada das novas descobertas (como as que a sua filha anda fazendo). PARABÉNS, tô virando sua fã!

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  8. linda!
    eu também engravidei 1 mês depois de parar a pílula.
    um dia conto a minha história.
    beijos

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  9. BZ, li sua matéria estando na TPM, quase chorei com seu relato e visualizei cada segundo. Não sou do tipo que um dia vai ser mãe, mas lendo sua historia até que dá uma vontadinha de mudar de idéia.
    Parabéns
    Adorei
    PS: Achei seu blog no cadastro de clientes aqui da GIovanna Moretto, sou a nova vendedora aqui da loja. Aparece hora dessas.
    Beijos

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  10. Beza,

    Emocionante. Fiquei tocado em lembrar o dia, menina! Você e o Carlos e a Alice seguem dando exemplo de família bonita. Vontade de fazer um blog também!

    Beijos,

    O santi da história...

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