segunda-feira, 3 de novembro de 2008

:: Medinho inconfesso 2


Continuando o post abaixo (após uma pausa dramática picareta): o papo não terminou ali, claro. A conversa seguiu tranquilizadora. Doutor me explicou que faz-se uma lavagenzinha básica pra evitar acidentes, e assunto resolvido. E ainda disse que, de qualquer maneira, na hora isso não tem a menor importância. Como assim, doutor??? Como não tem importância eu fazer cocô na frente do meu marido - e da filmadora do meu marido - num momento sublime como esse? Corta clima total, não pode. Vamos caprichar nessa lavagem, ok?

Então, no dia do parto, rolou a tal lavagem - que na verdade é um supositório laxante que dá uma descarregada geral, a gente fica limpinha e pronta pra ir à luta, sem medo de expelir nada além do nosso bebê fofinho. Só que o meu parto acabou sendo meio rápido e o laxante não tinha acabado de cumprir sua função. Digamos que 90% do assunto estava resolvido, mas os 10% restantes deram as caras naquele empurra-empurra todo. Na frente do Carlos, da câmera e de quem mais quisesse ver, a sala do parto estava uma verdadeira festa. Céus! Meu pesadelo escatológico se concretizou!

E, quer saber? Caguei, literalmente (dúvida: posso falar palavrão nesse blog?). Doutor tinha razão: realmente, não fez A MENOR DIFERENÇA. Juro. Na hora é só um detalhe, tão pequeno e tão bobo perto de tudo que está acontecendo que a gente mal se dá conta - até porque as enfermeiras ficam ali de butuca e dão sumiço na prova do crime rapidinho. Acho que meu marido, que estava na sala o tempo todo, nem ficou sabendo do ocorrido (vai saber agora, oh god!). E o vídeo do parto não dá bandeira nenhuma. A verdade é que se eu não estivesse, nesse exato momento, lançando no infinito universo on-line que eu fiz cocô no parto, ninguém ficaria sabendo. Haha.

Pois eu fiz - pronto, falei. E tô aqui, toda pomposa. Alice tá aqui, toda linda. Meu marido continua me amando, e meu médico continua me aceitando como paciente, e tá tudo muito bem. Passei pela experiênca que julgava ser a mais desmoralizante possível em uma vida humana e a conseqüência foi zero. 


Acho que a moral da história é que depois de virar mãe a gente relativiza a importância das coisas e o nosso limite do que é moralmente aceitável fica muito mais flexível. Ser mãe te joga imediatamente num patamar superior, divino e acima do bem e do mal, em que esse tipo de preocupação vira uma futilidade pequena e mundana. Resumindo: mãe pode. 

Ou:

Ser mãe te joga, sem pára-quedas, no universo das nojeiras, num mundo de cocô e baba e regurgitos que vêm sem aviso nas horas e locais mais inapropriados, de modo que fazer cocô no parto é apenas um pequeno ritual de boas vindas que diz: olá, agora você é mamãe, bem vinda, e trate já de limpar essa sujeira!



Escolham a linha filosófica que mais lhes aprouver.


 

15 comentários:

  1. hahahahahahha! adorei! ser mãe é ser escatológica.

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  2. Olha, se algum dia eu engravidar, juro que a primeira coisa que vai passar pela minha cabeça quando eu receber o resultado positivo do teste é: tenho que treinar meus intestinos! 9 meses para domar as tripas a fim de que elas se comportem no grande dia. PorDeos!

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  3. Hahahahahahah! Amei Mari! Falei da minha cunhada... Acontece né? É sempre mais uma história pra contar...

    Beijooooo

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  4. Juro, precisava comentar isso.
    Filha de médica que sou, sempre pensei nisso vendo novelas e filmes em que as mães têm partos normais. SEMPRE perguntei pra minha mãe se isso rolava - número 1 e 2 - na hora de fazer força pra o bebê nascer e nunca entendi muito bem a resposta de Mamis. Pensei a vida toda que isso devia ser a pior vergonha do mundo - pior que roubar e não poder carregar - e sempre pensei: desencana, faço cesárea! haahahha
    Me aliviou saber que nem por isso as pessoas morrem ou se separam do maridos ou - no pior dos casos - sentem vergonha interna pro resto da vida!
    Ótimo post!!!!!!!!

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  5. Mari,

    Quando minha irmã nasceu, eu era apenas um ser inocente de 4 aninhos de idade, que nada entendia das maldades desse mundo. No entanto, me lembro de ter bem guardadinha na minha memória a imagem do banheiro do quarto onde minha mãe recém-parida estava com os azulejos todos sujos de cocô (imagem linda!).

    Ciumenta como fiquei, achava que era a "cagona" da minha irmã, mas justiça seja feita: SÓ PODE TER SIDO MINHA MÃE, né, gente? Alguém duvida?

    Vou aqui ligar pra ela, licença. Desvendar esse mistério escatológico! Já se passaram 27 anos do acontecido, mas essas coisas a gente não esquece. heheheheh

    Mel, tô contigo! Meus pesadelos não vão ser se meu filho vai nascer com duas cabeças, 7 braços, mas se eu vou sair explodindo pra todo lado na hora do parto. ahahha

    Beijos, meninas!

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  6. Eu fiz xixi na mesa do parto!!!! O pior é que nem senti... foram as enfermeiras que me avisaram. Mico total!!!!

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  7. hahahah. Adorei! E pior é que é assim mesmo....rs!

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  8. Mari,
    sou tão facinada com o assunto maternidade que já sabia dessas coisas, tristes coisas! Mas o negócio é que a gente tá lá é pra botar o rebento no mundo e o resto, inclusive nós, acabamos sendo meros detalhes!

    Mudando um pouquinho de assunto, não sei se vc lê sempre meu blog mas coloquei uma foto lá e uma mensagem pra vc! Ixi, agora vc vai ter que ir lá ver!

    Bjoca

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  9. Olá, descobri teu blog, no Astronauta, to gravida de 4 meses e até agora não tinha pensado nesse assunto... hehehehe...

    Mas o que é um cocozinho diante de um acontecimento tão importante??

    Dá licença que vou continuar fuçando um pouco por aqui.

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  10. BZ,

    estava eu hoje de saco cheio do mundo, tinha tido enxaqueca a noite, não fui trabalhar para ver se descansava um pouco, não consegui dormir durante o dia por conta da obra insuportável que tem na frente do meu prédio, tive que ler um monte de textos chatos para a matéria que estou fazendo na Poli, ir no raio da aula de um professor mala, enfim, estava chutando a sombra como diria o meu pai. Chego na casa dos meus pais, porque tenho que ficar aqui até as 8 da noite por conta do rozido, e vou fazer uma hora no computador. Pensei, vou lá no Blog da BZ ver se tem alguma novidade. Eis que me deparo com mais um dos seus textos imperdíveis, me matei de rir, e sou outra pessoa nesse momento! Tá vendo! Vc não precisa escrever coisas megas filosóficas para ser boa escritora, só de fazer os outros mais felizes já vale o mérito de escrever! Continua escrevendo sempre que a gente adora!

    E acho muito que vc devia escutar mais a sua mãe e virar escritora logo de uma vez! A gente ia agredecer né Dinha?!

    Beijos, Gugui.

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  11. Querida, hilario seu texto! E amedrontador tb... rsrsrs... beijos!!!!!!! van

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  12. Ah! Minha mãe desconversava totalmente. E eu que era uma criança insuportavelmente perguntadora - acho que por isso virei jornalista - não me contentava! Ela dizia prá mim assim: "Filha, não tem importância isso, não acontece nada de mais...A mulher faz força e sai o bebêzinho".
    Pensando bem a resposta dela era boa. Afinal, por que cargas ficar explicando isso prá uma criança que tem tanta coisa melhor prá saber/aprender, né?

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  13. Meu Deus!!! Vc é genial nos seus textos...
    Não consigo parar de rir, tô com cãimbra na barriga!!! hahahahaha
    Infelizmente não consegui passar por esse momento, pq fui "obrigada" a fazer uma cesárea (fui para a sala de cirugia chorando horrores), mas esse com certeza era o maior dos meus medos...

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  14. Adorei o texto! Acho que já passou da hora de pararmos de ter tanto tabu com cocô. Gente, parir é se render ao seu lado animalesco, de fêmea mamífera, que quase lambe a cria depois de parir (aliás, com aquele cheirinho delicioso que eles têm quando nascem, dá vontade mesmo!)
    Não pode travar por um detalhe tão pequeno. Vai ter fluidos... sangue, xixi, cocô, suor, baba... E tudo bem, a gente é feito disso também. :-)

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