segunda-feira, 29 de setembro de 2008

:: Brincos



Alice precisou tirar os brincos para ir à escola.

 

E aí eu notei que as menininhas francesas não usam brincos. E mais: recebo uns olhares estranhos por conta dos brincos da Alice. Reprovadores. Devem me achar uma selvagem por ter mutilado minha filha tão pequenininha.

 

Foi uma questão, na época. Furar ou não furar. Um lado meu morria de dó, mas outro tinha certeza que ela me agradeceria por isso mais tarde. Porque eu saí da maternidade de brinco, e sempre agradeci loucamente à minha mãe por isso. Lembro de amigas que não tinham as orelhas furadas e era sempre uma crise quando elas decidiam furar, sempre batia uma ansiedade, medo, era um sofrimento. E eu pensava: ufa!, que bom que já vim furada de fábrica (recém-nascido ainda tem um pezinho na fábrica...). Pra mim, muito mais cruel do que furar uma bebezica inconsciente e molinha era fazer uma menina de, sei lá, 7 ou 8 anos, tomar a decisão de ir na farmácia pra alguém atravessar sua pele com uma agulha grossa, e duas vezes. Pois era justamente esse o argumento do Carlos para não furar: vamos deixar ela tomar a decisão quando for a hora, e encarar, lidar com o medo. Faz parte do crescimento. Putz, verdade. Meu marido é um cara muito bacana e cheio de colocações pertinentes. Mas a mãe sou eu e mãe manda mais nessas horas. Eu ainda achava que furar agora seria evitar um sofrimento futuro maior, e o que é ser mãe senão querer adiar o crescimento evitar o sofrimento da prole? 

 

Quando Alice fez um mês, chamamos uma enfermeira que veio em casa botar os brincos. Fiquei tensíssima, confesso. Culpada. Com vontade de chorar, de me trancar no quarto pra não ver. Mas segurei a onda e fiquei ali, pra dar o apoio moral que minha filha iria precisar depois de ser cruelmente brutalizada por conta de um capricho babaca da mãe. Então a moça furou uma orelha, depois outra, e nada aconteceu. Alice não acordou, simples assim. Estava dormindo e dormindo permaneceu - mas agora lindinha com seus brinquinhos novos, presente do biso. (O nome do milagre? Pomada EMLA, anestésica, uma hora antes. Um luxo!) 

 

Desde então, ela nunca tomou conhecimento dos tais brincos. Não puxou, não coçou, não reclamou. E eu, aliviada, achei que furar foi a decisão certa pra gente. 

 


Mas eis que vem a escola e me faz tirar os brincos (razões de segurança, pelo que entendi). E cá estou, depois do perrengue todo, morrendo de medo dos furos fecharem e Alice, aos 8 anos de idade, ter que sofrer com a decisão de (re)furar as orelhas. Agora me diz: existe justiça no mundo? 



 

(Existe. Pro pai.)





9 comentários:

  1. oi mari, eu não furei as orelhas da maria, principalmente porque faço acunpuntura e existem muitos pontos na orelha que não podem ser furados... o brinco ta aqui, presente da avó, de pérola e tal, mas não vou furar por enquanto...
    a alice está linda demais... e vcs estão se divertindo um monte não?

    me manda um postal vai!!!
    beijos
    ***

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  2. Mando, claro! Me manda seu endereço por email (tá ali no perfil...)

    Beijos pra vc e pra fofa da Maria!

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  3. Ah... que sacanagem...
    Eu tive minhas orelhas furadas na maternidade também. E tal e qual a Alice, dormindo eu estava e dormindo eu fiquei quando me fizeram valer a vaidade. Mamãe conta que eu parecia uma princesa (hohoho!) dormindo e de rubis nas "orebas" (presente de vovó materna). E eu sempre fui tarada por brincos. E anéis.
    Eu gostava tanto de brincos que aos 19 anos resolvi fazer mais dois furinhos nas orelhas. Foi punk decidir, mas em prol da belezice, eu optei e hj tenho dois furecos em cada "zoreba", super simpáticos.
    Posso dar uma sugestão? Tire os brinquinhos só quando a pequerrucha for pra escolinha. O resto dos outros dias (finais de semana e o tempo que ela passar com você), deixe ela com os brincos. Garanto que assim, os furinhos não vão fechar! Isso vai lhe custar ter que criar a rotina dos brincos, mas com o tempo você se acostuma. Eu entendo seu medo. Acho que assim, mantendo os furinhos abastecidos, eles não vão cicatrizar. E como os brincos são de qualidade, é menor ainda o risco de inflamar.
    Beijo enorme!

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  4. Que saco isso dos brincos!
    Mas acho que o revezamento sugerido pela Mel, vai resolver.
    Bjs.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Querida, pensa pelo lado bom (pra quem, não sei): com uns 14 aninhos, 2 furos não iriam bastar. Ela vai querer mais um de cada lado, pelo menos. Então, quem faz 2, faz 4.
    Beijos.

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  7. BZ!!! Ai que saudades de vocês!!! Quantas fotos fofas da Alice!!! Bom, nem preciso dizer que me identifiquei super com a história dos furos da orelha... não se preocupe, com uns 15 anos ela toma coragem e fura de novo!

    Beijo! Gugui

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  8. Usa fora da escolinha que não fecha, não!

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  9. Eu sei que sou muito chata, mas tenho horror destas "castas culturais" nossa cultura acha bonitinho colocar brinco, parece quase uma obrigação a pobre da criança ser furada,a criança deveria ter o direito de fazê-lo quando adquirir discernimento, e além de tudo isso, conforme o pediatra da minha bebê, os furos são mais uma porta para virus e bactérias.

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