:: A polêmica da vacina

Tá difícil, né?

De um lado os médicos, ministério da saúde e mídia oficial dizem que tem que tomar.

De outro pipocam na internet informações assustadoras sobre todo exagero acerca da H1N1 e possíveis efeitos maléficos da vacina, e uma proposta de boicote geral à campanha de vacinação.

E no meio estamos nós, sem saber em quem acreditar e sem ferramentas (conhecimento científico, fontes confiáveis, etc.) pra decidir o que fazer. 

Ó céus.

Pelo que tenho recebido, os dados contrários à vacinação estão mais ou menos organizados aqui:

Opinião de profissionais altamente qualificados sobre o vírus H1N1 e a vacina

Eles tratam de duas questões básicas:

1. Houve uma reação exagerada motivada por interesses econômicos de grandes laboratórios. A gripe não é tão grave quanto parece, e nem é uma pandemia (parece que o conceito de "pandemia" foi alterado pra incluir a H1N1, mas não seria o caso, já que a mortalidade dela não é tão alta - tô simplificando, ok?, leiam os artigos pra saber mais.)

2. A vacina não foi suficientemente testada, pode ter efeitos colaterais graves, contém um bocado de substâncias maléficas, ninguém sabe se é segura, etc.

Quanto ao primeiro item, eu acredito. Claro tem gente faturando alto com a vacinação massiva, e talvez ela não seja mesmo necessária e esse circo todo em torno da gripe seja um exagero. Mas a essa altura do campeonato isso não importa tanto, porque o fato é que existe uma vacina, ela já foi comprada, então quem tinha que lucrar já lucrou. Na prática, a vacina tá aí, a nossa disposição.

O segundo ponto é o que me pega. A segurança da dita cuja. Eu leio, leio, leio e continuo sem saber o que pensar sobre o assunto. Primeiro porque tudo é especulação e ninguém provou picas. Segundo porque nem tudo tem fontes que me soam confiáveis. Não li pesquisas científicas, resultados, estatísticas, e sim um monte de "Dr. Fulano disse que APARENTEMENTE pode acontecer isso e aquilo". Até achei que as pessoas entrevistadas são sérias e genuinamente preocupadas com a questão, mas nada é conclusivo. Uma coisa que notei, por exemplo, é que muitas matéria citam casos de pessoas que adoeceram após serem vacinadas. Mas não vi ninguém afirmar categoricamente que as duas coisas estão relacionadas. Duas ocorrências acontecerem ao mesmo tempo nem sempre significa que uma levou a outra, mas num caso como esse a tendência é atribuir à vacina qualquer coisa que venha a ocorrer. Pra ficar mais claro, vou dar um exemplo hipotético: grávidas estão sendo vacinadas. Existe uma taxa de uns 10% de abortos espontâneos, certo? Agora, se uma mulher tomar a vacina hoje e abortar amanhã ela provavelmente vai culpar a vacina - mesmo que entre todas as grávidas vacinadas a taxa de 10% permaneça inalterada (o que esperamos muito que aconteça!). Sacaram? Pois então, me pareceu que é assim que a relação entre vacina e reações está sendo feita, pra mim essa relação é muito frágil pra definir que a vacina é perigosa - mas eu não sou médica nem entendo nada sobre o assunto, digo apenas como leitora que tem uma certa desconfiança de coisas que lê na internet, principalmente se elas estão compiladas num site que conclui a questão com um não se deixe manipular pelo telejornal da Globo e pelo governo, e blá-blá-blá. (Juro que sempre que "a TV Globo" aparece do nada no meio de uma discussão pra representar Todo O Mal Do Mundo me dá uma preguiça louca, porque né?, vamos manter o foco.)

Estou aqui fazendo a crítica sobre a forma como as informações são apresentadas, mas isso não tira a minha preocupação com o conteúdo. Me preocupo sim com os possíveis efeitos da vacina, com o que pode não estar sendo divulgado sobre eles, com a fato de que no fundo a gente não sabe a verdade dessa história. Eu não sei, realmente, o que pensar. Estou naquele momento socrático da vida: só sei que nada sei.

Mas uma decisão está sendo cobrada de mim: tomar ou não a vacina. 

Eu vou tomar sim. Primeiro, porque TODOS os médicos com quem falei me disseram para tomar. Ok, vai ter quem diga que médicos são parte do sistema podre, do esquema sujo, das armações com laboratórios, governo, mídia, tv Globo, etc. Mas são médicos nos quais eu confio e que conhecem a questão melhor do que eu.

Segundo: a gripe existe. A chance de eu morrer dela é mínima, mas existe. Já as reações à vacina TALVEZ existam. E mesmo se existirem, a chance de eu morrer (ou ter complicacões, enfim) delas também é mínima, provavelmente menor do que a de morrer de gripe - porque convenhamos que laboratórios, interesses econômicos escusos, governo, tv Globo e toda a "turma do mal" não iam arriscar o próprio pescoço com algo cuja chance de dar pepino seja grande, de modo que as tais reações, se existirem, devem ser raras. Então, fazendo a matemática da situação, ainda me parece mais seguro tomar a vacina do que não tomar. Na minha situação - na metade de uma gestação, e com uma filha na escola que traz vírus pra casa todos os dias - eu tenho mais medo da gripe do que de um suposto efeito colateral da vacina. Então pronto, minha decisão é essa.

Agora, absolutamente tudo o que foi dito aqui é achismo meu. Dadas as circunstâncias, eu só posso achar mesmo, não posso saber nada. Mas tentei me informar como foi possível e analisar a situação de forma crítica em vez de acreditar na primeira coisa que me foi dita, pra um lado ou pro outro. Porque informação (e, principalmente, filtro de informação) é a única arma que a gente tem numa hora dessas.

(Ah, e sobre o post de ontem: não faço a menor idéia do que o tal adjuvante pode fazer com uma grávida, meninas... nem fui atrás de explicação porque provavelmente seria muita informação pra minha cabecinha leiga, mas acreditei na titia e pronto. Alguém sabe?)