:: Sobre textos e contextos

Escolas são muito boas em pegar uma frase de efeito qualquer e transformar em mantra, que a gurizada repete ad infinitum quando chega em casa. Em geral são coisas fofas e educativas como "jogar lixo no chão é falta de educação", "eu não gostei do que você fez" (com os dedinhos em riste!), "agora a boquinha vai fechar, zupt!" (com o movimento "zíper na boca", na hora que é pra fazer silêncio porque outra pessoa está falando), ou o indefectível "pessoal, vem sentar na roda!", um clássico das escolas infantis que não faz lá muito sentido quando é repetido em casa mas é sempre muito bonitinho.

O mantra da vez, lá na escola e aqui em casa, é "cada um tem o seu jeito". E eu acho comovente. É uma celebração da diversidade, uma lição de tolerância e respeito às diferenças. As pessoas não são iguais, cada um tem o seu jeito, ué! Não é lindo isso? O tipo de coisa que acho importante ensinar para as crianças desde cedo. 

Mas aí vem Alice, toda malandrona, e picareteia a frase em proveito próprio. 

Cada um tem o seu jeito, mamãe!, ela me diz, muito séria, no meio de uma bronca, quando eu digo que ela está muito desobediente.

Descontextualização oportunista, a gente se vê por aqui...